Advogado por formação, ele já passou um pouquinho dos 40. Casado, pai de suas “princesas”, como se orgulha em dizer, Frederico de Mattos Rangel, o Fred, vereador de segundo mandato, terá, na terça-feira, 18 de fevereiro, seu batismo como presidente da Câmara de Vereadores de Campos.
Do alto de quem obteve quase cinco mil votos, Fred tem um tom conciliador e diplomático e acredita que a Câmara, que viveu episódios de discórdia, está pacificada.
Nesta entrevista, ele afirma que pretende incentivar as sessões presenciais e, de forma natural, convencer os vereadores a voltarem a usar a gravata. Fred, que é filho do ex-vereador Jorge Rangel, com várias legislaturas em seu currículo, vê a boa política como tradição.
Já conversou com todos os seus pares, inclusive os da oposição. Sobre Tamires Rangel (PMB), a vereadora mais jovem do país, que se apresenta como independente, diz que ela representa a volta da mulher à Casa.
O Sr. está no seu segundo mandato, sendo reeleito com quase cinco mil votos. A posse oficial já aconteceu em janeiro e a primeira sessão será esta semana, sob a sua presidência. Preparado?
Sim, nos preparamos bastante. Temos consciência da nossa responsabilidade na presidência do Legislativo de um município tão importante como Campos. Sabemos que o nosso perfil conciliador nos ajudou muito, nos conduziu para exercer esta presidência. E eu espero que os trabalhos fluam da melhor forma possível, mesmo sabendo que existem interesses muitas vezes antagônicos entre a base e a oposição.
O Sr. acredita nessa pacificação?
Eu acredito que sim e vou trabalhar todos os dias para que isso ocorra. Tenho um diálogo muito importante com a oposição, me relaciono bem com todos os vereadores da oposição, com exceção da Tamires, que se declara independente, mas vamos nos aproximar. Mas os vereadores, os cinco vereadores da oposição, eu tenho um contato permanente e acredito, sim, que dá para fazer uma política de excelente nível. É uma Casa de Leis e de idéias, e os conflitos vão sempre existir, mas espero e trabalho no sentido de que se busque em todas as questões um denominador comum.
A Câmara vai criar uma Comissão de Segurança Pública?
Eu recebi essa sugestão do vereador Sub Jackson e vejo com muito bons olhos. Nós temos na casa 24 comissões, dentre as quais quatro são permanentes e 20 de trabalho, e a gente não pode alterar esse quantitativo, mas já vimos que tem comissões que têm funções afins, e aí abriria uma brecha para a gente estar criando essa Comissão de Segurança Pública, inclusive já. A Segurança Pública é um tema sensível e um compromisso de todos, não sendo apenas uma competência do Governo do Estado, mas de todos os poderes. Já existe uma opinião pública formada neste sentido.
O senhor falou da Tamaris, que é a vereadora mais jovem do país e optou por ser independente. Vai ser tratada com carinho?
Com certeza e com muito respeito. E como muita satisfação, depois de muito tempo, a gente recebe uma vereadora aqui na Casa de Leis e falo da postura dela como independente porque ela já se manifestou assim, inclusive, no dia da nossa posse, no dia 1º de janeiro. Acho que teremos uma relação muito cordial e que atenda os interesses da população. Como eu falei anteriormente, a gente não tem grandes contatos. Tenho mais contato com o pai, o deputado Thiago Rangel, mas com ela, é questão mesmo de tempo. Tenho certeza de que teremos uma boa relação.
O Executivo vai demandar alguns projetos como a reforma administrativa. Preparado para o desafio?
Então, na verdade, a nossa expectativa é pela reforma administrativa do Executivo, diante de um acordo assinado junto ao Tribunal de Contas do Estado, foi celebrado o TAG, Termo e Ajustamento de Gestão, no qual a Prefeitura se comprometeu a acabar em um período de dois anos com a modalidade de RPAs e, para isso, é preciso elaborar na forma de lei caminhos para que essa mão de obra seja absorvida. Numa dessas modalidades é a criação de cargos comissionados. Teremos muito trabalho sim e estamos preparados.
Campos é uma cidade-pólo. Como andam as relações com as Câmaras dos municípios vizinhos?
Você deve estar se referindo ao Parlamento Inter-regional que reúne as Câmaras Municipais das cidades do Norte e Noroeste, formada por 22 municípios. Eu vejo esse movimento com bons olhos. Por ocasião da inauguração da Ponte da Integração, na semana passada, estive com presidentes de Câmaras da região e chegamos a falar até um pouco sobre isso, mas vamos avançar, pois os trabalhos estão apenas começando. Aproveito aqui, como falei da Ponte da Integração, para elogiar a acertada decisão de dar o nome deste equipamento ao saudoso deputado João Peixoto. Homenagem merecida.
E aquele modelo da Câmara Itinerante?
Não se pensa nisso. Eu acredito que a Câmara, claro, tem que ser participativa e atrair todas as atenções da população, ouvindo sua voz. A Câmara, durante muito tempo, se afastou um pouco, mas essa necessária reaproximação é feita através de outras ferramentas. Quero, como presidente, voltar a fomentar a Escola Municipal de Gestão do Legislativo (Emugle), que tem uma função social muito importante junto à população. Acho que vamos avançar muito com isso.
Como funciona essa ferramenta?
Então, a Escola Legislativa nasceu, se não me engano, em 2013, com a função de desenvolver serviços para a população, e num primeiro momento foi muito importante, promovendo várias atividades voltadas para aproximar realmente a população da Casa Legislativa, Mas meio que se perdeu por um tempo. Existia um fundo da Câmara, que era atrelado também à Emugle, e isso ajudava a impulsionar as atividades. Hoje, esse fundo já não existe mais por conta de uma lei federal, salvo engano, que há dois anos não permitiu mais que tivesse o fundo, inclusive, nós, na legislatura passada, votamos a extinção desse fundo. Mas acho que com boa vontade dá para gente voltar a fomentar a escola para que ela volte a cumprir essa missão institucional junto à população.
Na terça-feira, dia 18, acontece a 1º sessão. Todos devem estar presentes. Posteriormente, como serão as sessões, me refiro às virtuais. Pode falar sobre isso?
Nossa primeira sessão legislativa vai ser na próxima terça-feira, dia 18, quando iniciaremos os trabalhos do biênio. Vamos manter o horário das 17h para as sessões, as reuniões sempre às terças e quartas-feiras, e essa questão da sessão híbrida, a gente vai olhar com carinho, porque eu acredito que os vereadores presentes fisicamente nas sessões geram mais engajamento. É mais envolvente. Então, se ele está no gabinete, ele pode vir para a sessão e, de repente, conversando com todos os colegas, a gente consiga optar apenas pela sessão física mesmo.
Com exceção da Câmara de Vereadores do Rio, que é um Palácio, a de Campos tem o prédio mais notabilizado, e muita gente querendo fazer festa na entrada, fotos, etc. A Casa está aberta?
Eu sou um admirador da nossa Casa desde a época que ainda funcionava aqui o Fórum de Justiça, e não poderia ser diferente como advogado. A Casa é do Povo, e essa interatividade é sempre muito boa.
Para fechar: o senhor quer estimular a volta do uso da gravata no plenário. É fato?
A gente entende que o cargo, a liturgia do cargo, prevê a observação de certos requisitos. Meu pai já foi vereador por diversos mandatos. Eu sempre acompanhava as sessões e vi ali os vereadores usando a gravata, sendo até um ato de respeito para com a população. Você vai na Câmara dos Deputados em Brasília, todos usam gravatas, o mesmo acontecendo em várias Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. Mas não teremos lei para cobrar isso. Vamos conversar com todos os pares. Queremos que seja algo orgânico.