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Rio Paraíba ao Mar

Exposição vai até 4 de junho no Sesc Campos e resgata a história de Atafona

Geral
Por Clube
26 de março de 2023 - 5h15

Por: Thábata Ferreira

Como um recorte de vários universos da arte, a exposição “Rio Paraíba ao Mar” traz para Campos histórias de vivências sobre uma Atafona em forma de teatro, cinema, escultura e fotografia. A proposta da exposição multilinguagens, que acontece no Sesc Campos, é dividir com o público, toda experiência vivida por um grupo de artistas e educadores na praia de Atafona. Com agendamento, grupos e interessados podem garantir uma programação que pretende ir além da exposição deste mês. Serão oficinas diversas, Museu Ambulante em uma bicicleta de seis rodas e visitas às escolas do município. Tudo envolvendo o tema. As ações acontecem até o dia 4 de junho.

Atafona, que é foz do Rio Paraíba do Sul, fica no litoral Norte do Estado do Rio de Janeiro. A destruição de quarteirões de sua área urbana foi o ponto de início para que, a partir de uma tese de doutorado, grupos de diversas frentes artísticas chegassem a um conjunto de trabalhos complementares. “Rio Paraíba ao Mar” é uma reunião de obras desenvolvidas entre 2017 e 2023. Tem realização do artista Fernando Codeço e do Grupo Erosão de teatro.

“Toda essa estrutura [no Sesc] veio de um primeiro espetáculo que se pode ver aqui também, o ‘Tempontal’, que foi por onde começamos a ir para a rua. Essa era a nossa estrutura, um cortejo [teatral]. Então a gente foi ganhando essa tônica de ir para a rua. Naturalmente isso foi acontecendo. Até porque nossas pesquisas eram na rua, na beira da praia. Era uma primeira pesquisa para a tese de doutorado do Fernando Codeço. E é aí que começa a história do [Grupo] Erosão, quando eu o encontrei, e ele disse que ia estudar Tadeusz Kantor, que é um teórico, artista e dramaturgo do teatro, que faz parte do teatro contemporâneo, artista plástico e que trabalhava justamente com a plástica pós-guerra, a desconstrução, a erosão. Isso tinha tudo a ver com território erodido de Atafona” explicou Lucia Talabi, professora, artista e produtora local.

Atualmente, quem chega ao Sesc, pode logo reconhecer a paisagem nas fotografias. São momentos da história de Atafona antes e após a erosão na sua costa. Esta história é contada através de um veículo elaborado pelo artista plástico Rafael Sánchez chamado Museu Ambulante. É uma bicicleta de seis rodas com uma coleção de memórias de diversos pontos do Rio Paraíba. Antes de estar ali, a bicicleta percorreu a praia campista Farol de São Thomé, Atafona, São João da Barra, esteve próxima à Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) e na Bienal. Foi criada, justamente, para que Atafona pudesse ser levada aos diversos lugares enquanto ainda havia pandemia da Covid-19.  Antes de ser Ambulante, funcionava na “Casa Duna”, centro de arte, pesquisa e memória, em Atafona.

“O museu foi criado a partir do momento em que ele vivia numa casa, que era a Casa Duna. Então foi feita uma exposição das fotos que Fernando [Codeço] e Julia Naidin [curadora], coletaram na região e em Campos, sobre Atafona. Com isso, eles foram colecionando a memória de Atafona. Que eram fotos em várias épocas, em várias situações. Tanto das questões de manifestação popular e religiosas, como também, da questão da vivência e coisas que o mar já tinha tomado, como o Bar do Espanhol. Enfim, a memória de Atafona estava ali. Só que era mais difícil trazer as pessoas para dentro da casa e, já que tínhamos a estrutura do ‘Tempontal’, da bicicleta, para levar. Isso pautados na questão da museologia social”, esclarece Talabi.

Rio Paraíba ao Mar

Mais da exposição
Com a visita do projeto Museu Ambulantes às comunidades ribeirinhas de Atafona, foi gravado o documentário, “Museu Ambulante” (2021). Segundo Lúcia, o trabalho retrata as reações das pessoas em contato com as imagens e memórias do passado. Ali, eles lembraram da infância, dos parentes e se reconheceram. Este filme documentário, assim como outros três – Delírio do Caranguejo (2018); Mar Concreto (2021) e Era mais rio (2023)- fazem parte de uma das alas da exposição multilinguagens “Rio Paraíba ao Mar”. Há ainda, uma ala com exposição de máscaras, feitas com materiais típicos de Atafona e região, confeccionadas por meio de oficina junto aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) do local.

O diretor de arte do Grupo Erosão e artista plástico do projeto, Rafael Sánchez, conta que a exposição tem momentos de artes plásticas e de performances retratadas, além de registros nas diversas formas.

“Todo esse trabalho, tinha que sair daquilo que o mar tinha nos brindado. No meio daquela destruição toda, daquela decomposição, daquilo que está morrendo, o nosso trabalho foi olhar de um ponto de vista ressuscitador. Juntando aqueles restos, das casas, da natureza e da humanidade que tem na chegada do mar, que engoliu quarteirões naquela comunidade. Aqueles restos foram as matérias primas para o nosso trabalho. Tanto para Fernando no seu olhar pessoal como artista plástico, como depois, ao me pedir a cenografia, os figurinos e os objetos intermediários que fariam parte do trabalho de teatro que ele começava a dirigir com o grupo Erosão. E deu certo”, conta Sánchez.

No encerramento da exposição, o Grupo Erosão vai apresentar performances a partir de textos dedicados à história do Rio Paraíba do Sul, nos seus diversos pontos.

Oficinas
Dentro do tema, três oficinas estão previstas até abril. Uma será de ‘Escultura e Instalação’, por Fernando Codeço, direcionada a estudantes de arte; outra de ‘Criação de Objetos Animados’, por Rafael Sánchez, para educadores e estudantes e de ‘Fotografia para Crianças’, por Mariana Moraes. Até o fechamento desta matéria, ainda não havia data para realização das oficinas e ações externas com o ‘Museu Ambulante’. Os dias serão divulgados em breve.

Visitação à exposição
Para visitação à exposição multilinguagens ‘Rio Paraíba ao Mar’, o Sesc Campos está agendando para grupos e pessoas interessadas através dos contatos 2725-1209/ 2725-1210. A unidade informou que está recebendo de terça e domingo, de 9h às 18h. A sede da exposição fica na Avenida Alberto Torres, 397, Centro.