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Cenário Econômico do Brasil para 2025: preocupações e desafios

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Economia
Por Sandro Figueredo
21 de maio de 2024 - 16h14

O cenário econômico do Brasil para 2025 é um tema de grande importância, não apenas para economistas, empresas, governos e investidores, mas para todos os cidadãos que desejam entender melhor o futuro próximo do país.

As expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a taxa de inflação, câmbio, resultado primário, as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, a situação fiscal do país e os impactos das taxas de juros dos Estados Unidos são fatores cruciais que precisam ser analisados e compreendidos para entendermos as perspectivas econômicas do Brasil.

O Relatório Focus do dia 20 de maio de 2024 trouxe preocupações para todo o mercado e para o futuro próximo da economia brasileira. Estimativas sobre redução no crescimento do PIB, aumento da inflação, redução do ritmo de queda da taxa Selic, elevação da taxa de câmbio (dólar), uma pior projeção do resultado primário e endividamento público sem perspectivas de melhoras.

As previsões de crescimento do PIB do Brasil dependem de diversos fatores internos e externos. Os analistas econômicos do Bacen já previam um crescimento moderado para 2024, que no relatório caiu de 2,09% para 2,05% e, para 2025 com estimativa girando em torno de 2% ao ano. Esse crescimento, embora tímido, pode ser considerado positivo diante do contexto de recuperação pós-pandemia, desastres climáticos e das diversas turbulências econômicas enfrentadas nos últimos anos.

Um fator crucial para esse crescimento é a recuperação da confiança dos investidores e do consumo interno. Medidas de incentivo ao investimento e à produção, bem como a estabilidade política, são fundamentais para criar um ambiente propício ao crescimento econômico.

Além disso, o comércio exterior deve continuar a desempenhar um papel importante, com exportações de commodities como soja, carne e minério de ferro sustentando uma parte significativa do PIB. A projeção da balança comercial brasileira para 2024 melhorou, onde a estimativa avancou de US$ 80,0 bi para US$ 82,0 bi; já para 2025 avançou de US$ 76,15 bi para US$ 76,30 bi.

A inflação é o principal desafio para a economia brasileira em 2024, já que a estimativa do IPCA sobe mais uma vez, agora de 3,76% para 3,80%; podendo ser um aumento pouco considerável, mas é preocupante diante do atual cenário, já que esse aumento vem principalmente da inflação de alimentos.

Para 2025, espera-se inicialmente que a taxa de inflação estivesse sob controle, situando-se dentro da meta estabelecida pelo Banco Central, que girava em torno de 3,5%, passando para 3,66% e agora sendo projetada 3,74%, com uma margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. No entanto, controlar a inflação requer uma política monetária eficiente e uma vigilância constante sobre os preços dos alimentos, combustíveis e serviços.

O combate à inflação passa por um rigoroso controle da política fiscal e monetária. A taxa Selic, que é a taxa básica de juros, desempenha um papel central nesse cenário.

O Banco Central através do Conselho de Política Monetária (COPOM) utiliza a Selic como principal ferramenta para conter a inflação, ajustando-a conforme necessário para equilibrar o crescimento econômico e a estabilidade dos preços.

A Selic que tinha uma projeção de chegar a 9,75% até dezembro de 2024, passou a 10%. Enquanto para 2025, a projeção continua de 9%, o que pode não mostrar um cenário real, já que a inflação de 2025 apresenta uma projeção de alta.

As enchentes no Rio Grande do Sul, ocorridas recentemente, têm um impacto significativo no cenário econômico de 2025. As chuvas intensas causaram destruição de infraestrutura, perdas agrícolas e deslocamento de comunidades, o que requer um esforço substancial de reconstrução e assistência humanitária.

O setor agrícola, que é uma parte vital da economia gaúcha e brasileira, foi duramente atingido. As perdas de safras e a destruição de propriedades rurais afetam a oferta de alimentos e podem pressionar os preços, contribuindo para a inflação. Além disso, o custo da reconstrução e os gastos emergenciais podem representar uma pressão adicional sobre as finanças públicas, complicando ainda mais o cenário fiscal do país.

A situação fiscal do Brasil é um dos aspectos mais críticos para o desempenho econômico em 2025. O país enfrenta um elevado nível de endividamento público, resultado de anos de déficits fiscais e de um aumento substancial dos gastos públicos durante a pandemia de COVID-19.

A dívida pública, que chegou 89% do PIB em 2020, exigiu medidas rigorosas de controle e ajuste fiscal. A dívida pública em 2024 deve fechar o ano em patamares de 80% do PIB.O relatório Focus apresentou uma alteração na estimativada da dívida líquida do setor público para 2024, passando de 63,90% do PIB para 63,80% do PIB. Para 2025, a projeção é de 66,50% do PIB.

O teto de gastos, uma regra que limitava o crescimento das despesas públicas, e foi tema de debates acirrados; enquanto alguns argumentam que o teto era essencial para manter a disciplina fiscal, outros acreditam que ele limitava a capacidade do governo de investir em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura.

O teto de gastos foi subistituído pelo arcabouço fiscal, uma nova âncora fiscal que fixa metas de resultado primário com uma tolerância de 0,25%. A meta para 2025 é de défict zero, como comunicada pelo Ministro da Economia Fernando Haddad, mas a projeção apresentada pelo relatório Focus passou do déficit de -0,60% do PIB para -0,63% do PIB. Para 2024 a projeção também piorou, passando de um déficit de -0,64% do PIB para -0,70% do PIB.

As taxas de juros dos Estados Unidos, definidas pelo Federal Reserve (Fed), têm um impacto significativo na economia global e na economia brasileira. Em 2025, espera-se que o Fed continue a ajustar suas taxas de juros para controlar a inflação nos Estados Unidos.

Esses ajustes podem ter várias implicações para o Brasil. Em maio de 2024 o Fed comunicou a manutenção da taxa básica de juros no atual patamar de 5,25% a 5,50%; a próxima decisão do Fed está marcada para os dias 11 e 12 de junho de 2012, mas considerando o atual ritmo econômico, evolução de índices, é bastante improvável que a autoridade monetária venha a reduzir os juros.

Primeiramente, um possível aumento nas taxas de juros americanas em 2025 poderiam levar a uma saída de capital dos mercados emergentes, incluindo o Brasil, em direção a investimentos mais seguros e de maior rendimento nos Estados Unidos. Isso pode resultar em uma depreciação do real e em uma pressão adicional sobre a inflação.

Além disso, os custos de financiamento externo para empresas e governo brasileiro podem aumentar, dificultando a captação de recursos e a realização de investimentos, já que a mediana das projeções para o câmbio subiu de R$ 5,00 para R$ 5,04; para 2025 a projeção ficou em R$5,05. Para mitigar esses efeitos, o Brasil precisa manter uma política econômica sólida e confiável, que inspire confiança nos investidores internacionais.

O cenário econômico do Brasil para 2025 é complexo e depende de uma série de fatores interligados. As expectativas de crescimento do PIB são moderadas, mas promissoras se forem adotadas políticas econômicas eficazes. O controle da inflação é um desafio que se instala a principal problemática..

As enchentes no Rio Grande do Sul representam um obstáculo adicional, com impactos diretos na agricultura e na infraestrutura. A situação fiscal do país exige reformas e medidas de austeridade para garantir a sustentabilidade das contas públicas. Finalmente, as taxas de juros dos Estados Unidos são um fator externo importante que pode influenciar o desempenho econômico brasileiro.

O ano de 2025 será desafiador para o Brasil e o mundo. A capacidade do país de navegar por esse cenário complexo dependerá da implementação de políticas econômicas sólidas, da gestão eficiente dos recursos públicos e da adaptação às condições econômicas globais. Alcançar um crescimento sustentável e uma maior estabilidade econômica se torna cada dia mais difícil.