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Uma economia tecida a mãos: O mercado de 100 bilhões de reais do artesanato

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Economia
Por Sandro Figueredo
14 de junho de 2024 - 14h20

O artesanato, muitas vezes visto como uma atividade tradicional e cultural, tem se revelado uma força econômica cada vez mais significativa. Movimentando cerca de 100 bilhões de reais anualmente no Brasil, essa economia envolve milhões de artesãos e abrange uma vasta gama de produtos que vão desde vestuário e decoração até alimentos e cosméticos.

O mercado de artesanato é vasto e diversificado e reflete a riqueza cultural do país. De acordo com dados recentes, o setor movimenta cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) por ano. De acordo com o IBGE, essa cifra impressionante é fruto do trabalho de cerca de 10 milhões de artesãos espalhados por todas as regiões do país. O artesanato não só gera renda para milhões de famílias, mas também fortalece a economia local e regional, promovendo o turismo e a sustentabilidade.

O artesanato brasileiro é dividido em vários setores principais, cada um com suas particularidades e contribuições econômicas; a têxtil e moda que inclui desde roupas feitas à mão até acessórios e joias. As rendas nordestinas, por exemplo, são altamente valorizadas tanto no mercado interno quanto no exterior; Decoração e utilitários como cerâmicas, móveis e itens de decoração são muito procurados. O artesanato em madeira de Minas Gerais e a cerâmica marajoara são exemplos de sucesso; Alimentos e bebidas artesanais como queijos, doces e cachaças artesanais ganham cada vez mais espaço no mercado gourmet; E cosméticos naturais como cremes, sabonetes e outros produtos de beleza feitos com ingredientes naturais e técnicas artesanais estão em alta demanda.

Além de seu valor econômico, o artesanato desempenha um papel crucial na preservação e promoção da cultura brasileira. Cada peça de artesanato conta uma história, representando tradições e saberes passados de geração em geração. Esse aspecto cultural não só enriquece a vida dos consumidores, mas também proporciona uma identidade e orgulho aos artesãos.

O artesanato é uma importante fonte de emprego, especialmente em áreas rurais e comunidades fora dos centros econômicos. Muitas vezes, é a principal forma de sustento para famílias inteiras. Além disso, promove a inclusão social, oferecendo oportunidades de trabalho para mulheres, idosos e pessoas com deficiência, que enfrentam barreiras no mercado de trabalho formal.

Ao valorizar o artesanato, estamos também preservando as tradições culturais, já que cada localidade dos municípios, regiões dos estados e do Brasil tem suas técnicas e estilos únicos, que refletem a história e a identidade local. Apesar de sua importância, o setor de artesanato enfrenta inúmeros desafios. Entre eles, destacam-se a informalidade, a falta de acesso a mercados, e a necessidade de capacitação e modernização.

Grande parte dos artesãos trabalha na informalidade, o que limita seu acesso a benefícios sociais e a financiamento. A formalização dos negócios artesanais é essencial para que esses trabalhadores possam crescer e se desenvolver economicamente.

O acesso a mercados mais amplos, tanto nacionais quanto internacionais, é um desafio constante. Muitos artesãos enfrentam dificuldades em comercializar seus produtos fora de suas comunidades locais e até mesmo em suas comunidades locais. O uso de plataformas digitais e a participação em feiras e eventos são estratégias que ampliam esse alcance, além das feiras estaduais, nacionais e internacionais realizadas pelo Brasil.

A capacitação profissional é importante para que os artesãos possam aprimorar suas técnicas e gerir melhor seus negócios. Além disso, a modernização de processos e o uso de novas tecnologias podem aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos. A precificação correta e criação de um modelo a ser produzido podem ser auxiliados por meio de aplicativos que estão a disposição em plataformas.

A criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), em 2003, foi um marco importante para o fortalecimento do artesanato e outras formas de economia solidária no Brasil. A SENAES, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, tem como missão promover políticas públicas que favoreçam o desenvolvimento da economia solidária, contribuindo para a geração de emprego e renda e a inclusão social.

Os principais objetivos da SENAES são fomentar empreendimentos, apoiando a criação e o fortalecimento de empreendimentos econômicos solidários, incluindo cooperativas, associações e grupos de produção artesanal; Oferecer programas de capacitação e formação para artesãos e outros trabalhadores da economia solidária, visando a melhoria de técnicas produtivas e de gestão; Promover a inserção dos produtos artesanais em mercados nacionais e internacionais, facilitando a participação em feiras, exposições e plataformas de comércio eletrônico; Facilitar o acesso a linhas de crédito e financiamento específicas para empreendimentos de economia solidária.

O artesanato está intrinsecamente ligado à sustentabilidade. Muitos artesãos utilizam materiais reciclados ou naturais, e suas técnicas geralmente têm baixo impacto ambiental. Com o aumento do consumo consciente, os produtos artesanais ganham mais valor e atraem consumidores que buscam alternativas mais sustentáveis.

O turismo é uma importante alavanca para o crescimento do artesanato. Muitos turistas procuram produtos artesanais como lembranças de suas viagens, o que impulsiona as vendas e promove a cultura local. Além disso, o artesanato é parte fundamental da economia criativa, que engloba atividades baseadas no capital intelectual e cultural.

Diversas iniciativas de apoio ao artesanato têm surgido, tanto do setor público quanto privado. Programas de capacitação, feiras de artesanato, e plataformas de e-commerce são algumas das ações que ajudam a fortalecer o setor. O SEBRAE, por exemplo, oferece diversos cursos e consultorias para artesãos em todo o país.

O artesanato, com seu valor econômico de 100 bilhões de reais anuais, é uma força vital na economia brasileira. Mais do que números, ele representa a cultura, a tradição e a identidade de milhões de brasileiros. Com o apoio adequado de governos e instituições, juntamente com a valorização do consumo consciente, o artesanato tem o potencial de se tornar ainda mais relevante na economia nacional, promovendo um desenvolvimento sustentável e inclusivo.

A criação da Diretoria de Economia Solidária foi um passo importante para o fortalecimento desse setor em Campos dos Goytacazes, promovendo políticas públicas que apoiam a capacitação, a formalização e o acesso a mercados para artesãos. Oferecendo suporte, oportunidades de comercialização no Município, no Estado do Rio, no Brasil e até mesmo em feira internacional como a Feira Internacional de Artesanato (FIA) em Lisboa. Com o Fudencam Solidário, apresenta uma ótma oportunidade de fomento para os artesãos, onde incentiva as redes de comercialização, formação de associações e cooperativas, além de apoiar a aquisião de insumos e equipamentos para a produção e comercialização.

 Ao comprar um produto artesanal, não estamos apenas adquirindo um objeto, mas também valorizando histórias, tradições e o trabalho de milhões de brasileiros, que com suas mãos habilidosas, tecem uma economia rica e diversificada.