Ainda falta um ano para as eleições de 2026, quando candidatos disputarão a Presidência da República, governos estaduais, além de cadeiras no Congresso Nacional e Assembleias Legislativas. Partidos políticos e pré-candidatos já se movimentam em todo o país. No Rio de Janeiro, especula-se quem sucederá o governador Cláudio Castro (PL). O prefeito da capital, Eduardo Paes, aparece como favorito, de acordo com pesquisas recentes. Em uma destas, o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, é cogitado pelo cargo. Assim como o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar; e o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis; entre outros.
A reportagem do J3News ouviu analistas políticos, parlamentares da região, além dos supostos candidatos às eleições do ano que vem. Apesar de alguns considerarem cedo definir candidaturas e projetar o futuro político do Rio de Janeiro, dados e números revelados pelos institutos Paraná Pesquisas, Quaest e Prefabe Future desenham o cenário atual que pode mudar, possivelmente, nos próximos 12 meses. Foram procurados para comentar os resultados das pesquisas alguns dos políticos mais citados, como Eduardo Paes, Rodrigo Bacellar, Washington Reis, Mônica Benício, mas eles não se manifestaram. O prefeito Wladimir Garotinho disse que “pesquisas eleitorais antecipadas são resultados momentâneos, que até a eleição muita coisa acontece”.
Paraná Pesquisas
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), aparece como favorito nas eleições de 2026 para o governo do Estado, segundo levantamento do Paraná Pesquisas em agosto. No cenário principal, Paes lidera com 54,8% das intenções de voto, seguido por Washington Reis (MDB), com 10,6%, e Rodrigo Bacellar (União Brasil), com 7,8%, tecnicamente empatados na vice-liderança, considerando a margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
A vereadora Monica Benicio (PSOL) aparece com 4,4%, e o psiquiatra Italo Marsili (sem partido) com 1%. Votos brancos e nulos somam 13,9%, e 7,6% não souberam ou não responderam. Em outro cenário, incluindo uma candidatura de Flávio Bolsonaro (PL), Paes também lidera com 50,6%, enquanto Bolsonaro teria 30,5% dos votos. Monica Benicio ficaria com 5,3%.
Pesquisa Quaest
Pesquisa Quaest divulgada em agosto indica que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), lidera a corrida para o governo do Estado, com 35% das intenções de voto. Na sequência aparecem Rodrigo Bacellar (PL) com 9%, Washington Reis (MDB) com 5%, Mônica Benício (PSOL) com 4% e Ítalo Marsili (Novo) com 2%. Eleitores indecisos somam 15%, enquanto votos brancos, nulos ou de quem não pretende votar representam 30%. O levantamento ouviu 1.404 eleitores. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
Prefabe Future
Levantamento do Instituto Prefab Future realizado entre 12 e 16 de agosto com 1.001 eleitores do Estado do Rio de Janeiro também aponta que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, lidera a corrida pelo governo estadual, com 35,5% das intenções de voto. Na sequência aparecem Wladimir Garotinho (5,5%), Washington Reis (4,7%), Rodrigo Bacellar (4%), Fabiano Horta (2,5%), Wilson Witzel (2,3%) e Mônica Benício (1,8%). Brancos e nulos somam 21%, enquanto 22,7% dos entrevistados não souberam responder.
Sobre a pesquisa, Wladimir Garotinho afirmou que seu foco está na gestão de Campos dos Goytacazes. “O meu futuro político depende do que for melhor para a cidade. Os governos federal e estadual vivem graves problemas fiscais e financeiros, e isso tem atrapalhado muito todos os municípios que dependem de repasses. As possibilidades de ser vice-governador ou deputado federal dependem de como eu posso contribuir mais com a minha cidade e região. Tenho conversado muito com vários prefeitos e com o nosso grupo político, mas até dezembro eu só penso na gestão de Campos, pois estamos fazendo ajustes necessários nesse primeiro ano para termos o mesmo sucesso do primeiro governo”, afirma.
Em fevereiro, o Instituto Prefab apontou que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, liderava a corrida pelo governo estadual com 37,2% das intenções de voto. O segundo colocado foi Wladimir Garotinho, com 5,2%, seguido por Washington Reis, com 4,8%. O levantamento ouviu 2.000 pessoas em 35 cidades do estado entre 8 e 11 de fevereiro de 2025.
Análises das pesquisas
O analista e doutor em sociologia política, Rodrigo Lira, avalia que a recuperação do Estado do Rio de Janeiro depende do perfil do próximo governador. Segundo ele, o histórico de corrupção, com ex-governadores presos, e a crescente violência do crime organizado têm prejudicado a confiança do eleitor e o desenvolvimento socioeconômico. Embora algumas candidaturas representem continuidade da política tradicional, há expectativa de renovação, mas ainda é cedo para saber se surgirão nomes capazes de concretizá-la:
“Eduardo Paes é um nome consolidado, com alta popularidade especialmente na capital, o que explica seu bom desempenho nas pesquisas. No entanto, as eleições estaduais no Rio são historicamente voláteis. Basta lembrar da vitória inesperada de Wilson Witzel surfando na onda bolsonarista em 2018. Outro fator relevante será a definição da família Bolsonaro, que ainda mantém forte influência no Estado. Caso o senador Flávio Bolsonaro dispute o governo, a eleição tende a ser mais acirrada. Com Washington Reis inelegível e Rodrigo Bacellar com dificuldades de viabilizar sua candidatura, ainda não está claro quem será o principal opositor de Paes em 2026. Nesse vácuo, o nome de Wladimir Garotinho, quando testado em pesquisa, mostrou potencial justamente pela associação com o pai e pela força política no interior, região onde Paes é menos competitivo. Isso o credencia como um player importante na dinâmica eleitoral”, explica Lira.
O historiador e analista político Fábio Siqueira comentou sobre as pesquisas. “Eduardo Paes, como dizem os analistas esportivos, é ‘favoritaço’ mais do que nunca. Há um processo de transição em curso. Acredito que ele seja um candidato fortíssimo, ainda mais depois de desentendimentos no campo da extrema-direita, entre Washington Reis e o presidente da Alerj, o deputado Rodrigo Bacelar. O governador Cláudio Castro também vem esfriando o apoio incondicional a Bacellar. O próprio Jair Bolsonaro, apesar da situação atual, ainda tem um eleitorado muito consolidado. Pela pesquisa da Quest, ele conta com cerca de 28% do eleitorado nacional. Quando ele retira o apoio a Rodrigo Bacellar, e com Cláudio Castro esfriando esse apoio também, mesmo Bacellar aparecendo com cerca de 9% nas pesquisas — podendo ser 10% ou 11% dentro da margem — eu vejo como um desempenho razoável. Se ele assumisse o governo, teria a força da máquina, mas sem esse suporte, perde tração”.
Direita, esquerda, centro
O deputado estadual Bruno Dauaire (União), atual secretário de Estado de Habitação, diz que pretende concorrer novamente à Alerj em 2026. Sobre as eleições gerais do ano que vem, ele disse: “Espero um pleito maduro, com propostas relevantes que atendam aos anseios da população. Quanto a mim, neste momento, minha dedicação está totalmente voltada à Secretaria de Habitação, reforçando o compromisso do governador Cláudio Castro com políticas habitacionais que promovem bem-estar social”.
A deputada estadual Carla Machado (PT) também vai disputar a reeleição. “O cenário político está começando a se desenhar agora, e, em conjunto com nossos aliados políticos e partidários, avaliaremos as melhores opções no momento devido”, disse a parlamentar. Ainda não se sabe se ela vai permanecer no Partido dos Trabalhadores. Assim como ainda é incerta a união de partidos de esquerda ao Governo do Rio, apesar do nome da vereadora carioca Mônica Benício (PSOL) ter se destacado nas pesquisas recentes.
De acordo com Fábio Siqueira, não há chance do PT não caminhar com Eduardo Paes. “Não há chance do PT ter candidato próprio. Isso já é uma questão consensual no PT, embora algumas forças da esquerda tenham um certo incômodo com isso. O presidente Lula já bateu o martelo. O líder do governo na Câmara, o deputado Lindbergh Farias, já assumiu esse apoio. É uma determinação do presidente Lula, e o PT vai caminhar, salvo algum fato novo ou muito improvável, que eu diria, se o senhor Eduardo Paes não for candidato”.
Para Rodrigo Lira, a perspectiva para 2026 é de uma eleição bastante acirrada. “A depender do nome que a direita e o bolsonarismo apresentarem, hoje o cenário favorece Eduardo Paes, que aparece como franco favorito. Mas é importante destacar que ainda há muitas variáveis em aberto: definição de candidaturas, alianças regionais, conjuntura econômica e o papel das lideranças nacionais. É cedo para cravar um desfecho, mas tudo indica que será um pleito marcado por disputas intensas e rearranjos estratégicos até o último momento”, finaliza.
A reportagem procurou Eduardo Paes, Rodrigo Bacellar, Washington Reis e Mônica Benício, mas eles não se pronunciaram até o fechamento desta edição.