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Abril Azul Claro: especialista analisa o câncer de esôfago

O gastroenterologista Guilherme Falcão faz parte da equipe do Beda Prime

Saúde
Por Ocinei Trindade
15 de abril de 2024 - 0h05
Informação|Dr. Guilherme Falcão explica sintomas e tratamento (Foto: Arquivo Pessoal)

Neste mês, o câncer de esôfago é destaque na campanha Abril Azul Claro, além de diagnóstico e tratamento da doença. O câncer esofágico, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), é o oitavo mais prevalente no mundo. A maioria dos casos (80%) ocorre em regiões menos desenvolvidas, com maior ocorrência em pessoas do sexo masculino. No Brasil, o câncer de esôfago figura entre os 10 mais incidentes (6º entre homens, 9º entre mulheres). O médico gastroenterologista Guilherme Falcão é endoscopista do Beda Prime e do Grupo IMNE; membro titular da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva e da Federação Brasileira de Gastroenterologia. Nesta entrevista, ele discorre sobre os sintomas e o combate ao câncer de esôfago.

Fotos: Divulgação

Como observa os casos de câncer de esôfago, suas principais causas e tratamentos?
Os fatores de risco relacionados ao câncer de esôfago não estão totalmente esclarecidos, mas fatores como tabagismo, etilismo, algumas doenças esofágicas preexistentes (exemplo: acalásia, estenoses cáusticas), infecção pelo HPV, neoplasias de cabeça e pescoço, higiene oral ruim, baixos níveis de algumas vitaminas e a própria doença do refluxo gastroesofágico, estão  relacionados à maior incidência de câncer esofágico.

O tratamento varia de acordo com o tipo do câncer (existem dois tipos: adenocarcinoma e o carcinoma de células escamosas – CEC), e com o estágio que o mesmo será diagnosticado. Se o “CA” esofágico for detectado precocemente, as chances de cura são significativamente superiores em relação aos casos detectados em um estágio mais avançado .

Outra grande “vantagem“ da detecção precoce do CA esofágico, é a possibilidade real do paciente ser submetido a um tratamento minimamente invasivo e curativo por endoscopia digestiva, aonde não há necessidade de cirurgia convencional e ressecção (retirada) do órgão.  Infelizmente, a grande maioria dos tumores esofágicos é detectada em estágios avançados, cujo tratamento consiste em ressecções cirúrgicas (retirada de uma parte ou do órgão por inteiro), quimioterapia e /ou radioterapia (variando de acordo com tipo e estágio da doença).

Consideraria a prevenção do câncer de esôfago de que maneira?
O abandono do tabagismo, bem como o tratamento da obesidade e da doença do refluxo gastroesofágico, a atenção na higiene oral, associado ao aumento da ingestão de frutas e vegetais são fatores que prometem diminuir, de forma considerável, a incidência de CA esofágico. Como tratar o refluxo gastroesofágico é uma forma de prevenção da doença, é de suma importância procurar o médico em casos de sintomas como pirose (azia), dor retroesternal; regurgitação, para diagnóstico e tratamento do refluxo. O câncer esofágico precoce, praticamente, não apresenta sintomas, diferente do CA avançado, que frequentemente cursa com disfagia (dificuldade de engolir o alimento) ou sensação que o mesmo está agarrado na altura do peito ou pescoço.

Em sua rotina de trabalho, como observa esse tipo de câncer na oncologia do hospital?
Pela minha especialidade (endoscopia digestiva voltada para terapêutica), frequentemente me deparo e sou acionado para intervir endoscopicamente em casos de tumores esofágicos. Conseguimos beneficiar os pacientes com tratamentos curativos (ressecção de lesões), paliativos (implante de Stent esofágico) e no manejo de algumas complicações inerentes a algum. Tipo tratamento proposto (cirurgia, radioterapia).

Qual a sua orientação para a população que deve buscar diagnóstico e tratamento?

Se tratando de tumores esofágicos, o diagnóstico precoce pode significar um verdadeiro “divisor de águas “  no prognóstico e desfecho clínico da doença. Então, como mencionado anteriormente, evitar o tabagismo, combater a obesidade, diagnosticar a tratar corretamente o refluxo gastroesofágico, e bons hábitos alimentares e de higiene bucal, já configuram práticas benéficas para a diminuição da chance de ser acometido por uma tumoração esofágica.

E como também existe a causa genética, mesmo sem sintomas, é importante a realização da vídeoendoscopia digestiva alta a partir dos 45 anos. Se houver casos na família de CA esofágico, ou se for portador de alguma doença esofágica que aumenta o risco deste tipo de câncer, podemos considerar a realização da endoscopia mais precocemente.

O que mais gostaria de destacar sobre o tema?

A endoscopia digestiva alta é o exame “padrão ouro” para o diagnóstico do câncer de esôfago.  A detecção precoce de alguma lesão esofágica pode determinar e influenciar de forma muito positiva o resultado final deste processo. É importante a realização do exame em local adequado, com aparelhos confiáveis, de preferência com recursos tecnológicos que aumentam muito a qualidade diagnóstica da endoscopia (como magnificação de imagem, imagem de HD, Cromoscopia etc). Não menos importante é a endoscopia ser realizada por médico especialista, adequadamente treinado e certificado. Se conseguirmos unir uma boa técnica endoscópica, com aparelhos de última geração, a chance de detecção de uma lesão precoce aumenta consideravelmente.