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Um craque na Fundação Municipal

O Esporte de Campos nas mãos de um dos maiores talentos do futebol local

Entrevista
Por Aloysio Balbi
5 de fevereiro de 2024 - 5h00
Revelado pelo Americano, Luciano Viana vestiu camisas de grandes clubes e preside a Fundação Municipal de Esportes (Foto: Silvana Rust)

Ele foi um dos maiores talentos do futebol campista. Revelado pelo Americano dos bons tempos, quando era a quinta força do futebol estadual, Luciano Viana, vestiu camisas de grandes clubes brasileiros como o Santos de Pelé, o Vasco da Gama de Roberto Dinamite e muitos outros, inclusive, o Porto de Portugal. Hoje, na casa dos seus 50 anos, preside a Fundação Municipal de Esportes (FME) que atende mais de oito mil pessoas de todas as idades. Atribui o sucesso de sua gestão, iniciada em plena pandemia da Covid-19, a mescla da musculatura de atleta e a sua atividade empresarial, lembrando que ambos exigem disciplina.

Nesta entrevista, fala sobre o desempenho da entidade que tem servido de modelo para outros municípios, com equipamentos e corpo docente para identificar talentos e usando o esporte como fator de inclusão.

Como é dirigir um dos maiores complexos esportivos públicos do país?
Olha, fácil, obviamente, não é, mas posso afirmar que é gratificante quando os resultados são positivos, e os números mostram que estamos atingindo nossas metas. Você não erra quando dimensiona nossa estrutura, porque a Fundação não se limita ao espaço de sua sede. Temos as Vilas Olímpicas, a Casa do Atleta e as academias públicas, como a do Jardim São Benedito. Estamos sempre atualizando nossos equipamentos para permitir que a prática esportiva aconteça de forma correta e, neste caso, destaco aqui o nosso corpo docente que acompanha desde atletas que buscam alta performance, até pessoas da terceira idade que acertadamente querem se exercitar. O que quero dizer é que, realmente, dá bastante trabalho, mas o prazer da realização compensa grandiosamente.

Sua larga experiência de atleta ajuda neste desempenho?
Claro que sim. Digamos que eu ganhei musculatura não somente física, mas também esportiva para entender muita coisa no universo do esporte. Mas, friso também que sempre tive minha atividade empresarial, pois sou ceramista. Então, quando se tem essa experiência de jogador de futebol que atuou em grandes clubes do Brasil e até fora, como Portugal, aliado a disciplina do universo empresarial, resulta em uma gestão frutífera. Tenho o foco nisso. Eu trago essas experiências para a Fundação. Quando estou em lugares públicos e sou reconhecido, as pessoas elogiam o trabalho e essa é outra parte bastante gratificante desta missão. Tudo aqui é documentado com relatórios de cada período da gestão.

Você assumiu a FME há pouco mais de três anos, no curso da pandemia da Covid-19. Deve ter sido bem difícil. Como lidou com isso?
Essa observação é interessante. No período crítico da pandemia centramos nossos esforços nos preparando para o que viria depois. Sabíamos que no pós-pandemia, quando tudo voltasse ao normal, haveria uma grande demanda por práticas de esportes. Tinha uma intuição de que as pessoas iriam mudar hábitos, buscando mais saúde e muita gente iria praticar esporte, o que se configurou. Existem pessoas que antes da pandemia eram sedentárias, e logo após procuraram o esporte, até mesmo como terapia. O esporte faz bem para o corpo e para a cabeça o que não é novidade para ninguém. Então, tivemos essa percepção e, quando as coisas voltaram ao normal, estávamos prontos. Eu e minha equipe temos muito orgulho deste posicionamento, dessa decisão de nos preparar neste período.

Quantas pessoas praticando atividades físicas na FME hoje?
Temos diretamente mais de oito mil, contabilizando a sede da Fundação, as Vilas Olímpicas e a Casa dos Atletas. Alcançamos todas as classes sociais e todas as faixas etárias. São 18 modalidades esportivas e temos o orgulho de ter o segmento paralímpico, tendo inclusive um hiper atleta cadeirante na seleção brasileira de basquete. Soma-se a isso, os eventos esportivos que realizamos ou apoiamos. Agora mesmo, no verão, estamos realizando vários na praia de Farol de São Tomé. Então, sem querer fazer trocadilho, estamos sempre em exercício. Esse ano a procura deve ser maior, porque teremos os Jogos Olímpicos de Paris. As olimpíadas sempre motivam a prática esportiva, principalmente, entre as crianças.

Na questão do paralímpico vocês operam com as instituições?
Exatamente. APOE, Apap, Educandário São José Operário e outros. Os dirigentes destas instituições já deram depoimentos destacando o carinho como essas crianças e jovens são tratados. É um projeto de inclusão e o esporte é a melhor ferramenta para isso. Temos muito orgulho deste trabalho e de seus resultados.

Por falar em eventos, houve no ano passado um de canoas havaianas no Rio Paraíba do Sul. Quando você vê o Rio Paraíba, não bate uma saudade das tradicionais regatas?
Sim. Temos pensado muito nisso, não somente nas retomadas das regatas, mas em outros esportes no Rio Paraíba. Esse assunto está em permanente pauta. O prefeito Wladimir Garotinho é um entusiasta desta ideia. Tenha a certeza que estamos trabalhando nisso. Lagoa de Cima também está nesta pauta.

Voltando a questão do potencial, como identificar grandes atletas?
Quando percebemos que um jovem é diferenciado em determinado esporte, procuramos dar todo o suporte técnico e depois até encaminhá-lo para grandes centros de treinamentos como grandes clubes. Isso acontece frequentemente. Temos um olhar atento para identificar esses talentos e eles estão aí. Vendo tudo isso você percebe que o esporte é algo especial para a saúde, para a formação do caráter das novas gerações, tocando no fator disciplina. O que acontece aqui é algo transformador e extrema importância e relevância.

E o futebol, que é a sua praia?
O esporte é a praia de todos. Eu fui jogador de futebol e muitos achavam que me tornaria treinador. Acabei virando presidente do Americano, o último time pelo qual joguei, depois de passar por times da Europa, Vasco, Santos, etc. Assumi a presidência do Americano em um momento difícil, após a venda do estádio no Parque Tamandaré. Minha primeira missão foi regularizar o clube, nesse aspecto da gestão. Mas em se tratando da Fundação, vou te contar: estamos construindo 25 campos de grama sintética em diversos pontos do município.

Você está acompanhando esse novo momento do Americano?
Estou acompanhando pela imprensa e torcendo para que volte a ser o clube que era. Todos que me conhecem sabem o que o Americano significou para mim e minha vida. Eu acho que todos devem torcer para que essa iniciativa se concretize. Seria ótimo para Campos. Seria maravilhoso para o esporte fluminense. O Americano tem uma história gigante e a gente fica na torcida para que essa nova diretoria que chega com gás consiga alcançar todos os seus objetivos.

Voltando a FME são muitos os atletas de alto rendimento em potencial?
São muitos. Campos sempre foi um celeiro de atletas em todas as modalidades. Proporcionamos uma boa estrutura e professores para que esse atleta possa se desenvolver. Esse é o primeiro passo. Existe uma safra de futuros atletas de Campos aqui na Fundação.

A FME tem reconhecimento em várias partes do país. Como vê isso?
Vamos terminar a entrevista da maneira que começamos quando usei o termo gratificante. Esse reconhecimento do trabalho é muito importante. Acho que temos uma gestão eficiente e muitos se inspiram nisso. Sinto muito orgulho, pois sabemos que o esporte é transformador, então, investir nisso, é de extrema importância. De certa forma investir em esporte, é um combo que soma, de certa forma, saúde e educação. Quero agradecer esse reconhecimento e vamos continuar trabalhando, avançando porque o esporte é dinâmico.