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Mãe de pet: uma relação que vai além do instinto

Vínculo ganha mais importância no bem-estar e saúde emocional

Geral
Por Leonardo Pedrosa
23 de março de 2025 - 0h04
Dayana Sales

“Muitas pessoas preferem ter pets a filhos.” A afirmação da esteticista Dayana Sales reflete uma realidade cada vez mais comum. Seja por escolha ou impossibilidade, muitas mulheres têm encontrado nos animais um vínculo afetivo profundo, assumindo o papel de “mães de pet”.

A relação entre humanos e animais evoluiu ao ponto de muitos pets serem tratados como verdadeiros membros da família. Existem explicações sociais e até biológicas para isso, de acordo com a psicóloga Ana Lara Vilar: o contato visual entre o tutor e seu cão pode liberar ocitocina, o ‘hormônio do amor’, o mesmo presente na conexão entre mãe e bebê.

“Ou seja, o vínculo que uma mãe tem com seu bebê é o mesmo que uma pessoa tem com seu pet. É algo químico, emocional e afetivo. Em resumo: sim, mãe de pet também é mãe. A vida moderna, com seus altos custos e rotinas aceleradas, tem levado muitas pessoas a optarem pelos pets em vez da maternidade tradicional”, completa.

Dayana, tutora do Oto, um Lulu da Pomerânia, vê seu pet como parte essencial da família. “Faz parte do meu dia a dia de diversas formas, trazendo companhia, alegria e até benefícios para a saúde mental e física. Ele está presente em momentos de lazer, como passeios e brincadeiras, e até mesmo em rotinas de trabalho e estudo, oferecendo conforto e reduzindo o estresse”, conta. A rotina de Oto inclui alimentação regrada, passeios diários e visitas frequentes ao veterinário.

Hoje, existem shoppings, salões de beleza e até escolas para pets. Além disso, cartórios já emitem certidões de nascimento para animais, e disputas judiciais pela guarda de pets após separações são cada vez mais comuns. No entanto, a sociedade ainda vê essa mudança com certo preconceito.

Ana Lara Vilar

“Muitos acreditam que os desafios da maternidade humana não podem ser comparados aos de criar um animal de estimação, porém, o vínculo emocional pode ser tão forte quanto, mesmo que esse ‘filho’ exija menos da ‘mãe’. E, mesmo com resistência, as chamadas ‘famílias multiespécies’ seguem crescendo. Não duvido que, em breve, veremos leis permitindo que animais herdem bens de seus tutores, como já acontece nos Estados Unidos”, observa Ana Lara.

Enquanto isso, as mães de pet continuam firmes na criação de seus filhos de quatro patas. “As pessoas ficam impressionadas com a relação que mantenho com meu filhote, e eu lido com isso com muita naturalidade, porque, para mim, é algo normal. São situações um pouco diferentes, porém o sentimento que nutro pelo Oto, em muitos momentos, pode ser comparado ao amor maternal”, finaliza Dayana.