×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

O que é a Taxa SELIC e como ela influencia em sua vida?

Taxa impacta diretamente na rentabilidade dos investimentos no mercado brasileiro

Economia
Por Sandro Figueredo
6 de fevereiro de 2024 - 10h55
Edifício-Sede do Banco Central em Brasília

Quando começam as discuções sobre Economia, a sigla SELIC, aparece bastante nos noticiários, que em sua origem significa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, onde são depositados e transacionados os títulos públicos federais. Tal sigla da nome a famosa, taxa Selic (taxa básica de juros), que talvez seja a mais repetida em tempos de assuntos econômicos turbulentos, já que influciencia diretamente nas finanças, investimentos e até no endividamento público.

O COPOM (Comitê de Política Monetária) é um órgão vinculado ao BCB (Banco Central do Brasil), que é composto pelo seu Presidente e Diretores, que a cada 45 dias se reúnem e definem a  taxa básica de juros, a Selic Meta. Essa definição pode ser de manter a atual taxa, aumentar ou reduzir. Decisão baseada em apresentações técnicas, estatísticas e perspectivas da economia nacional e internacional, feitas pelo corpo funcional do BCB. A decisão é tomada com base na avaliação do cenário macroeconômico, riscos e a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidos Amplo) através do IBGE.

Após a votação da nova Selic, o resultado é divulgado no mesmo dia pelos meios oficiais de publicação de notícias do BCB e a ata da reunião publicada em até 4 dias úteis após a decisão, documento que é importante meio de comunicação do BCB com os agentes econômicos, mercado e sociedade. Definida a Selic, o BCB atua diariamente nas operações de mercado aberto comprando e vendendo títulos públicos federais, mantendo assim a taxa de juros próxima da definia na reunião do COPOM.

Mas para que serve essa tal taxa básica de juros?

A taxa Selic é a principal ferramenta de política monetária utilizada para controle da inflação (aumento geral dos preços). Por ser a taxa básica de juros ela também impacta diretamente na rentabilidade dos investimentos no mercado brasileiro.

Na prática, caso a inflação no país esteja em um movimento de alta ou expectativa de alta, a Selic é elevada para que reduzamos o volume de recursos financeiros (dinheiro) circulante na economia, já que o crédito fica mais caro, reduzindo o consumo, aumentando o custo dos produtos e serviços e os investimentos se tornam mais rentáveis. No bom português, as pessoas e empresas pelo custo de oportunidade, tendem a esperar para adquirirem empréstimos para obras, expansões de negócios e aquisição de bens pelo custo dos empréstimos estar mais alto. O consumo reduz pelo fato do aumento do custo dos produtos e serviços e já que consumo e crédito andam juntos, existe a tendência de menores aquisições de bens pelo alto custo do crédito. Nesse período, a tendência é que as pessoas invistam suas reservas em investimentos de renda fixa ao invés de gastarem esses recursos na economia. Com esse movimento, acontece o que chamamos de retirar dinheiro da economia, o que controla a inflação.

Como já foi colocado, a Selic engloba todas as transações relacionadas aos títulos da dívida do governo. A maior parte desses títulos é adquirida por instituições financeiras (bancos), que são obrigadas por lei a destinar uma porcentagem de seus depósitos para uma conta do BCB, fazendo que os bancos encerrem o dia com o caixa equilibrado. Essa ação serve para prevenir o excesso ou falta de dinheiro em circulação na economia, o que poderia comprometer a meta de inflação. Para atender a essa determinação, as instituições financeiras realizam empréstimos entre elas, com duração de apenas um dia, para que os bancos encerrem o dia com saldo positivo em caixa. Esses empréstimos são os CDI (Certificados de Depósitos Interbancários), a razão da existência do CDI é a regulação, estabilidade, saúde e segurança do sistema financeiro nacional.

Caso a Selic esteja em um movimento de alta, a taxa de juros média dos CDI, denominada taxa DI tende a acompanhar essa alta, fazendo com que as rentabilidades de investimentos atrelados a essa taxa se tornem maiores. Como acontecem com CDB (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letra de Crédito Imobiliário, LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e Debêntures, expressadas as rentablidades em porcentagens do CDI. A Taxa DI também é muito utilizada para comparação entre investimentos, como o caso de um fundo de renda fixa, que se rendeu abaixo do CDI, significa que teve um desempenho pouco satisfatório.

Vale lembrar que  Selic também remunera  títulos da dívida,  chamados Tesouro Direto. Caso a Selic seja reduzida, exis uma redução da remuneração do investimento Tesouro Selic, o que impacta também em parte no endividamento público. O Governo passa a ter uma dívida menor mensalmente na dívida corrigida pela Selic.

A partir dessa taxa de juros aplicada através dos CDI, é calculada uma média ponderada que é divulgada diariamente, conhecida como a taxa Selic Overnight (Selic Over) e que ao longo do ano representará a taxa Selic anual.

No último dia 31 de janeiro, aconteceu mais uma reunião do COPOM, onde a Selic teve mais uma baixa de 0,5%, seguindo a tendência de queda das últimas quatro decisões do Comitê, chegando ao menor nível desde março de 2022 quando estava em 10,75% ao ano.

No gráfico abaixo, apresento a evolução da Selic nos últimos doze meses:

ReuniãoMeta SELICTaxa SELIC
Data% a.a.% a.a.
31/01/202411,25 
13/12/202311,7511,65
01/11/202312,2512,15
20/09/202312,7512,65
02/08/202313,2513,15
21/06/202313,7513,65
03/05/202313,7513,65
22/03/202313,7513,65
01/02/202313,7513,65
Tabela elaborada pelo autor

A recente queda da Selic foi justificada como cautelosa e acertiva, já que estamos com uma prévia da inflação com uma alta de 0,31% nos preços em janeiro, na comparação com dezembro, que teve alta de 0,40%, apresentamos uma redução de 0,9%, mantendo assim uma trajetória de desinflação. A meta de inflação de 2024 é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.

A cautela se dá também pelo fato da economia internacional se apresentar volátil, marcado pelo início de uma possível flexibilização de política monetária no EUA, já que o Federal Reserve (Fed), manteve os juros básicos entre 5,25% e 5,50% ao ano, mas sinalizou uma redução caso a inflação continue reduzindo próximos meses.