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Nas Gerais – (Parte II)

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Eliana Garcia
Por Eliana Garcia
22 de setembro de 2024 - 0h01

Kumi, o vigoroso, nome que trouxe de longe, aqui recebeu a alcunha de Rufino.

Rufino tudo via e ouvia por aquele casarão sem fim. Tantos mandos e desmandos,

silêncios e gritaria. No momento, nos olhos dos presentes,uma só indagação: quem será o sucessor ou sucessora?

Além da tensão do ocorrido, o criado carregava a dor pesada da saudade da sua Costa da Mina e a dor física das incontáveis chibatadas que recebera na vida.

Agora o tempo lhe dera uma trégua. Porém, ele sofria pelos conterrâneos que trabalhavam em regime escravo e eram comercializados de acordo com os interesses do senhor da fazenda. Os escravos eram considerados propriedades a serem exploradas economicamente.

Rufino sabia fazer contas e se revoltava pelos companheiros que continuavam no regime da chibata.

Por um momento, ele abandonou esses pensamentos e saiu da sala. Aquele preto alto, dorso largo, boca carnuda,olhos profundos,passos firmes… Impossível não observar aquela figura. Belo homem! Trinta e poucos anos? Quarenta?

Era fácil identificar as sete filhas do Barão: Maria Pia, Maria Celeste, Maria do Céu, Maria da Glória, Maria Emília, Maria Augusta e Jordana. Elas rodeavam o esquife.

Na cabeceira, a Baronesa Áurea Augusta Sales dos Reis Monteiro, silenciosa e com a expressão indecifrável.

Os genros faziam parte de rodinhas masculinas de conversas, inclusive Samuel.

Todas as mulheres vestiam luto fechado. Só Maria do Céu trazia um broche de camélia rosa avermelhada na parte superior da blusa.

Onde estaria José Augusto, o filho homem, do Barão?

Certamente as pessoas presentes,no  velório, se faziam essa pergunta e iam além: “Deve estar na vila com alguma rapariga. Nisso, puxou ao pai.”

As badaladas do relógio carrilhão interromperam todos os pensamentos. Hora do enterro.

E assim, “Nas Gerais”, a narrativa que nasceu, na semana passada, vai avançando devagar em direção a um sertão maior.