Durante uma campanha de duas semanas, o Hospital Dr. Beda promoveu uma série de ações educativas voltadas à conscientização sobre a importância da higienização das mãos, em alusão ao Dia Mundial comemorado em 5 de maio. A iniciativa, coordenada pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), teve como foco a capacitação dos profissionais da saúde e também o engajamento da comunidade, com atividades voltadas ao público externo.
Segundo a médica infectologista Andreya Moreira, responsável técnica pelo SCIH, a campanha teve como objetivo revigorar um hábito que, embora simples, tem impacto direto na redução das infecções hospitalares e comunitárias. “Fizemos uma semana de intensificação de treinamentos e capacitações para a equipe de saúde. Encerramos com uma ação voltada também à população, reforçando a importância da higienização das mãos. É um ato simples, seguro e que, se feito da forma correta, pode evitar até 90% das infecções hospitalares”, afirmou.
Andreya Moreira explicou que o modo correto de lavar as mãos inclui atenção especial ao dorso das mãos, pontas dos dedos, polegares e punhos. “Esse conjunto de movimentos, realizados em um tempo adequado, é fundamental para a prevenção de infecções. Buscamos sempre oferecer segurança para o paciente dentro da nossa unidade, mas também para os nossos profissionais de saúde.”
A infectologista destacou ainda que, mesmo com o fim de pandemias e epidemias, certos hábitos precisam permanecer. “A higienização das mãos, seja com álcool em gel ou com água e sabão, é um cuidado contínuo, um gesto que deve permanecer como parte do nosso cotidiano”, enfatizou. Lembrando que, em março, completaram-se cinco anos da pandemia de Covid-19, Andreya alertou para o risco do esquecimento. “É natural que, com o tempo, as pessoas relaxem e deixem de lado hábitos que foram tão importantes. Por isso realizamos campanhas como esta, para relembrar a população e reforçar um ato que protege vidas — dentro e fora do ambiente hospitalar.”
A campanha também se estendeu para fora dos muros da unidade. Em frente ao hospital, uma tenda foi montada para receber a comunidade, com demonstrações práticas de lavagem correta das mãos e orientações sobre os momentos essenciais para esse cuidado. A enfermeira Roberta Lastorina, que também atua no SCIH, relatou que a receptividade do público tem sido positiva:
“Estamos realizando diversas formas de abordagem, tanto com os nossos trabalhadores quanto com a comunidade. Com os colaboradores, fizemos treinamentos internos em auditórios e in loco. Agora, com a ação externa, mostramos à população que higienizar as mãos deve ser um ato diário”, disse.
Roberta Lastorina destacou situações cotidianas que exigem atenção. “Antes da alimentação, por exemplo, lavar as mãos é fundamental. Aqui, disponibilizamos um lavabo para que as pessoas possam higienizar as mãos, e com isso percebam os momentos cruciais em que essa prática deve ser priorizada.” Ela alertou que, mesmo quando as mãos não estão visivelmente sujas, os riscos permanecem. “Os germes são invisíveis a olho nu. Então, sempre que formos tocar as mucosas, manusear alimentos, cuidar de bebês — que frequentemente levam a mão à boca — ou após o uso do banheiro, é essencial lavar as mãos.”
Cuidado
De acordo com a enfermeira do SCIH, é necessário destacar a importância do cuidado ao circular em ambientes de maior vulnerabilidade. “Ao acompanhar um familiar internado, por exemplo, estamos entrando de um ambiente externo para um local de maior risco. A higienização das mãos nesses momentos é crucial para proteger a todos ao nosso redor.”
A enfermeira também relatou casos práticos de contaminação evitável. “Já vivenciamos surtos em ambientes fechados, como creches escolares, onde a falta de higienização adequada das mãos e dos objetos aumenta muito o risco de contaminação. Crianças pequenas, até os quatro anos, levam brinquedos e até os pezinhos à boca. Nesses casos, a limpeza precisa ser redobrada.”
As profissionais reforçaram que o simples hábito de lavar as mãos pode reduzir em mais de 50% o risco de transmissão cruzada de microrganismos, tanto dentro dos hospitais quanto na vida cotidiana. “É um esforço conjunto, uma intersetorialidade de muita força. Mantemos essas ações como parte da nossa educação continuada. Além da campanha de maio, temos outra em outubro e seguimos com esse trabalho ao longo do ano”, concluiu a médica Andreya Moreira.