×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Personagem de Clarice Lispector é destaque no Teatro de Bolso

A peça "Eu fui Macabéa" é de autoria de Arlete Sendra que adaptou para o palco a obra da consagrada escritora brasileira

Teatro
Por Ocinei Trindade
29 de abril de 2019 - 13h23

Rosângela Queiroz encarna Macabéa na peça de Arlete Sendra (Foto: Patricia Bueno)

Estreia nesta semana em Campos o espetáculo teatral “Eu fui Macabéa”, no Teatro de Bolso Procópio Ferreira. A montagem é dirigida por Fernando Rossi, produzida por Fábio Guilherme e traz a atriz Rosângela Queiroz no papel da protagonista. O texto da peça é de autoria da professora e escritora Arlete Sendra que faz sua estreia na dramaturgia. Ela se inspirou no romance “A hora da estrela”, de Clarice Lispector, último livro da escritora, publicado em 1977, mesmo ano em que morreu devido a um câncer no ovário.  Segundo Arlete, “Clarice nos impede o pensar pronto. E nos leva a buscar a alma do mundo”, afirma. A peça fica em cartaz de 2 a 5 de maio.

Eu fui Macabéa fica em cartaz de 2 a 5 de maio, em Campos (Foto; Patricia Bueno)

Para o diretor Fernando Rossi, o espetáculo “Eu fui Macabéa” é um projeto fascinante desenvolvido por Arlete Sendra que adaptou Clarice Lispector e outros dois importantes escritores brasileiros para o teatro. “Ela produziu uma trilogia inédita, acredito. “Eu fui Macabea” com a atriz Rosângela Queiroz é inspirada na personagem de “A Hora da Estrela”,  de Clarice Lispector. Buscamos nessa montagem o melhor no universo existencialista da autora utilizando  diversos recursos cênicos e audiovisuais. A próxima obra adaptada por Dona Arlete será “Traídas e Traidoras – somos todas Capitu”, com a atriz Katiana Rodrigues, um mergulho na personagem de Machado de Assis.  Fecharemos com Diadorim da obra “Grande Sertão: veredas”, de  Guimarães Rosa, outra personagem desafiadora pela ambiguidade que será encarada pela atriz Adriana Medeiros. Para mim,  como diretor, tem sido maravilhoso.  Espero que o público também tenha essa mesma impressão”, diz Rossi.

O último livro de Clarice Lispector ganhou uma versão no cinema em 1985 pelas mãos da diretora Suzana Amaral, e foi protagonizado pela atriz Marcélia Cartaxo. De acordo com Arlete Sendra, sua versão autoral de Macabéa, inicialmente, não não nasceu para o teatro. “Preparei uma trilogia “Elas são transtemporais”, enfocando Macabéa,  Capitu e Diadorim. Guardei os textos  e vi que, talvez, pudessem ser encenados”, conta.  Os textos foram submetidos aos amigos Fernando Rossi e Fabio Guilherme que aprovaram. Para falar da personagem e da complexidade de Macabéa, Arlete recorre a Guimarães Rosa que um dia se manifestou assim: ” Clarice, eu não leio você para a literatura. Leio para a vida”. Arlete Sendra acrescenta ainda:

Arlete Sendra destaca o humor e a angústia de Clarice Lispector (Foto: Silvana Rust)

“Clarice nos faz sair da plateia onde nos assistimos e assistimos o teatro da vida e nos faz entrar em nossos camarins para que nos vejamos no ato preparatório do viver, em plena ação. Não se sai impune de sua leitura. Clarice fala a nossa razão sensível e questiona nossas estabelecidas certezas. O humor em Clarice é trágico, por mais paradoxal que possa parecer. Clarice nos impede o pensar pronto. E nos leva a buscar a alma do mundo”.

A atriz Rosângela Queiroz diz que fazer um monólogo se mostrou uma grata surpresa. A intérprete contou que foi fisgada pelo texto assim que o leu, sem ainda pensar em como conceber a personagem. “Eu comecei a me apaixonar por Macabéa, uma mulher que está sempre em busca do amor. Ela quer amar e quer ser amada também. E quem não quer? Isto me pegou e eu acho que a plateia vai se identificar muito. Ela quer ser feliz e ter um futuro melhor, esquecer o passado e seguir em frente. Penso que vamos alcançar o coração do público que pensa também sobre a morte e como lidar com a morte. A equipe está muito feliz com o resultado. Espero mostrar essa peça em vários lugares”, destaca.

A peça “Eu fui Macabéa” pode ser conferida no Teatro de Bolso Procópio Ferreira, em Campos dos Goytacazes, de 2 a 5 de maio, às 20h. Os ingressos custam R$30 (inteira) e R$15 (meia).