Várias localidades da região Norte de Campos dos Goytacazes amanheceram nesta quarta-feira (21), mais uma vez, sem transporte público. Os permissionários anunciaram uma paralisação, por tempo indeterminado, que começou à meia-noite. Em protesto, nesta manhã, motoristas estacionaram vários veículos em frente ao Centro Administrativo José Alves de Azevedo, sede da Prefeitura.
Os permissionários alegam falta de entendimento entre a Riocard – responsável pela bilhetagem no município – e o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT). Com isso, segundo os permissionários, tem havido descontos indevidos no complemento que a Prefeitura paga por cada passagem do chamado Setor C, que atende localidades distantes de campos, como Santo Eduardo (na divisa com o Espírito Santo), Santa Maria de Campos e Morro do Coco.
Os motoristas presentes à manifestação explicaram à equipe do J3 que 31 veículos (29 vans e dois micro-ônibus) estão parados. Eles atendem às seguintes localidades: Morro do Coco, Vila Nova, Murundu, Palmares, Divisa, Mutuca, Santa Maria, Santa Eduardo e Mata da Cruz.
Porta-voz dos permissionários do Setor C, Jefferson Manhães explica que a passagem para Santo Eduardo, por exemplo, custa R$ 16,50. Com a chamada tarifa social, o passageiro paga R$,3,50 e a Prefeitura repassa aos permissionários o restante do valor, ou seja, os outros R$ 13,50. Só que, segundo ele, esse repasse tem vindo com desconto de até 60%. A situação estaria acontecendo desde janeiro último.
“Vários pagamentos dos permissionários estão bloqueados. Esse pagamento é referente ao direito da população. A população tem o direito de pagar a tarifa de R$ 3,50, que é uma tarifa social implantada dentro do município de Campos. Esse direito está sendo minado através da empresa RioCard e do próprio IMTT, que está apontando algumas inconsistências em relatórios. Inconsistências essas que eles não conseguem provar, porque o que eles estão tentando provar não existe. Eles estão buscando a todo tempo procurar um erro e não conseguem apontar esse erro”, pontua.
E complementa: “A própria empresa que gerencia esses cartões, que gerencia esse sistema, afirmou na última reunião que eles fizeram uma tentativa de bloqueio de alguns cartões que eles tratavam como inconsistências e o reflexo disso foram vários passageiros com cartões bloqueados. Cada permissionário tem um valor bloqueado, então, não consigo dizer com exatidão, mas as cifras do todos somadas passam dos R$ 100 mil brincando”, comentou.
Jefferson explica que se o serviço for retomado sem a chamada tarifa social, uma viagem de ida e volta para quem mora em Santo Eduardo e trabalha em Campos passaria de R$ 7 por dia para R$ 33.
A equipe de reportagem fez contato com o IMTT sobre o assunto ainda na terça-feira, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria. O J3 não conseguiu contato com a Riocard. O espaço segue aberto.
Paralisação anterior
Em março deste ano (leia aqui), os permissionários do Setor C suspenderam parcialmente o serviço devido ao atraso no pagamento do subsídio tarifário pela prefeitura. Na época, os motoristas alegaram falta de repasses há quase dois meses e enfrentavam dificuldades para arcar com os custos diários de operação.