A Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio de Janeiro aponta São João da Barra, principalmente por conta do Porto do Açu, como um dos municípios a ser mais afetados pelo aumento de tarifas anunciado pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A avaliação do impacto sanjoanense em outras cidades fluminenses é um dos focos de um Grupo de Trabalho (GT) criado pelo Governo do Estado com representantes da Firjan, Fecomércio e Associação Comercial.
Diante da boa relação com a gestão estadual e as entidades envolvidas, a prefeita Carla Caputi, por meio da sua chefia de gabinete, está solicitando que o município possa acompanhar mais de perto os reflexos do “tarifaço” de Donald Trump na economia regional.
Em ofício direcionado ao governador Cláudio Castro, a Prefeitura está solicitando que seja disponibilizada uma agenda oficial entre o município e o Grupo de Trabalho (GT) para tratar do tema de forma presencial. Mas antes mesmo do encontro, a gestão municipal pede que o Governo do Estado formalize, com a máxima urgência, a comunicação oficial a SJB “sobre os resultados preliminares e quaisquer novos estudos relativos aos impactos setoriais e fiscais, possibilitando o planejamento de medidas de proteção local”.
No documento, a Prefeitura pede também que o município seja incluído em eventuais reuniões ou fóruns estaduais, bem como informado previamente sobre propostas de apoio a empresas diretamente afetadas pelo “tarifaço”, além de ter acesso, assim que definido, a qualquer instrumento técnico ou plano de contingência, “objetivando a salvaguarda dos setores mais sensíveis à medida e da população local”.
— O ofício que direcionamos é uma extensão do dever de casa que já estamos fazendo. Temos nos reunido constantemente coma nossa equipe e seguimos avaliando com responsabilidade cada detalhe das finanças do nosso município. Com o documento, reforçamos a colaboração institucional com o Estado e o nosso compromisso em apoiar políticas de compensação e ações emergenciais. Também nos colocamos à disposição para contribuir no enfrentamento desta adversidade econômica — destacou a prefeita Carla Caputi.
Estimativa aumenta alerta
A preocupação de São João da Barra aumenta diante da estimativa apresentada na última terça-feira, 22, pelo governo estadual mostrando que o “tarifaço“ de Donald Trump pode gerar aos cofres do Rio de Janeiro prejuízo de R$ 830 milhões, impactando em 0,7% do Produto Interno Bruto fluminense. Entre os setores mais afetados estão o de petróleo e metalurgia, responsáveis por 88 mil empregos diretos fluminenses.
Além de São João da Barra, sobretudo por conta dos setores de petróleo refinado, pesca e semimanufaturados de ferro e aço, municípios como Rio de Janeiro, Macaé, Duque de Caxias, Petrópolis e Volta Redonda estão entre os mais vulneráveis, por concentrarem também empresas exportadoras.
Considerando que o município de São João da Barra sedia o complexo portuário do Açu, que em 2024 foi responsável pela exportação de 25,2 bilhões de toneladas de petróleo bruto, correspondente a 40 % da exportação do país, e 25,014 milhões de toneladas de minério de ferro, a Prefeitura reforça no ofício o seu entendimento que qualquer movimento que gere impacto na exportação dessas commodities comprometem a arrecadação do município.
Um dos focos do GT será levantar dados dos municípios e propor ações, especialmente para médias e pequenas empresas, que têm menor capacidade de reação. Essa também é umas das preocupações colocadas no ofício pelo município, “reconhecendo que tal impacto pode ocasionar significativas consequências sociais, incluindo perda de emprego e retração da arrecadação”.
— O município de São João da Barra acompanha com muita preocupação este cenário econômico, porque pode ter um impacto significativo com a manutenção dessas tarifas por parte dos Estados Unidos. Estamos nos preparando para o impacto financeiro dessas medidas, que por ora adotadas pelos Estados Unidos possam vir a gerar para nosso município — comentou o secretário municipal de Fazenda, Aristeu Netto.