Ele representa a quinta geração que administra o Colégio Bittencourt, com 111 anos, sendo um dos mais tradicionais de Campos. Bruno, que tem o sobrenome do Colégio, é pedagogo e aposta toda a sua jovialidade – ainda não chegou aos 40 anos – em projetos que estabelecem um perfil quase único para sua escola.
Ele cita um trecho do hino do Bittencourt, que externa esse compromisso de modernizar a tradição. Trata-se de um Colégio Modelo, que investe em tecnologia, esporte e cultura. Para ilustrar bem tudo isso, basta dizer que, quando em 2022, veio a pandemia, a escola já tinha ferramentas para lidar com aquele momento.
Para o professor Bruno, a receita de um sucesso tão longevo é pensar sempre na escola, como se fosse o seu primeiro dos 111 anos.
Bruno, quinta geração do Colégio Bittencourt, 111 anos, como é que você avalia isso?
Eu acho que o principal ponto, quando a gente analisa a história, sendo a quinta geração, é responsabilidade, o compromisso com o pedagógico, com a Educação que a família, que a escola tem. A minha história é mais curta, diferente do colégio, de todas as outras gerações, mas eu cresci ouvindo do meu pai, da minha avó, dos meus tios, que a prioridade que mantém uma escola, que faz uma escola, é um pedagógico forte e sempre estar à frente do seu tempo. Então, até no nosso hino tem tradição com modernidade. A gente foge do modismo, e sempre trabalha procurando implementar ferramentas pedagógicas, esportivas, o coletivo que todos os alunos vão se beneficiar.
Você disse que o Bittencourt sempre acopla modernidade e a tecnologia. Muitos alunos do colégio têm se destacado no ambiente da tecnologia. Fale um pouquinho disso.
Hoje o jovem hoje, quando vai se formar, quando uma família procura, a gente tem um perfil de alunos que querem aprovação nas melhores faculdades, que é uma disciplina bem tradicional. A gente também tem um estudo específico pré-IFF (Instituto Federal Fluminense) para as escolas técnicas que esses alunos têm, mas alguns alunos querem ficar no Bittencourt, por exemplo, para o ensino médio. Você falou da tecnologia, a parte desse desenvolvimento. Hoje, no nosso Ensino Médio, a gente tem duas matérias, uma em parceria com a Scolabora, que é um curso de empreendedorismo, no qual o aluno tem uma formação completa com planejamento financeiro, com desenvolvimento, elaboração, criação de um novo produto; e a gente tem outro módulo, que é tecnologia com inteligência artificial. Então, a gente consegue aprofundar fora da sala de aula questões que o aluno pode se desenvolver, aplicar, e para quando ele sair do colégio, depois na vida dele adulta, para que ele consiga se destacar no mercado.
Quer dizer que é um campo aberto para ideias?
Sim. Nossos professores aprendem diariamente com nossos jovens, com as crianças. Hoje, a tecnologia, o celular até foi proibido na sala, na escola, mas o aluno tem formação muito rápida. Então, se a gente não tiver um corpo docente, uma estrutura na escola para apoiar, ele vai procurar essa informação, ele vai tentar fazer da maneira dele. Então, a gente tem que estar preparado, tem que ter recurso e estrutura para conseguir desenvolver e trabalhar junto com ele. Ao entrar em um colégio de 111 anos, no caso, o nosso, você vai perceber essa atmosfera moderna. A gente tem um projeto em que todos os anos, um aluno que se forma no Colégio Bittencourt vira funcionário do colégio por um, dois anos. Então, ele consegue trazer a realidade dos alunos para dentro da direção, para dentro da coordenação. Temos sempre um ex-aluno nosso, ou dois recém-formados, trazendo os anseios, as novidades. A gente escuta muito eles para estar sempre atualizando e não ficar uma escola onde os mais velhos têm a razão e os mais novos têm que sentar e escutar. Tem dado muito certo.
Bruno, uma pergunta inevitável: estão chegando a Campos franquias de educação de redes nacionais. Como você vê isso?
Eu posso dizer que isso nos entusiasma, porque, quanto melhores concorrentes chegarem à cidade, o nível da educação vai subir. Se o nível da educação subir e os pais tiverem comparativo com outras escolas, vão sempre perceber o quanto o Bittencourt, sendo um colégio tradicional, familiar, está moderno, está atualizado. Temos o perfil para todos os alunos.
E a tradição no esporte?
O esporte, hoje, é um dos pilares do Bittencourt. O esporte é primordial para qualquer criança, qualquer adulto, então a gente tem times competitivos, a gente tem treinamentos, a nossa educação física desde o infantil faz toda essa parte do trabalho, das regras dos jogos, da psicomotricidade. No vôlei, handball, time de basquete, time de futsal. Por exemplo, a nossa professora de vôlei é uma medalhista olímpica da nossa região, Janina. O nosso professor de futsal, Max, é referência no Estado de futsal. E um grande diferencial, de novo, que eu estava te falando um pouco antes… os nossos times são formados por alunos do Bittencourt. Então, quando você vê um time nosso jogando, você sabe que ali são alunos do Bittencourt. Se o time está tendo resultado, é porque ele se desenvolveu dentro da escola. A gente não contrata, entre aspas, crianças para jogar, para representar a escola.
Vocês também têm a experiência de dois turnos no pré-escolar e no fundamental. Como funciona?
Temos no infantil e no fundamental a opção do integral. O integral nas grandes capitais e outros países já é uma realidade. Hoje, em Campos, está cada vez mais comum o pai e a mãe trabalharem. Então, os pais precisam que a criança vá para escola, faça suas atividades na escola, estude, almoce, faça lição, faça reforço, pratique esporte. Temos o integral completo, no qual a criança tem o descanso, tem a lição, tem o reforço, tem o esporte que ela escolhe, tem alguma atividade extracurricular dentro do seu perfil.
Falamos de esporte. Podemos falar de cultura?
Temos que falar. Os projetos culturais do Bittencourt, a cada ano que passa, ganham mais relevância. Alguns projetos que a gente tem, como o Festival de Curtas, que são filmes que os nossos alunos preparam com uma duração de sete minutos, inspira muitos. Temos o nosso teatro, que em 2024 encerramos o ano letivo com uma apresentação do Trianon. Tratamos a cultura como criação coletiva, em que todos participam de uma maneira ou de outras, conforme a aptidão. Culturalmente temos o que chamamos de ‘estudos do meio’, que são viagens pedagógicas, que a gente consegue conciliar, coincidir, andar juntos. Vamos para São Paulo, para o Sul, para Espírito Santo, para a Região Serrana e também pontos de memória de Campos. Campos é uma cidade riquíssima de pontos que muitas vezes o campista não visita, não conhece.
O colégio Bittencourt, eu já ouvi isso, foi um exemplo de recuperação do tempo perdido na pandemia. Como é que você avalia essa afirmação?
Na verdade, se você olhar o histórico, realmente a pandemia e a pós-pandemia, atesta bem isso. Tudo isso tem a ver com aquela questão que eu te falei de estar sempre à frente do seu tempo. Fato é que estávamos à frente, acelerando a questão pedagógica. Então, o colégio já estava equipado. Todas as nossas salas têm projetor, computador. Antes da pandemia, a gente já trabalhava com aulas gravadas. A pandemia trouxe todas as famílias para essa realidade e a gente estava pronto, à frente de outras escolas. Posso afirmar que a gente já tem muitas coisas no nosso dia a dia que estão à frente do tempo. Já usávamos ferramentas que muitas escolas passaram a usar depois.
Como que uma empresa familiar ultrapassa a marca dos 111 anos?
É muito tempo. Eu acho que o segredo de o Bittencourt durar 111 anos vem do modelo de administração sempre atualizado nestas cinco gerações. É uma escola pensando integralmente no pedagógico. Os primos, os sócios, a família, vêm em segundo plano. Então, o dinheiro, o investimento, o recurso é pensado com os nossos colaboradores, e para os alunos. Estamos pensando sempre na escola, pensando no crescimento, pensando na estrutura da escola. Se você perguntar para qualquer aluno, qualquer família que está com a gente, vai testemunhar isso. Está no discurso do meu pai, no da minha avó, no meu.