As eleições deste ano para a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) tiveram 1.622 candidatos na disputa pelas 70 vagas no parlamento fluminense. Entre os deputados estaduais eleitos no último dia 2, com ligações diretas ou próximas com o município de Campos dos Goytacazes, estão Rodrigo Bacellar (PL), Bruno Dauaire (União Brasil), Carla Machado (PT), Thiago Rangel (Podemos) e Marina do MST (PT). Com exceção de Bacellar e Dauaire, que conquistaram o segundo mandato ao se reelegerem, os outros três fazem parte de uma renovação na Alerj que chegou a 45,7% neste pleito. São 32 novos deputados que exercerão mandato a partir de 2023.
Em todo o Estado do Rio de Janeiro, o deputado Rodrigo Bacellar conseguiu se reeleger com 97.822 votos. Já Bruno Dauaire, foi reeleito com 68.455 votos. Marina do MST alcançou 46.422 votos, Carla Machado obteve 34.658; e Thiago Rangel, 31.175. Os cinco futuros representantes na Alerj tiveram expressivos votos dos eleitores de Campos. Dauaire conseguiu 47.542 votos (18,40%); Bacellar ficou com 27.407 (10,61%); Carla alcançou 17.936 (6,94%); Marina teve 1.364 votos dos campistas (0,53%); e Thiago, 20.575 votos (7,96%). Estes parlamentares são considerados fundamentais para defender os interesses da região Norte Fluminense na Assembleia Legislativa. No passado recente, Campos contou com nomes de destaque na Alerj, como Anthony Garotinho, Fernando Leite, Roberto Henriques, Geraldo Pudim, João Peixoto, Gil Vianna e Clarissa Garotinho.
O deputado reeleito Rodrigo Bacellar voltou ao cargo de secretário de Governo na última sexta-feira (7). Ele foi considerado um nome de peso e influência na gestão do governador Cláudio Castro (PL) que, também, conseguiu se reeleger no primeiro turno. “Vejo que muito desse reconhecimento foi pelo fato de ter sido um mandato com ações efetivas, sem ficar contando história. Não fizemos um mandato dentro de gabinete. Andamos por todo o Estado, ouvimos demandas e conseguimos transformar muitos anseios em ações. No caso específico do interior, trabalhamos muito. Levamos o Segurança Presente para Campos, Detran em Guarus, obras em vários bairros, melhorias em estradas e a retomada das obras da Ponte da Integração, que estive por diversas vezes no TCE para ajudar a destravar questões burocráticas. Entre outras ações, graças à sensibilidade e olhar do nosso governador Cláudio Castro” disse Bacellar.
Bruno Dauaire se diz realizado com a reeleição. Ele também atuou no governo estadual à frente da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos:
“A minha votação foi um reconhecimento da população pelo trabalho que realizei no Executivo e como parlamentar. Fizemos uma campanha prestando contas nos bairros e municípios, e ela foi bem entendida no Estado inteiro. Apresentamos nossas propostas, mas também mostramos que fizemos muito pela população. E acredito que essa enorme votação, principalmente em Campos, onde recebi 47.542 votos e me tornei o deputado estadual mais votado da história do município, seja um reconhecimento da população ao trabalho em parceria comigo, do meu irmão, amigo e prefeito Wladimir Garotinho e do governador Cláudio Castro. Sem esquecer de diversas outras cidades onde também ficamos bem colocados, como em São João da Barra, em que fui o segundo mais votado”.
Primeiro mandato
Carla Machado é uma mulher com muita experiência política. Ela foi vereadora duas vezes e prefeita de São João da Barra por quatro mandatos. Este ano, decidiu renunciar ao governo municipal para tentar se eleger deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores. Nascida em Campos, ela comemorou a vitória para a Alerj. Em suas redes sociais, agradeceu a todos os eleitores e adiantou sobre temas que pretende defender na Assembleia Legislativa:
“Eu sou professora. Não posso deixar de falar da Educação. Vejo a Educação como a oportunidade de transformação do ser humano. Eu consegui levar um campus do IFF para São João da Barra, junto ao Ministério da Educação, mesmo a cidade não tendo a população de 100 mil habitantes como é previsto para a criação de um campus do instituto federal. Quero discutir na Alerj projetos sociais e melhorias no transporte público. Em São João da Barra, por exemplo, consegui implantar o transporte gratuito. A questão da miséria e da fome é muito preocupante. A gente vê isso com frequência em Campos e em outras cidades, além da má distribuição de renda no Estado. Precisamos buscar gerar empregos e desenvolvimento”, disse a deputada eleita.
Outro novato na Alerj, a partir de 2023, é o vereador campista Thiago Rangel. Estreou na política nas eleições municipais de 2020. Ele comemora a conquista de uma vaga na Assembleia do Rio.
“Avalio de maneira positiva esta vitória. Saímos muito fortalecidos, com votação expressiva em Campos e também fora da cidade, principalmente em municípios vizinhos. Sou vereador de primeiro mandato, e nos primeiros 18 meses mostrei que não estou no cargo para benefício pessoal. Tenho certeza de que isso influenciou no resultado. O meu mandato até aqui olhou para todos os setores e classes sociais, prova disso é que fui o autor do projeto de auxílio emergencial municipal, que veio a se tornar o Cartão Goitacá, e que beneficia milhares de famílias em vulnerabilidade. Votei contra o aumento de impostos, defendendo a classe produtiva e mantendo empregos na cidade. Doei metade do meu salário em cestas básicas durante a pandemia, e pude ajudar centenas de famílias através do meu mandato. Tenho uma carreira empresarial de sucesso, e entrei para a política para fazer o que é certo e representar a população. Isso refletiu na escolha dos eleitores que nos deram mais de 31 mil votos de confiança. Minha luta na Alerj será para gerar desenvolvimento na região. Precisamos dar incentivos fiscais aos setores produtores; incentivar ainda mais a agricultura, dando condições aos municípios de ofertar maquinário e técnicos capacitados para o produtor rural, assim como precisamos modernizar a Faetec”, diz Thiago.
Questão agrária na Alerj
A paranaense Lucia Marina dos Santos, que ficou conhecida como Marina do MST, se mudou para Campos nos anos 1990, para atuar no Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, nas áreas das extintas usinas de açúcar, São João e Cambaíba. Viveu na cidade por mais de 15 anos e é formada em serviço social pela UFRJ. Ela se mudou para a capital fluminense, onde foi coordenar ações de reforma agrária em vários lugares do Estado e do país. Este ano decidiu concorrer à Alerj e se tornou a primeira deputada estadual representante exclusiva do MST no parlamento fluminense.
“Foram mais de 46 mil homens e mulheres em praticamente todos os municípios do Estado do Rio de Janeiro que depositaram um voto de reconhecimento e confiança nesta trajetória coletiva, e também na minha trajetória de vida e de luta que passa por Campos. A situação de calamidade pela qual passa grande número de famílias no Rio de Janeiro, com aumento da fome (cerca de 2,8 milhões de pessoas diariamente) e do desemprego, é também um ponto de ressonância com nossas propostas. Trazemos para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro o legado do MST no combate à fome e às desigualdades, com a Reforma Agrária Popular como agenda prioritária para trazer oportunidade de trabalho e colocar comida na mesa de quem mais precisa. O povo não aguenta mais passar fome, ter que escolher se vai almoçar ou jantar, com o cenário de degradação de direitos e aumento do desemprego”, diz Marina.
Renovação da Alerj
Com 17 deputados, o PL é o partido que elegeu mais representantes na Alerj. A segunda legenda é União Brasil com 8 deputados. A federação PT/PV/PCdoB elegeu oito parlamentares. Com isso, o PT passou a ser o terceiro partido com mais deputados, após o aumento de dois para sete parlamentares. O PSD, que é o quarto, também se expandiu e passou de cinco para seis. A Federação Psol/Rede conquistou cinco vagas, sendo quatro do Psol.
Para o historiador e analista político José Fernando Rodrigues, a renovação da Alerj de 45,7% é considerada alta. “Alguns aspectos chamam a atenção como o número enorme de deputados do PL, partido do governador Cláudio Castro e do presidente Jair Bolsonaro. Isso acabou sendo uma alavanca para o crescimento de deputados do Partido Liberal. O Rio de Janeiro conta com uma bancada conservadora, seguindo a tendência nacional.
O analista elogia o aumento de mulheres na composição da Alerj, que passou de 12 para 15 parlamentares. “Há mulheres trans nesse processo, além de mulheres pretas e indígenas, e uma candidata que se reconhece asiática; e candidatos homens eleitos que se autodeclaram pretos ou pardos. Acho isso importantíssimo. Talvez, o espectro tenha dado a dimensão de uma renovação nesse sentido. A ala progressista é dona de uma representatividade e de vinculação aos movimentos sociais que precisa ser enaltecida. Acho que isso nos dá a dimensão de para onde os novos grupos sociais e os movimentos sociais estão indo”, conclui.
Votos em Campos para Alerj
Bruno Dauaire (União)
18,40%
47.542
Rodrigo Bacellar (PL)
10,61%
27.407
Thiago Rangel (Podemos)
7,96%
20.575
Carla Machado (PT)
6,94%
17.936
Marina do MST (PT)
0,53%
1.364
Total de votos no Estado do RJ
Rodrigo Bacellar (PL) – 97.822
Bruno Dauaire (União Brasil) – 68.455
Carla Machado (PT) – 34.658
Thiago Rangel (Podemos) – 31.175
Marina do MST (PT) – 46.422