Os idosos deixaram de ser a menor parcela da população brasileira em 2023 e em duas décadas vai se tornar a maior delas. É o que mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2024. Por outro lado, enquanto a população mais velha cresce, outro número chama atenção e preocupa esse mesmo público: dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) apontam que a catarata afeta cerca de 75% dos brasileiros com mais de 70 anos de idade.
Em Campos, quando se fala em tratamento dos olhos e catarata, a médica oftalmologista Tatiana Aquino é referência. Prova disso é que diante dos números citados acima, ela está atualmente fazendo pós-graduação em oftalmogeriatria. “Sou especialista em catarata e glaucoma e estou me dedicando cada vez mais aos pacientes idosos. Afinal, são questões que têm maior incidência na população idosa e a nossa população está envelhecendo mais a cada ano. O que demanda uma necessidade de especialização nessa área”, pontua.
Tratamento
A catarata é uma condição ocular em que a lente natural do olho, chamada cristalino, se torna opaca, resultando em visão embaçada ou turva. Em suas redes sociais, Tatiana faz alertas e dá dicas sobre oftalmologia. Em uma das publicações, esclarece que não há possibilidade de tratar ou reverter catarata com o uso de colírios, pergunta comum entre o público em geral.
“Não existe colírio para curar catarata. Trata-se de um envelhecimento normal do olho, uma condição degenerativa, que tem como único tratamento a cirurgia. No procedimento, a gente tira esse cristalino opacificado e coloca uma lente intraocular, uma lente artificial. A lente é escolhida de acordo com cada caso. Ela tem que ser sempre personalizada, de acordo com o perfil de cada paciente”, esclarece.
Especialista em cirurgia de catarata, ela explica ainda os procedimentos que são feitos após a cirurgia para restaurar a visão de cada paciente. “A visão vai melhorar a partir do tipo de lente escolhida. Podemos colocar lente monofocal, onde melhoramos a visão para longe, porém o paciente ainda precisará de óculos para perto, Com as lentes multifocais, conseguimos melhorar a visão de longe, intermediário e perto, para os pacientes ficarem cada vez mais sem necessidade dos óculos. Tudo depende do tipo de lente escolhida pelo paciente, junto com a orientação do cirurgião oftalmologista”, pontua.
Cuidado com os olhos
Se não for tratada, a catarata pode levar à cegueira. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a condição ocular é responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo. Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, surgem cerca de 550 mil novos casos no Brasil por ano.
Visão nublada, sensibilidade à luz, necessidade de maior iluminação para ler, visão noturna mais fraca e amarelamento das cores são os principais sintomas destacados pela Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde. Tatiana Aquino destaca um deles como principal, mas chama atenção ainda para a importância do cuidado com os olhos.
“O principal sintoma é a sensação de visão turva, que o paciente relata como uma neblina na frente dos olhos. Porém, na maioria das vezes, conseguimos diagnosticar no exame de rotina”, comenta. A médica reforça que a falta de cuidado com os olhos pode figurar com um dos fatores para a causa da catarata.
“A catarata senil (causada pelo envelhecimento) é a mais comum. Porém, existem outros tipos, como a congênita (desenvolvida pela criança durante a gravidez) traumática (após lesão no olho), e medicamentosas (secundária ao uso contínuo de medicamentos, como corticóides), além de outras causas, como a exposição excessiva à radiação solar. Por isso, é tão importante o uso de óculos solares de boa qualidade para o filtro da radiação ultravioleta”, enfatiza.
Rotina agitada
Idealizadora da Clínica Perissé em 2013 e diretora clínica do espaço, Tatiana conta que tem uma rotina corrida, sempre com dias cheios. Afinal, se propõe ao desafio de conciliar o trabalho diário na clínica, as dicas nas redes sociais engajadas com o público (relacionando o tema até com a Copa do Mundo de Clubes), a família e as atividades físicas, que são seu hobby preferido.
“É bem corrido para tentar dar conta de tudo o que me proponho a fazer. A atividade física é a primeira coisa que faço no meu dia, para me dar ânimo para a rotina agitada. Depois, me dedico a fazer o que amo, que é atender meus pacientes. Concilio ainda com a administração da clínica e tem, por fim, é claro, a vida pessoal para somar. Não é fácil, mas é recompensador”, conclui.