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Um senhor Teatro

Completando 100 anos, o antigo Trianon é parte das lembranças dos campistas e foi imortalizado em livro

Cultura
Por Mariane Pessanha
24 de março de 2021 - 15h28
Fachada do Theatro Trianon (Foto de F. P. Carneiro – Coleção Ronaldo Linhares)

Quando tinha cerca de 12 anos, o professor Fernando da Silveira costumava ir todos os domingos ao então Teatro Trianon, situado na Rua 13 de Maio, no Centro da cidade. Em uma dessas idas ele assistiu a uma apresentação de Tito Schipa, considerado, na época, um dos maiores tenores líricos do mundo. Anos depois, na década de 60, ele levou o filho Fernandinho para assistir a um espetáculo no mesmo teatro. Foi a última apresentação antes de o Trianon ser demolido e transformado em uma agência bancária. O professor conta que ir ao Trianon era um evento. A elite campista, segundo ele, colocava a melhor roupa e desfilava elegância pelo local. Assim como o professor Fernando da Silveira, as lembranças do antigo teatro, que este ano completa 100 anos, estão vivas na memória de muitos campistas.

De acordo com o pesquisador Genilson Soares, o antigo Trianon começou a ser construído em 1919, quando o Teatro São Salvador já estava fechando as portas. A inauguração, no dia 25 de maio de 1921, foi uma grande festa. Todas as 554 cadeiras, 156 frisas, 290 balcões, 29 camarotes, 610 galerias, estavam lotados. O Teatro impressionava pelas dimensões e arquitetura luxuosa, sendo considerado um dos mais importantes espaços culturais do país. De 1920 até o final da década de 60, os principais artistas e companhias brasileiras e estrangeiras se apresentaram no palco do Trianon.

A noite de estreia contou com o espetáculo de Esperanza Iris, cantora lírica mexicana e movimentou a sociedade da época. Ao longo de toda sua trajetória, o Trianon apresentou eventos musicais, literários, coreográficos, de variedades, além de festivais diversos e muitas exibições de filmes. Após mais de cinco décadas de funcionamento, o Trianon foi comprado pelo Banco Brasileiro de Descontos, o Bradesco. Para a tristeza da população campista, o teatro foi demolido, em 27 de junho de 1975, para dar lugar a uma agência bancária.

Livro

Escritora Juliana Carneiro (Foto: Divulgação)

Mas, quais fatores foram responsáveis pela demolição de um teatro tão refinado? Quem era Francisco de Paula Carneiro, personagem central nessa história? Essas e outras questões são abordadas no livro “Nos tempos do Trianon: Campos se diverte!” dos autores Juliana Carneiro e Victor Andrade de Melo. Juliana, inclusive, é bisneta de Francisco de Paula Carneiro.

O livro tem cerca de 200 páginas e é recheado de fotografias. Juliana conta que a obra foi feita através de pesquisa em jornais e revistas de Campos, livros de memorialistas campistas e acervo de família. O livro foi lançado, virtualmente, semana passada e pode ser baixado através do site https://www.teatrotrianon.com/ .

O novo Trianon

Novo teatro (Foto: Carlos Grevi)

O Teatro Municipal Trianon foi inaugurado em 31 de julho de 1998, em um terreno com 10.000 m² e com capacidade para 802 lugares. O teatro é administrado pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL) desde 2013, quando foi extinta a Fundação Teatro Municipal Trianon.

O espetáculo de inauguração foi “Rota”, lançado pela Companhia de Dança Deborah Colker, apresentado no dia 31 de julho de 1998. Prestes a completar 23 anos, o novo Trianon já recebeu os maiores nomes da cultura nacional, dentre os quais se destacam Bibi Ferreira, Paulo Autran, Jô Soares, Maria Betânia e Milton Nascimento.

Em 2011, foi realizada a primeira grande reforma do Trianon. Os sistemas de sonorização e iluminação foram totalmente modernizados. A acessibilidade também ganhou destaque, com a construção de rampas de acesso às bilheterias e à plateia. O prédio ganhou um anexo com 240 metros, para guardar cenários e equipamentos. O Trianon inaugurou, no dia 23 de outubro de 2011, o Fosso de Orquestra, com um moderno sistema de elevadores em seu palco, igualando-se ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre o novo e o antigo, o Trianon segue levando arte e cultura para a população de Campos.