O último fim de semana foi de festa e arte na comunidade da Tapera 3, uma das mais carentes de Campos dos Goytacazes. Para comemorar um ano de atividades, a Casa de Cultura Bruno Black promoveu uma imersão cultural que movimentou crianças, jovens e adultos durante oito horas ininterruptas de programação.
Mais de cem crianças participaram de atividades diversas, que incluíram literatura, música, artes visuais e debates, além de um público adulto engajado que acompanhou cada momento do evento. Segundo a coordenadora do espaço, Cristiele Lemos, o objetivo era criar um evento de aniversário voltado para a periferia, mas o resultado foi ainda maior. “Mais que um evento, criamos um movimento vivo que reafirma o papel da periferia como espaço de criação, resistência e orgulho”, disse.
A programação foi intensa e diversificada. Os visitantes puderam conferir uma exposição de livros e um fórum cultural com a escritora Simone Pedro. Na sequência, o jornalista Matheus Berriel participou de um bate-papo com os moradores, e um café cultural, conduzido pela jornalista Dora Paes, reuniu crianças e a equipe da casa em um momento de integração e diálogo.
As oficinas também foram um destaque da imersão. Marcelo Pérez apresentou técnicas de criação de fanzines, enquanto Fabiano Silva explorou o universo das histórias em quadrinhos. O ilustrador Lucas Gomes encantou o público ao desenhar personagens sob medida para cada criança que se aproximava.
A energia cresceu ainda mais com o sarau conduzido pelo artista carioca Jean-Louis, que envolveu todas as crianças presentes em um momento coletivo de expressão artística. O evento também contou com a participação do pesquisador e escritor Hélvio Cordeiro, Ivan Júnior e da artista Luna Afonso, que ampliaram os diálogos culturais e expuseram seus trabalhos.
Mesmo com a chuva, o espaço permaneceu lotado do início ao fim das atividades. Para manter a integração, a organização distribuiu lanches nos intervalos, garantindo que ninguém precisasse deixar o local. “A equipe da Casa de Cultura se entregou por completo. A ideia era trabalhar em dois turnos, mas ninguém conseguiu sair. Fomos absorvidos pela energia do evento”, contou Cristiele.
Para a coordenadora, o aniversário da Casa de Cultura Bruno Black ficará marcado como um divisor de águas para a comunidade da Tapera 3. “Queríamos uma comemoração, mas terminamos deixando um marco na história da comunidade. A periferia vive e a cultura vai continuar se movendo”, afirmou.
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