A prefeitura de Campos dos Goytacazes lançou na última semana dois projetos de sustentabilidade: o Parque Ecológico Urbano e o Vias Verdes. O primeiro terá uma mini floresta com 100 mil metros quadrados de espécie da Mata Atlântica e o segundo prevê o plantio de mais de duas mil árvores em 30 vias do município. Os dois projetos têm previsão de início ainda no mês de junho e serão construídos por etapas.
Segundo o prefeito Wladimir Garotinho, os projetos darão mais qualidade de vida à população, além de diminuir a temperatura geral e trazer outras vantagens para o município: “A cidade vai ficar mais bonita, mais verde e terá mais atrativos turísticos. E vamos investir em programas em benefício do meio ambiente, da economia sustentável, a fim de assegurar mais qualidade de vida para as gerações atuais e futuras”, disse.
A Avenida Arthur Bernardes é o local escolhido para ser a casa do Parque Ecológico Urbano.O local terá uma área de cerca de 320 mil metros quadrados e, destes, dez hectares serão de Mata Atlântica.
O Parque terá uma série de espaços de lazer, como lago, borboletário, viveiro de mudas, labirintos verdes, área esportiva, quadras poliesportiva e de areia, pistas de caminhada, skate e de bicicross ou BMX, playground infantil, espaço gastronômico, além de postos de Guarda Municipal, Polícia Florestal, centro administrativo, estacionamento multiuso, módulos de banheiros, cinturão viário interno, espaço para grandes eventos e estacionamento.
O espaço será implantado com recurso municipal e em parceria com a concessionária Águas do Paraíba e o Governo do Estado. O projeto é da Secretaria de Planejamento Urbano, Mobilidade e Meio Ambiente em parceria com o curso de Arquitetura e Urbanismo do ISECENSA, recomendado pelo Plano Diretor Participativo da Cidade, sendo meta de governo da atual gestão.
Vias Verdes
Cerca de 2.200 árvores de espécies nativas da Mata Atlântica serão plantadas através do projeto Vias Verdes, totalizando 25 km de área de plantio. A prefeitura informou que as vias que vão receber as árvores foram decididas após estudo técnico, a fim de cobrir grande parte da malha urbana, considerando a área de grande circulação de pessoas e de ligação do tráfego de veículos entre as regiões de ambas as margens do Rio Paraíba do Sul, atravessando a cidade em toda sua extensão no sentido oeste-leste e incluindo os principais eixos de ligação entre os diversos bairros da cidade.
O subsecretário municipal de Meio Ambiente, René Justen, destaca que o impacto positivo do plantio das árvores será imediato: “As árvores plantadas serão de porte médio, em torno de dois metros de altura, e já frondosas. Imediatamente a população vai sentir os benefícios com sombra e o aspecto de tranquilidade que o paisagismo propõe, além do controle de absorção de partículas poluentes. A arborização urbana atenua as emissões de carbono”, destacou.
O diretor técnico da pasta, Carlos Ronald, explicou que as árvores vão ser distribuídas tanto na margem direita quanto na esquerda do Paraíba. “As espécies foram selecionadas e vão ser distribuídas respeitando a estrutura de cada via, como a largura, comprimento e rede elétrica. Na Arthur Bernardes, por exemplo, vão ser plantadas palmeiras”, afirmou.
São 21 variedades de espécies de árvores nativas a serem plantadas, como pau brasil, sapucaia, angelim, ipê roxo, ipê amarelo, araçá, canela ferrugem e ainda a palmeira jeribá. Entre as vias previstas no projeto estão Avenida Alberto Lamego, Arthur Bernardes, Nilo Peçanha, Petrópolis, XV de Novembro, Zuza Mota, além de canteiros do município.
Ambientalistas falam da importância de uma área verde para o equilíbrio climático
O J3News conversou com duas especialistas em Meio Ambiente para saber a opinião delas sobre o Parque Ecológico Urbano. A doutora em Ecologia e Recursos Naturais Tatiana Oliveira disse que projetos como o Parque possuem grande importância por causa da criação de uma área verde urbana para o atual cenário de adaptação das cidades à emergência climática: “As áreas verdes auxiliam na manutenção da temperatura em termos de equilíbrio climático, qualidade de vida e saúde para a população. Com aspectos educativo e econômico, um incentivo ao turismo ecológico e a criação de um espaço que permite a educação ambiental e conscientização sobre a questão da conservação ambiental da região”, pontuou.
Além disso, Tatiana frisou que é essencial a presença de vegetação nativa, estudos prévios para a seleção de espécies e a adequação do espaço para a manutenção da fauna e da flora: “É necessário equilibrar a criação de espaços de lazer à proposta de uma área natural que possa de fato ser classificada como Parque Ecológico que precisa, necessariamente, apresentar o uso sustentável de áreas naturais”.
A doutora em Ecologia pela UENF Sônia Abelha acredita que a criação do Parque Ecológico é fundamental, pois, segundo a ecóloga, Campos está crescendo sem áreas verdes urbanas: “Essas áreas contribuem para a melhoria da qualidade de vida na cidade para amenizar a temperatura e aumentar a umidade. Áreas verdes também são fundamentais para a conservação da biodiversidade, o problema é a qualidade dessas áreas”, destaca.
Sônia enfatizou, no entanto, que o local onde o parque será construído precisa ser reflorestado e que espera que tenha menos cimentos e mais plantas nativas: “É uma área que era utilizada para o plantio de cana e conta com poucas árvores atualmente. A forma como esse parque vai ser planejado vai ser importante para sua manutenção, é preciso que além de engenheiros e arquitetos, ecólogos sejam chamados para colaborar a fim de recuperar os serviços ecossistêmicos do local para que as plantas consigam sobreviver, atrair a fauna e mantê-lo autossustentável”.
Anunciado em 2019, o programa para o Parque ecológico prevê pórtico de entrada, mini floresta de mata atlântica, pistas para esportes, área para caminhadas e espaço gastronômico, além do plantio de 57 espécies de plantas diferentes. A população aguarda espaços para lazer e prática de esportes. Em 2013, havia um acordo entre a Prefeitura de Campos e a Justiça para a construção de um Parque Municipal, mas o projeto não foi adiante e foi substituído pela abertura do Bosque do Hospital Manoel Cartucho à população, em 2015. No entanto, o bosque, que ocupa 20 mil metros quadrados em terreno arborizado, no Parque Rosário, teve as atividades suspensas em 2019, após funcionar por cerca de dois anos, ser fechado e reabriu em agosto de 2018.