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Muitas viagens

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Eliana Garcia
Por Eliana Garcia
7 de abril de 2024 - 0h01

Quando menina meu mundo físico era bem menor. Antigamente não pensava assim não. No quintal da minha casa cabiam todas as minhas brincadeiras e invencionices. Pelas ruas da pequena vila onde morava, percorria imaginários quilômetros, misturando realidade e ficção.

Ao aprender a ler, meu mundo ficou maior, mesmo tendo pouco acesso a livros, salvo as revistas em quadrinhos que mamãe comprava. Meus sonhos engordaram. E como! Comecei, desse modo, outras viagens.

Lembro-me de quando estava no quinto ano do Ensino Fundamental, ao estudar os continentes e seus respectivos,países, comecei a dimensionar, muito mais ou menos, o tamanho do mundo. Para mim, era enorme, algo espetacularmente imenso. E mais sonhos acharam de engordar ainda mais.

Nessa época, as pessoas não viajavam com tanta facilidade e rapidez como hoje. Tudo era mais lento e até o tempo passava devagar. Tudo era um pouco preguiçoso.  As viagens que fazia de trem levavam horas, mas como eu gostava… Era um meio de transporte muito utilizado.

Todo mineiro quer conhecer a cidade do Rio de Janeiro, ou pelo menos, praticamente todos. Eu não fui exceção. Com dez ou onze anos fiquei um mês na “Cidade maravilhosa”. A primeira capital conhecida. Antes, a maior cidade, onde inclusive morei, era Leopoldina – MG, na Zona da Mata.

O nome da cidade é uma homenagem à princesa Leopoldina, filha do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz D. Teresa Cristina. Lembro-me muito do bairro onde morei: Meia Laranja. Uma graça! Arborizado, muito limpo, casas muito cuidadas, belos jardins… Uma metade da laranja perfeita. Nessa cidade, aprendi o nome dos continentes e de muitas cidades e, por meio de dona Marli descobri que “tinha jeito com as palavras”. Assim ela me disse.

Com o incentivo e a braveza de dona Marli, comecei a empreender outras viagens. Essas mais arriscadas e longas: viagens por meio da minha própria escrita. Para empreendê-las, preciso ter boas malas de bagagens. Preciso vasculhar memórias e isso, às vezes, machuca. Preciso ser mais atenta e humilde e me colocar na estrada com papel e sem preconceito, livre, leve e,atenta. E soltar-me às letras. É ventura e aventura.

Vale lembrar que atualmente todo mundo está se deslocando a todo tempo por meio da internet.

Hoje conheço uma boa parte do mundo. Fantástico! Quero muito conhecer a outra parte. Mas melhor mesmo é viajar para dentro de si mesmo como se faz, por exemplo, ao escrever um texto.