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As palavras envelhecem

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Eliana Garcia
Por Eliana Garcia
27 de outubro de 2024 - 7h08

Perguntei à minha neta qual era o nome de determinado conjunto. Ela me respondeu espantada:

– O que, vó? (Na verdade ela me chama de vovozinha desde pequena) Conjunto? É crooner ou o líder da banda. Você fala umas coisas estranhas…

As palavras têm idade e quem já viveu umas boas décadas acompanhou a história de boa parte delas. Elas são “seres” vivos: nascem, se multiplicam e, muitas vezes, chegam a morrer. Nesse processo, algumas palavras tornam-se mais expressivas e populares, outras mudam de sentido e há aquelas que somem do vocabulário usual. Na verdade, elas não morrem propriamente. Ficam adormecidas, nos dicionários ou na memória de pessoas assim como eu, acorde-as de repente. 

Em tempos de internet, temos a impressão de que as palavras vivem menos devido aos modismos. Elas surgem e desaparecem bem mais rápido. Ainda temos as abreviações do internetês.

Existem dicionários que registram vocábulos que sumiram do mapa e outros que desapareceram ou estão por desaparecer juntamente com os objetos a que dão nome como por exemplo “datilografar”. A máquina de escrever desapareceu e todas as palavras referentes a ela foram junto. O mesmo aconteceu com “rebobinar” a fita da locadora.

E as palavras borocoxô, supimpa, chumbrega, munheca, convescote e víspora? Quem as conhece?

À medida que o tempo passa, a Língua Portuguesa como todas as outras sofrem alterações nas modalidades escrita e\ou falada. As mudanças ocorrem tanto na forma (pharmácia\farmácia) quanto no significado. No passado (metade do século XIX), a palavra barbeiro era usada também para quem exercia a medicina e a odontologia aqui no Brasil e em Portugal. Mas como os resultados eram, muitas vezes, desastrosos, a palavra barbeiragem passou a ser usada como sinônimo de incompetência.

A Língua Portuguesa é fascinante, mas envelhece sim, mas tudo isso é sinal de evolução, de dinamismo, de vida.