Produtor rural de sucesso, Igor Abreu, 37 anos, é pré-candidato a vereador com um discurso diversificado, que engloba avanços na agricultura, industrialização e resolução do problema do transporte público de Campos, formatando essas e outras demandas na forma de leis.
Com um discurso equilibrado, Igor tem um tom entusiasmado quando o assunto é economia e gosta de falar um pouco sobre tudo. Tem um carinho imenso por Travessão, onde foi criado. Não se conforma diante do fato de que há duas legislaturas o distrito, que é um dos mais populosos de Campos, não tenha representante na Câmara.
Lembra que Travessão foi onde nasceu Rockfeller de Lima, prefeito de Campos por duas vezes, e que vem a ser primo do seu pai. Habilidoso com os argumentos, Igor coloca na conta da falta de diálogo a existência de alguns problemas na cidade.
Como produtor rural, certamente o setor agrícola é seu foco de atuação. Como você avalia este segmento em Campos?
A agricultura precisa ser mais valorizada em Campos. Ela gera empregos. Durante a safra de cana-de-açúcar são milhares de postos de trabalho no município. No 7º distrito, em Travessão, isso é bem latente e os empregos são necessários em todo o município. Eu fui criado em Travessão, onde foi despertada minha vocação para o agronegócio. É preciso intensificar a atenção do poder público neste segmento da economia. Precisamos de infraestrutura em termos de estradas, como também máquinas e tecnologia para os produtores. Inovar no campo é extremamente necessário.
Fale um pouco do relacionamento que você já tem com agricultores, pequenos empresários e comerciantes.
O que deu força para vir nessa segunda tentativa como vereador em Campos foi o apoio de um grupo de empresários, desde produtores rurais até comerciantes. Falo não apenas de Travessão, mas de outras áreas do município. Há oito anos, Travessão não tem representantes no Legislativo Municipal, apesar de ser um dos distritos mais populosos do município. Mas volto a frisar que a proposta é atenção plena às demandas de todo o município. A questão do produtor rural, do pequeno produtor, da agricultura, será sempre um compromisso. Mas no âmbito geral, o compromisso se estende a todos os segmentos da economia e de todas as demandas de Campos. Por isso, esse grupo tem um elenco de propostas que vai nortear nosso mandato. Falo desde propostas de leis até a plena atenção na fiscalização do Executivo Municipal.
Travessão é berço da política de Campos, onde nasceu Rockfeller de Lima, prefeito de Campos por duas vezes. A tradição será retomada?
Rockfeller de Lima foi um grande prefeito, embora não tenha vivenciado essa época. Mas somos parentes e, exatamente por isso, estudei um pouco os dois mandatos dele pela Prefeitura de Campos. Foi um político de excelência. Rock era primo do meu falecido pai. São duas referências para mim. Se Deus quiser, como vereador, quero deixar um legado nessa passagem pela Câmara de Vereadores.
Como empresário rural, você é contra a reforma agrária?
Não, jamais. A gente, do setor agrícola, reconhece a reforma agrária dentro da lei, a partir dos critérios estabelecidos, e com ferramentas para que essas pessoas possam produzir e não fiquem apenas assentados, para depois vender terras; queremos que os beneficiados por uma reforma agrária se tornem produtores rurais e não massa de manobra. Sou contra politizar, colocar ideologias neste tema.
Você, além de cana, opera com pecuária de corte. Como vê essa questão da exportação de gado vivo pelo Porto do Açu em São João da Barra?
Essa é uma grande oportunidade para toda a economia fluminense e até para estados vizinhos. Acredito que essa proposta que precede uma logística de ponta possa ser um grande diferencial da pecuária de corte da região. Temos que aproveitar todas as oportunidades que o Porto nos oferece.
Falamos até aqui de agronegócio, indústrias, mas existem outras demandas importantes no cotidiano do cidadão. Qual a sua percepção sobre isso?
Acho que o setor do transporte está deixando muito a desejar na nossa cidade. Fala-se muito em sistema de integração e pouco foi feito. E essa questão do transporte é profunda, porque impacta a questão do emprego. A cidade não tem transporte e desta forma tudo é imprevisível para quem se locomove. Afeta a questão do emprego, porque o empregador não pode contar com a pontualidade do seu funcionário, que passa a ser a grande vítima deste sistema, que antes funcionava e que foi desmanchado. Uma cidade de meio milhão de habitantes, com toda essa extensão territorial, não pode funcionar sem transporte público. Somos o município de maior população fora da Região Metropolitana do Estado. Somos o município de maior extensão territorial; essa questão do transporte é prioridade total. Veja que tudo está interligado, quando falamos de economia, de empregos e tudo mais. O transporte está incluído nesse contexto e acho que esse será um dos grandes desafios. A Câmara tem que cobrar. Esse assunto terá que ter um tratamento diferenciado. Eu conheço pessoas do setor de transporte, digo empresas, que não conseguem dialogar com o IMTT (Instituto Municipal de Trânsito e Transporte), responsável por tudo isso. Outro desafio é a Saúde em todos os seus níveis.
Politicamente, você parece dar muito valor ao diálogo. Defende isso?
Certamente. Temos uma candidata a prefeita de Campos, que é a Delegada Madeleine, que esperamos ser eleita e vamos trabalhar para isso. Se ela for eleita, vamos trabalhar juntos, cobrar e fiscalizar. E não mudaremos nossa posição diante de outro mandatário eleito: também, vamos trabalhar juntos quando o interesse for de caráter público. Também iremos cobrar e fiscalizar. Dialogar, sempre.
Você vem de uma família de empreendedores; seu pai foi um empresário de sucesso e morreu cedo. Fale um pouco da sua vida. Como foi superar a perda?
Meu pai morreu com pouco mais de 40 anos e eu tinha apenas 14. O saudoso Nilo de Souza Neto, que os amigos chamavam de “Nelinho”, foi realmente um empresário muito bem-sucedido. Aprendi com ele a ajudar pessoas. Tenho um grande orgulho dele. Ele me inspira todos os dias. Perdi meu pai na minha adolescência e tive que fazer meu caminho desde então, com a minha mãe, Solange, professora, hoje aposentada. Tive que ter maturidade precoce e hoje só tenho gratidão à vida.