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Corpus Christi: fé e arte pelas ruas de Campos

Confecção de tapetes e preparativos para procissão movimentam área central da cidade

Religião
Por Ocinei Trindade
19 de junho de 2025 - 12h54


Tapetes e passarelas para a procissão de Corpus Christi nas ruas centrais de Campos (Fotos: Silvana Rust)

Desde bem cedo, muita expectativa e atividades pelo dia de Corpus Christi, em Campos dos Goytacazes. Nesta quinta-feira (19), muita gente lotou as ruas centrais em volta da Praça do Santíssimo Salvador e Avenida Alberto Torres. Os tapetes coloridos feitos com pó de serragem, sal, flores e tintas marcam o chão e a religiosidade de milhares de fiéis. A data, uma das mais significativas para a Igreja Católica, é tradição e prática de fé pelas ruas.

Para o padre Walas Maciel, a celebração carrega um profundo valor espiritual. “A celebração de hoje tem um grande valor para a nossa fé, porque nós recordamos e celebramos a instituição da Santíssima Eucaristia, que é a presença real de Jesus na vida da Igreja Católica — em Corpo e Sangue de nosso Senhor. Celebrar essa data todos os anos é um ato de amor a Cristo, um testemunho de fé, mas também é um dia que mostra, de fato, quem é a comunidade católica”, afirma.

Padre Walas Maciel

Segundo ele, momentos como o Corpus Christi rompem os muros da igreja para se fazerem presentes no espaço público. “Às vezes, as pessoas veem a Igreja como algo muito fechado. Mas ela tem uma tradição rica em rituais, liturgias e celebrações internas da fé. E em celebrações como a de hoje, a Igreja sai para as ruas, se coloca no meio do povo, testemunha publicamente esse amor por Cristo — a Igreja que vive da Eucaristia”

Apesar da dificuldade em estimar o número de participantes, o padre ressalta a expressiva presença de fiéis: “Todos os anos percebemos uma grande afluência, não apenas de quem mora na região central de Campos, mas também de pessoas que vêm da Baixada de Guarus e de outros bairros, tanto para a procissão quanto para a Santa Missa”.

Grupos confeccionam tapetes

Ele também observa um recente crescimento no interesse pela fé católica.
“Com o falecimento do Papa Francisco — um momento marcante para a Igreja — e a chegada do Papa Leão, vimos a Igreja novamente em foco. Muitos fiéis repensaram sua fé e voltaram a se encontrar com Cristo. Eu acredito que Cristo age conforme o coração d’Ele, e a nós cabe acolher e evangelizar com fidelidade”, considera.

A força das comunidades

Nos tapetes artesanais, cada cor e símbolo traduz uma devoção. Kissila Francisco Severiano, da Paróquia São José, chegou cedo. “Cheguei por volta de sete da manhã. Estamos fazendo três tapetes e quatro passarelas. Aqui temos o desenho do Corpo de Cristo. Lá, uma cruz. E outro Corpo de Cristo mais adiante”, explica.

Kissila Francisco é da comunidade católica de Guarus

Católica praticante há sete anos, ela destaca a relevância da data: “Essa celebração é muito importante pra nós. Eu já era católica, mas não participava ativamente. Agora vejo como é importante ter esse espaço, porque outras religiões têm mais visibilidade, como os evangélicos com suas marchas. E aqui, hoje, vemos católicos e não católicos elogiando nosso trabalho. Isso é muito bonito”.

João Pedro participa da celebração há três anos

João Pedro Vianna Barbosa, de 19 anos, participa pela terceira vez: “Sou da comunidade católica Shalom, em Guarus. Para nós, essa data afirma a importância do Corpo de Cristo para os católicos. A hóstia, para nós, é o Corpo de Cristo encarnado. A gente acredita piamente que ali está Jesus.
Enquanto desenhava um cálice em meio às figuras do tapete, ele comentava: “É um momento bonito que eu não posso esquecer. Sempre venho”.

Tradição passada de geração em geração

Outro fiel que fez questão de estar presente foi Antônio César Luiz Santos, natural de Catu, na Bahia. “Lá na minha cidade não temos a prática dos tapetes, nem é feriado. Aqui, em Campos, estou há 25 anos e sempre que posso venho. Quando estava embarcado, era mais difícil. Mas, de folga, sempre vinha participar”

Antônio Santos e Rita Almeida com a neta Lauren.

Nesta edição, Antônio trouxe a neta, Lauren, pela primeira vez, além da esposa Rita Almeida. “A gente aproveitou o dia para passear com ela e mostrar essa tradição que é tão bonita. É um costume antigo, acho importante manter isso vivo”, comentou Rita.

Vários tapetes na Avenida Alberto Torres

A procissão de Corpus Christi não é apenas um ato religioso — é uma demonstração pública de fé, identidade e pertença. Acontece no fim da tarde e passará sobre os tapetes confeccionados. “A cada passo, a cada gesto e a cada tapete estendido nas ruas, os católicos reafirmam uma certeza: a presença de Cristo caminha com eles”, diz Kissila que faz questão de participar do cortejo sacro.

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