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As palavras envelhecem

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Eliana Garcia
Por Eliana Garcia
7 de julho de 2024 - 7h08

As línguas são organismos vivos e por isso sofrem a ação do tempo. Elas não perdem totalmente a tonicidade do seu poder de comunicação, mas muitas palavras, com o passar do tempo, apresentam rugas de velhice.
Quem já viveu boas décadas pode comprovar essa jornada das palavras no tempo. E quem utiliza aquelas mais antigas, querendo ou não, demonstram a própria idade.

Nesse processo, novos vocábulos surgem mais viçosos, empalidecendo outros que acabam caindo em desuso, como por exemplo: borocoxô, supimpa, chumbrega, munheca, convescote, botica, víspora. Significam respectivamente: triste, algo bom (legal), coisa estranha, pão-duro, piquenique, farmácia e bingo.

Existem dicionários que registram os vocábulos que, ou sumiram do mapa ou que ganharam novos significados. Essas iniciativas são importantes, especialmente, para os jovens que sentem dificuldade ao ler os clássicos da literatura nacional, além de apresentarem palavras que desapareceram ou estão por desaparecer juntamente com os objetos a que dão nome. A máquina de escrever desapareceu e todas as palavras referentes a ela também. O mesmo aconteceu com a expressão rebobinar a fita.

Na verdade, elas não morrem propriamente. Ficam adormecidas em algum lugar do passado, na memória dos mais vividos, na pena de escritores que, às vezes, recorrem a elas.

Outro dia, perguntei à minha neta: “Qual o nome do CROONER daquele CONJUNTO?” Espanto geral.Crooner, conjunto? Precisei atualizar a frase: “Qual o nome do VOCALISTA da BANDA?” E ela me disse: Vovozinha,(ela me chama assim até hoje), você, às vezes, fala umas coisas estranhas…

Agora, se você não quer dar nenhuma pista da sua idade, cuide do seu vocabulário, pois quem fala crooner, toca-discos, domingueira, broto, carango e outras já passou dos cinquenta há tempo, o que, na verdade, um privilégio.