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Falando com conhecimento de muitas causas

Ângelo Rafael vislumbra que em cinco anos o perfil da economia de Campos será outro

Entrevista
Por Aloysio Balbi
11 de agosto de 2024 - 7h01
Foto: Josh

Dos seus 51 anos, 30 deles foram fazendo políticas no mesmo grupo. Ocupou em duas administrações a Secretaria Municipal de Governo, um segmento estratégico que exige a comunicação e compreensão com toda a estrutura dos serviços públicos. Ângelo Rafael Barros Damiano, pai de Vinícius de 18 e Matheus de 10, fala de três décadas dedicadas à arte de fazer política. Mostra conhecimento ao fazer um rol das potencialidades de Campos em diferentes segmentos. Prevê que nos próximos cinco anos, Campos estará em outro patamar, pois está na rota do desenvolvimento, e que projetos estruturantes em diversas áreas irão atrair indústria, mudando o perfil econômico da cidade.

Como campista qual a sua avaliação do município? Como é que você vê Campos hoje?
Eu vejo Campos, hoje, uma cidade se projetando para o futuro. O prefeito Wladimir pegou uma cidade destruída pela gestão anterior e começou a fazer um trabalho de captar recursos no momento em que a cidade estava economicamente e financeiramente no fundo do poço. Conseguiu dinheiro novo, colocando três folhas de pagamento em dia e colocando a cidade, que ela um trem desgovernado, no trilho. Existe um trabalho imenso em curso de atrair empresas, principalmente indústrias para Campos.

E como você vê Campos daqui a cinco anos?
Campos é o maior município em área territorial do estado com 4.036 quilômetros quadrados e mais de 500 mil habitantes. Necessariamente, não é preciso ser visionário para acreditar no município que, dentro de cinco anos, teremos outro perfil, porque muitas coisas em andamento terão sido consolidadas, como o segundo tempo da exploração de petróleo na Bacia de Campos. A autoestima da população já aumentou e aumentará ainda mais. Campos não é uma ilha e não pode viver isolada. Neste momento, ela é predestinada ao crescimento em todas as áreas, pois reunimos todas as condições para isso.

São 30 anos, digamos assim, no mesmo grupo político. Isso você considera uma marca positiva?
Estou há 30 anos na vida pública, comecei, iniciei com meu tio Chico Barros, um articulador político, e, naquela época, veio a forma de poder estar ajudando as pessoas. Quando a pessoa entra para a vida pública o objetivo é poder servir e assim tudo começou. Essa foi a minha primeira oportunidade de poder ajudar as pessoas. Então, entrei no grupo, na campanha, em 1994, para governador, para Campos fazer o primeiro governador do estado da história. Era muito jovem. Mas, antes, na época do grêmio estudantil da então Escola Técnica Federal, onde estudei, participava efetivamente do movimento estudantil. Depois, aconteceu o mesmo no diretório da Faculdade de Direito de Campos. Então, sempre gostei da boa política, e estou há 30 anos no mesmo grupo.

Você vem de uma experiência de uma secretaria municipal muito estratégica. Como foi isso?
Eu estive secretário de governo no governo da Rosinha e fui subsecretário de governo do Garotinho e no governo do Wladimir fui o secretário de governo novamente. Agora, inicio um novo ciclo na minha vida e, todo esse tempo de vida pública, tive a oportunidade de percorrer todo o município de Serrinha, Santa Eduardo, Mata da Cruz e todos os lugares. Apesar do compromisso institucional que tem uma secretaria de Governo, eu também conheço a cidade, suas potencialidades e suas dificuldades. A necessidade de Serrinha é uma, a necessidade de Santo Eduardo é outra, de Farol outra, de Lagoa de Cima é outra. A gente faz uma radiografia e percebe tantas vocações em cada um desses lugares com turismo de veraneio e ecológico, o próprio turismo ecológico. Áreas de terra fértil para o agronegócio. Tudo isso com o olhar, também, na área urbana. O Centro é o equilíbrio de tudo e temos o foco nele também. Atuei em uma secretaria estratégica e acumulei experiências.

A questão da revitalização do Centro para ser algo premente. Considera assim?
Lógico. A revitalização do Centro de Campos está na pauta. Campos enfrenta o mesmo problema das cidades grandes. O crescimento de bairros e distritos implica em transferência física de comércio e serviços. Então, temos que incentivar oportunidades na área central, como estão fazendo outras cidades no mundo, não só no Brasil. Incentivar moradias no Centro. Precisamos fazer com que as pessoas voltem a circular por essa área central. Já tempos o projeto Retrofit para viabilizar a habitação e certamente essas ações serão acentuadas em um segundo momento.

E a questão do agronegócio, não é um campo a ser revitalizado?
Nosso município é uma planície que tem vocação agrícola e muita tradição na agricultura. É preciso ter um olhar também muito focado neste segmento. Temos o vice-prefeito que representa o setor canavieiro, que é o mais tradicional da nossa cidade, que está muito voltado para isso e recuperando espaço, com esse novo formato que se chama agronegócio. Nós temos água e uma malha de canais artificiais com capacidade para irrigação. Esses canais estavam abandonados e agora estão sendo limpos. Já existem empresários querendo investir em soja aqui, com plantio em larga escala, justamente por causa do porto. São inúmeras as possibilidades do agronegócio, sem descuidar do incentivo para a agricultura familiar.

Você vem da área do ensino técnico. Qual sua expectativa para capacitação de jovens para esse mercado?
A educação é tudo. É a base. Lugar de crianças é na escola. Uma coisa que eu tenho vontade de lutar é a questão de incentivo também no esporte para as crianças. Aqui já foi falado uma vez, bom de bola e bom na escola. Valorizar mais o ensino infantil junto ao esporte, por isso motivar para as crianças e os jovens do futuro. Acabamos de ver, por exemplo, os Jogos Olímpicos. É um período que eu vejo meus filhos, que são pequenos ainda, vendo as Olimpíadas e se emocionando, gostando de esporte. Quanto à capacitação, temos um polo técnico e universitário de alto padrão.  Vamos ter, sim, cada vez mais mão de obra qualificada. Eu tenho a formação técnica, com experiência também no comércio. Meu avô, Damiano, era comerciante. Tinha uma joalheria na rua 13 de Maio e cresci aprendendo com ele. Conheço as potencialidades e as dores do comércio. Tenho dois irmãos que são comerciantes.

Em sua avaliação como está a Saúde no município?
Buscamos recursos para a Saúde. Foram emendas, parcerias com o Governo do Estado. Uma ampla reforma do HGG. O Hospital foi todo reestruturado. O Ferreira Machado está passando por reformas, e as unidades básicas de saúde também. A Saúde avançou muito. O SOS Coração é uma grande referência. Então, também vejo um grande avanço. É lógico que tem problemas, que a pasta impõe desafios permanentes. Temos rede conveniada e também hospitais privados de excelência. O próprio Grupo IMNE, o Dr. Beda é um grande hospital de referência do Estado.

E a questão tributária?
Eu tenho uma sensibilidade sobre esse tema. O contribuinte deve pagar o justo e o município entregar sempre mais serviços. A questão tributária tem que estar alinhada a nível nacional. Uma compensação depende de um estudo, de um critério mais técnico, que tem que ser avaliado, até porque a carga tributária, hoje, para o empresário é muito grande, digo, para todos e não falo somente de tributos municipais. Então, dentro do município, precisamos ter uma imersão. Esse é um amplo debate. Tecnicamente estamos preparados.