O Jornal Terceira Via entrevistou profissionais de diferentes segmentos para a reportagem especial desta semana que aborda o futuro dos empreendimentos em Campos após a pandemia de Covid-19. Uma das pessoas ouvidas é Cristina Lima, presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, autarquia do governo municipal. Nesta edição eletrônica, a gestora de cultura de Campos analisa o momento de crise e faz observações sobre os enfrentamentos e desafios do setor artístico.
Com a Covid-19, o setor de cultura parou. Como avalia este momento?
O momento tem confirmado aquilo que muitos pensadores afirmam: toda crise traz algum aspecto positivo em seu bojo. No caso da pandemia, constatamos como a cultura e as artes, em geral, nos salvam do tédio,do vazio, além de amenizar nossa melancolia.
Acredita que levará muito tempo para o setor se recompor e se recuperar?
Sim, acredito que o setor vai sofrer porque apesar de ser importante na retomada da economia, dependerá de investimentos.
Quais são os profissionais mais afetados com a pandemia na área cultural?
Creio que as áreas ligadas à música, ao teatro, à dança e atividades ligadas ao lazer, sendo que, de uma forma geral, foram atingidas a criação artística e o ensino das artes.
Como deve ser o futuro do teatro, cinemas, salas de espetáculo por causa da pandemia?
Vai ser uma vivência nova para todos nós: artistas, produtores, gestores e público. Os espaços culturais estão inseridos neste grande processo de mudança que o mundo está vivendo e sua utilização está vinculada à adequação a uma nova realidade.
Os artistas locais que se apresentam em bares e shows também são afetados com a pandemia. O setor cultural deverá ser o último a voltar “a normalidade”. Até lá, o que pode ser feito?
Esta questão atinge todos os trabalhadores autônomos. Com a arte é bastante preocupante, também. O Conselho Municipal de Cultura, este ano com a sociedade civil na sua presidência, tem mantido diálogo com a classe na tentativa de buscar alternativas que amenizem o problema.
Arrisca dizer como será o futuro próximo para o setor cultural no país e no mundo?
O mundo está cheio de incertezas, cercado de interrogações e questionamentos. Como a humanidade caminhará diante das dificuldades já postas? Que lições tiraremos disso tudo?
Há especulações que os teatros e cinemas terão que controlar o número de pessoas nas salas, redução de público e apenas espetáculos com monólogos. O que pensa sobre isso?
Segundo o jornalista Artur Xexéo, já existe um conjunto de sete regras básicas, propostas por um teatro em Massachusetts, que vão desde a redução da plateia para resguardar a distância de 1,5m até a oferta exclusiva de monólogos. Na verdade, vão surgir novos teatros, em uma nova concepção espacial e adoção de novas atitudes, sendo que a nossa relação com estes dois espaços culturais será, sem dúvida, muito diferente.
O que se pode refletir sobre as atividades culturais e teatrais neste momento de crise?
Minha expectativa é que “ninguém passará imune a essa situação”. Jamais seremos os mesmos depois dessa pandemia e eu espero que o pensamento mundial se volte mais para o coletivo, sem priorizar o individual. Como disse Ferreira Gular “a arte existe porque a vida não basta.” É tempo de vivências novas, inusitadas e desafiantes. O que fizermos delas caberá a cada um de nós determinar!