A dor faz parte da existência dos seres vivos. Desde o nascimento, conhecer, entender, prevenir e combater as variadas dores fazem parte da trajetória humana. Quando a dor física se manifesta, diferentes profissionais auxiliam em tratamentos que podem amenizar e até curar. Cada indivíduo possui particularidades da dor que são analisadas por médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, psicólogos, entre outros. Todos concordam que, quando o assunto é dor, procurar ajuda é a primeira coisa a fazer para que a vida seja desfrutada com toda qualidade e prazer merecidos.
O médico neurocirurgião Fabrício Zacarias faz parte do Grupo IMNE em Campos. Ele conta que existem formas de classificar a dor, sendo que uma das principais é em relação ao tempo.Em seu consultório, é bem comum atendimentos de casos de dor aguda e dor crônica. Quanto à localização, a dor lombar é o principal sintoma que leva os pacientes a procurá-lo.
“A dor aguda é aquela de duração até três meses, e a dor crônica dura acima desse período. É importante diferenciar os dois tipos porque a dor aguda geralmente acontece por uma lesão como uma inflamação, infecção, um trauma, e é considerada um alerta que algo aconteceu subitamente e deve ser resolvido, com medicações, cirurgias ou outras terapias. Quando a dor se torna crônica, a lesão que iniciou há alguns meses provavelmente já foi sanada, mas ocorreram alterações nos nervos da região onde houve a lesão inicial. Essas alterações, modificam a forma do envio do estímulo doloroso ao cérebro, prolongando exageradamente a percepção da dor. A harmonia neurológica daquela região foi desfigurada, portanto os tratamentos devem ser específicos para essa anomalia. As pessoas que têm dor prolongada, que não melhora com tratamentos convencionais, ou apresentam piora progressiva, ou dor que incapacite a rotina, devem ficar alertas e procurar um especialista”, diz Fabrício Zacarias.
Tratamentos alternativos
Tratamentos alternativos e complementares de combate a dor fazem parte da rotina de muitos pacientes. A osteopatia é um exemplo disto, ao utilizar técnicas manuais para movimentar, alongar e reposicionar partes do corpo, estimulando a recuperação natural do organismo. O tratamento é indicado como complemento para dores na coluna, espasmos musculares e pequenas lesões esportivas. Em alguns casos, pode não ser recomendado, especialmente quando há risco elevado de lesão nos ossos ou ligamentos. A osteopatia é reconhecida pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional como uma especialidade do fisioterapeuta. A osteopata Patrícia Baracat é uma das profissionais mais experientes e conhecidas em Campos nessa área:
“A osteopatia age como uma ‘investigação completa’ do corpo. Em vez de focar apenas no local da dor, o osteopata busca a causa raiz do problema. Usando as mãos, ele identifica e corrige pequenas falhas no funcionamento do corpo – como articulações travadas ou músculos tensos – que podem estar gerando a dor. O objetivo é restaurar o equilíbrio natural do organismo, aliviando o sintoma e promovendo a autocura. Pense em um carro: a luz do painel acende (a dor), mas o problema real pode estar no motor ou na fiação (na osteopatia considerada a disfunção somática)”, destaca a profissional.
Ainda de acordo com a osteopata Patrícia Baracat, a osteopatia foca em tratar as disfunções somáticas. “Ou seja, problemas na forma como ossos, músculos, ligamentos e até órgãos funcionam juntos. Embora não seja exclusiva, ela é muito eficaz para dores na coluna, como a dor cervical e lombar crônica, e outras dores que não têm uma causa clara, mas atrapalham o dia a dia. Se algo no seu corpo não está se movendo como deveria e causando desconforto, a osteopatia pode ser uma opção”, explica.
Relatos de dores
Aos 76 anos, o executivo aposentado Carlos Humberto Cosmelli conta que passou por diferentes tratamentos médicos para a dor na coluna. “No Rio de Janeiro, procurei um neurocirurgião renomado e ele ficou espantado com o fato de eu ainda conseguir me locomover e realizar todas as atividades. Há 20 anos, sou paciente da osteopata Patricia Baracat. Posso dizer que a minha situação é muito grave; talvez eu seja o pior caso, ou um dos piores casos, que ela já teve em mãos. A osteopatia evita que você sinta dor, mas também a mantê-lo longe da cirurgia. Um ponto forte é que o paciente não se torne dependente, incentivando que também se faça algo para colaborar com o tratamento”, diz.
Outra adepta da osteopatia como tratamento para alívio de dores é a médica oftalmologista Maria Luiza Godoy. “Há cerca de dois anos, venho sofrendo crises de dor de cabeça causadas por compressão na cervical, decorrente de um problema postural devido ao alto volume de cirurgias da minha profissão. Procurei diversos tratamentos e formas de controlar a dor, inclusive com neurologistas e medicação, o que proporcionava alguma melhora, mas nunca completa. Na osteopatia, encontrei um alívio muitas vezes imediato. Chego às sessões em crise, com dores de cabeça que limitam meu dia a dia e o desempenho do meu trabalho, e saio sem dor. Para mim, a osteopatia funciona tanto como prevenção quanto como alívio nos momentos de crise. Foi um divisor de águas na minha vida profissional e pessoal”, revela.
Durante uma sessão de tratamento da dentista e paciente Karla Assaf (na foto), a osteopata Patrícia Baracat explica que cada pessoa é única, e a resposta ao tratamento pode variar de acordo com a condição e a complexidade do caso. “Pode acontecer em apenas uma sessão ou várias. Não programamos blocos de sessões. As metas e objetivos são analisados de acordo com a condição do paciente a cada dia. A osteopatia pode ser um ótimo complemento para outras terapias como a fisioterapia, exercícios e até mesmo medicamentos e pós-operatórios”.
Fisioterapia e avaliação médica
O Fisiocentro faz parte do Grupo IMNE. A fisioterapeuta Simone Nolasco é a responsável pelo atendimento junto a uma equipe de profissionais especializados em reabilitação física e tratamentos de dores. Segundo ela, os tipos de dor mais comuns incluem dor lombar, que pode ser aguda ou crônica e geralmente está relacionada à má postura, esforço excessivo, hérnias de disco ou problemas musculares; dor no pescoço e nos ombros, frequente em pessoas que ficam muito tempo sentadas, com posturas inadequadas ou sob estresse, incluindo torcicolo, cervicobraquialgia e tendinites.
“As dores articulares em joelhos, quadris e punhos, frequentemente associadas à osteoartrite, artrite reumatoide, lesões esportivas ou sobrecarga; cefaleias tensionais e enxaquecas, nas quais a fisioterapia ajuda a aliviar a dor muscular e a tensão; fibromialgia, uma síndrome de dor crônica generalizada em que a fisioterapia é essencial para manejo dos sintomas e melhoria da qualidade de vida; dores pós-cirúrgicas, auxiliando na recuperação após procedimentos ortopédicos; e dores neuropáticas, como ciática, queimação ou formigamento, que podem ser tratadas com técnicas específicas de fisioterapia.”, explica.
Entender e gerenciar sintomas
Simone Nolasco complementa: “Utilizamos diversas técnicas, como terapia manual, cinesioterapia, eletroterapia, termoterapia, liberação miofascial, agulhamento a seco, bandagens terapêuticas e educação em dor, que ajudam o paciente a entender e gerenciar seus sintomas. A fisioterapia também é fundamental para o alívio da dor, a restauração da função, a reeducação postural, o fortalecimento muscular, o aumento da flexibilidade e da mobilidade, além de prevenir novas lesões e promover maior autonomia e qualidade de vida ao paciente.”
O neurocirurgião Fabrício Zacarias ressalta que procurar avaliação médica é o primeiro passo a cumprir diante da dor. Ele defende várias modalidades a serem empregadas, como médicos de diferentes especialidades, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais. “Deve-se buscar entender melhor a dor, suas causas e gatilhos; adotar estilo de vida saudável com alimentação regrada, atividade física regular; ter sono de qualidade, cuidar do estresse e outras alterações emocionais; evitar o tabagismo e o consumo de bebida alcoólica em excesso. São ações que os pacientes devem ser orientados a realizar, não só para a prevenção, mas, também para o tratamento da dor crônica. A adesão do paciente a essas medidas está intimamente relacionada ao sucesso da terapia”, finaliza.