Foi piscar os olhos e já estamos no final do ano. Papai Noel já está com as botas engraxadas, a roupa bem passada e só faltam alguns presentes para as pessoas mais exigentes. Até ele parece ter sido contagiado pelo burburinho ininterrupto da cidade.
Aliás, burburinho fora e dentro de casa. É, muitas vezes, tudo barulhento demais: a família conversa alto, o cachorro late, o da vizinha também, a televisão sempre ligada, o ventilador está fazendo um ruído, a campainha toca, alguém grita.
Ufa!!! E há ainda as redes sociais que parecem nos deixar sempre em
alerta.
Ontem fui a uma cafeteria procurando tranquilidade em primeiro lugar e uma panqueca com geleia de frutas vermelhas e capuccino gelado. Não foi uma experiência feliz. Todas as mesas estavam ocupadas com pessoas que conversavam tão alto que saí de lá com a cabeça explodindo. Se demorei quarenta minutos lá, foi o máximo de tempo que suportei.
Penso que cafeteria é lugar sim de um bom bate papo, mas de maneira tranquila, voz baixa, sem alaridos, por favor. Saí de lá e voei para o meu aconchego e nele permaneci em silêncio, aquietando meu corpo e minhas ideias. Por mais contraditório que pareça, entrar em estado de silêncio
exige esforço. Atualmente, é imperativo que não nos deixemos levar pelos sons das ruas, das mídias, das casas…
É preciso ouvir o nada, o vazio de vozes para que possamos escutar a voz de dentro e refletirmos sobre ela.