Papai gostava muito de contar histórias: A festa no céu, O bicho folharal, O vaqueiro e a caveira, A reunião dos bichos, entre outras. Geralmente eram contos folclóricos.
Nesses momentos, papai tanto narrava quanto fazia a sonoplastia. A “voz” dos animais, então, era uma graça. Ríamos muito.
Ah, meu pai! Quantas saudades da sua alegria, da sua fé na vida, no trabalho e de todo exemplo de honestidade e retidão que nos deixou.
Certa vez, ele nos contou a história “A reunião dos bichos” onde eles apresentariam suas potencialidades.
Os animais com patas foram os primeiros a chegar. O macaco chegou logo e se colocou no ponto mais alto. Um tempo depois, chegou a cascavel ficando um pouco afastada.
O leão iniciou a reunião:
– Sou o mais bravo de todos. Quando turro, todos correm. Mato a lebre, a onça, o veado…
– E você, dona onça? – perguntou o macaco.
– Só respeito o leão, os outros, eu traço. E ainda coloco homens e cachorros para correr.
– E você, cachorro?
– Sou mais fraco que Dona onça, mas consigo acuá-la. Já o veado, eu mordo, mato e como.
– Pobre veado! E você, qual bicho você come? – quis saber o macaco.
– O cachorro e o caçador me perseguem, o leão e a onça me matam e comem a minha carne.
A onça logo lambeu os beiços. Todos os outros bichos se desesperaram. Foi quando o macaco se lembrou da cascavel e indagou sobre seu poder.
– Eu não sou forte, não tenho patas, sou lenta e me arrasto pelo chão, não turro, não chamo atenção, mas basta uma picada.
O macaco tratou de logo encerrar a reunião dizendo:
– Vejam só! O que menos faz barulho é o mais perigoso.
E papai terminava a história certo de que tinha nos ensinado alguma coisa boa. E nós éramos felizes por isso. Simples assim.