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Sebrae e GNA promovem rodada de negócios no Centro de Convenções da Uenf

Evento feito em parceria é uma das ações do programa de desenvolvimento e capacitação de fornecedores para o Porto do Açu

Economia
Por Ocinei Trindade
8 de fevereiro de 2023 - 9h26
Guilherme Reche é coordenador do Sebrae no Norte Fluminense (Fotos Silvana Rust)

Acontece nesta quarta-feira (8), em Campos dos Goytacazes, um evento voltado para pequenas empresas que querem fornecer produtos e serviços para o complexo portuário do Açu, em São João da Barra. A iniciativa é da Gás Natural Açu (GNA) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Mais de 200 participantes de cidades vizinhas são esperados no encontro que acontece a partir de 13h, no Centro de Convenções da Universidade Estadual do Norte Fluminense.

O evento conta, ainda, com representantes da Uenf, gestores públicos, líderes de grandes corporações e marcas, além de profissionais do sistema financeiro e bancário, que podem auxiliar pequenos empresários a movimentarem seus negócios e serem potenciais fornecedores para o Porto do Açu (PDA). Este é o tema de reportagem da semana do jornal J3News, “Porto do Açu, um mar de oportunidades para empresariado local” (clique aqui).

O coordenador regional do Sebrae no Norte Fluminense, Guilherme Reche, concedeu entrevista sobre a rodada de negócios, a parceira coma GNA, e as potencialidades do mercado de micro e pequenos empreendedores que querem atuar como forncedores para o Porto do Açu (PDA)

Este evento funciona de que maneira e como é a parceria da GNA com o Sebrae?

A Rodada de Negócios é uma das ações do programa de desenvolvimento de fornecedores, que capacita fornecedores. Trata-se de um programa assinado pelo Sebrae, junto com a Gás Natural Açu (GNA), com 18 meses de atuação. Fizemos algumas ações no ano passado, tanto para o público fechado, quanto para o público aberto. São ações coletivas para qualificação, capacitação, melhoria de processos, consciência produtiva, melhor gerenciamento das empresas, para que elas estejam cada vez mais preparadas a serem fornecedoras da grande empresa ali situada no congromerado do Porto do Açu.

A agenda “Rodada de Negócios” oportuniza o encontro entre o fornecedor e o grande demandante. As grandes empresas têm demandas de produtos e serviços, e precisam cada vez mais de fornecedores locais preparados, com qualidade, com fluxo de caixa azeitado para absorver demandas; com velocidade na oferta de seus serviços e produtos; com critérios de elegibilidade; com documentações e certidões aptas para se tornarem um fornecedor.

Trata-se de uma ação em que se coloca na mesma mesa a grande empresa e o pequeno empresário. Este em sua maior parte, é quem fornece às grandes empresas em torno de encadeamento produtivo.

Que tipo de produtos e serviços mais se destacariam?

São variados, de acordo com a demanda dos grandes empreendimentos, como por exemplo: serviços de elétrica, construção, higienização, alimentação, coffee break; consultorias especializadas, gerenciamentos de resíduos; sustentabilidade em melhores práticas; materiais e produtos do setor metal-mecânico; setor de indústria moveleira. As demandas são diversas.

O Sebrae tem ajudado a quantas empresas a estarem junto ao mercado do Porto do Açu?

Não tenho um número fechado, mas posso garantir que desde o surgimento da idealização do Porto do Açu, a gente vem trabalhando com o desenvolvimento do fórum de fornecedores do Açu. Temos sido um protagonista nessa qualificação das empresas. Temos uma metodologia de expertise de trabalhar os programas e projetos de desenvolvimento de todo o encadeamento produtivo. Não só no Açu, mas em variadas regiões do Estado do RJ e do país.

Tem ideia de quantos empresários ou microempresários, empreendedores poderiam estar habilitados ou capacitados para tirar proveito dos negócios que envolvem o complexo portuário?

As oportunidades têm sido enormes. Os investimentos estão acontecendo com velocidade expressiva. O Porto do Açu não é uma promessa, mas uma grande realidade. Há grandes empresas baseadas ali. Há grandes operações, pois o porto já é responsável por 30% da produção de petróleo que passa na nossa região. Ele vem a se tornar com as usinas de energia o maior complexo portuário gerador de energia da América Latina. O Porto do Açu tem feito algumas apresentações com possibilidades de investimentos futuros na área de energia eólica. Há também a preocupação com a transição energética. Estamos falando de investimentos de 15, 20, 30, 50 anos.

Gás Natural Açu no complexo portuário em São João da Barra

Como analisa o perfil atual desse empreendedor, comerciante ou industrial de Campos e região? E como observa supostas potencialidades e deficiências, além da qualidade dos serviços prestados?

Os empresários têm muitas qualidades, mas é imprescindível que um empresário com know how naquele setor de atuação ou de experiência, se modernize. É preciso que ele se adeque, se adapte às novas legislações, a ter certidões em dia, a ter um gerenciamento financeiro efetivo. Uma grande empresa quando contrata um pequeno, ela tem que ter segurança. Então, por mais que pareça fácil contratar uma pequena empresa para prestar serviço ou adquirir produtos, é preciso ter previsibilidade, qualidade, velocidade, segurança; que a empresa tenha a capacidade técnica e operacional de atendimento para atender as demandas e ser contratada. O empresário necessita entender o gerenciamento de sua empresa de uma forma eficiente. Muitas vezes, dá um passo mais largo que a empresa alcança, e não tem a estrutura necessária para entender com eficiência a um grande empreendimento ou companhia.

O que o empresário deve priorizar?

Este é o primeiro ponto: é preciso trabalhar o modelo de gestão e a consciência financeira do negócio; verificar o fluxo de despesas, de custos, o corpo funcional, se há como prestar serviços às grandes empresas com qualidade e capilaridade; mantendo um padrão.

Há pesquisas que já mostram ao longo de muitos anos, que toda empresa que passa a se tornar fornecedora de uma grande companhia  em todo o seu encadeamento produtivo, ela naturalmente aumenta seu incremento de faturamento, mas principalmente aumenta a qualidade da entrega, pois é exigida por isso; ela aumenta a eficiência de seu corpo colaborativo porque precisa de pessoas mais técnicas e qualificadas. Este é um gargalo que existe na região e é super discutido, pois a falta de mão de obra qualificada.

É preciso com outros parceiros acatar essas oportunidades de trabalho latentes e existentes. O empresário deve entender que precisa olhar cada vez mais para dentro de seu negócio e se tornar eficiente, seja do ponto de vista de atendimento, posicionamento de mercado, gestão financeira e inovação de processos.

(Foto: Divulgação/Porto do Açu)

Voltando a falar da falta de mão de obra qualificada e expectativa de melhoria de lucros das empresas candidatas a fornecedoras, há um tempo previsto para alcançar essa adequação?

O ponto fundamental para se ter resultado positivo é o planejamento. Não há como ganhar novos mercados, ter um nível contratual elevado em larga escala sem planejamento prévio, sem a capacidade produtiva do negócio. Nós temos consultorias especializadas para trabalhar esse planejamento estratégico, além de estudos de viabilidade e expansão de mercado da empresa; e posicionamento de mercado de maneira eficiente. Há subsídios que chegam a 75% investidos pelo Sebrae e o empresário investe 25%. Um especialista auxilia em planejamento tático-operacional e estratégico do negócio. O tempo dependerá de cada estrutura, de como essa empresa está posicionada no mercado em que atua.

Com relação à mão de obra, é uma demanda latente. A gente tem conversado com diversos empresários e parceiros institucionais. Infelizmente, a pandemia gerou uma lacuna de formação de mão de obra qualificada, porque com a reclusão social estacionaram sua evolução de especialização em cursos técnicos ou específicos para ter qualidade técnica e ir para o mercado de trabalho. Esse tempo perdido faz com que tenhamos um prazo maior de adequação da mão de obra.

É preciso  que as empresas, o poder público, as instituições que trabalham as qualificações técnicas, principalmente voltados para os setores industriais, se afinem, e a gente tenha uma estratégia efetiva de trazer essas pessoas. Vivemos um momento ímpar de investimentos e são oportunidades de trabalhos que se a nossa população local não absorver, pessoas de fora entrarão e absorverão essas vagas demandadas.

Como vê o interesse dos empreendimentos dos municípios da região em se adequarem e atuarem na prestação de serviços, especialmente para o Porto do Açu?

Considero que Campos é um grande protagonista no fornecimento de serviços e produtos. Nesta agenda do dia 8, temos mais de 150 empresas inscritas. De Campos, passa de 100. Em São João da Barra, apenas 15 estavam inscritas, e gostaríamos que estivessem mais. Isto liga um sinal de alerta sobre aumentar a qualificação e na oportunidade de SJB, apesar de o conglomerado do Açu estar naquele município. Soa como uma contradição. Há empresas de Quissamã, São Francisco de Itabapoana, Cardoso Moreira e São Fidélis com oportunidades abertas para empresários.

Apesar de Campos ser um grande protagonista, considera que as empresas prestadoras de serviço precisam melhorar ou mudar em qualidade e oferta de serviços?

Acho que sim. Temos aqui uma oportunidade grande de desenvolvimento de empresas de uma forma mais eficiente e sólida. O empresário precisa deixar o conservadorismo do passado e olhar para o futuro; modernizar seu modelo de negócios para uma atratividade mais adequada no que o ambiente está exigindo. Há mudanças de critérios de elegibilidade. Em 2023, já teremos um marco de sustentabilidade, meio ambiente, governança local, que são os conceitos de grandes empresas exigindo cada vez mais dos pequenos fornecedores adequação e adaptação. Essa é a grande tônica de responsabilidade social e ambiental onde estamos inseridos. Grandes empresas, até por uma responsabilidade com seus acionistas e parceiros institucionais, estão se reposicionando e remodelando seu modelo de governança para respeitar o ambiente e a sustentabilidade local.

Centro de Concenções da Uenf (Ilustração/Arquivo)

O que destacaria do evento no Centro de Convenções da Uenf da GNA/Sebrae?    

Esta é uma agenda extremamente democrática e de oportunidades de negócios. Há sete empresas âncoras com duas mesas de debates e apresentações. Ferropor, Siemens Energy, Andrade Gutierrez, Vast, Porto do Açu, GNA e Uenf.  Integramos no mesmo encontro essas empresas e instituições financeiras. Rodada de Negócios com Empresas do Porto do Açu é o nome do evento. Sebrae e GNA sentaram e decidiram fazer esse encontro logo no início do ano para oportunizar network e contato para os pequenos empresários ao longo de 2023, como uma ação primária.

Além da conexão de empresários com grandes empresas, há confirmação de seis instituições financeiras nesse ambiente de negócios, ofertando crédito, soluções financeiras e oportunidades. Quando o pequeno empresário assume um contrato com uma grande empresa, via de regra precisa ter capital de giro para investir, por exemplo, em maquinário, em produto, matéria-prima, qualificação de mão de obra. O agente financeiro pode apresentar uma oportunidade de crédito vantajosa.

O que é importante salientar sobre a organização de empresários da cidade para melhorar seus serviços?

Temos o apoio principalmente da CDL e da ACIC sensibilizando seus associados para que gerem oportunidades. É imprescindível integrar os grupos empresarias de grande força local interessados em melhorar seus empreendimentos e negócios.

O que diria para os pequenos empresários que querem investir a médio e longo prazo e ampliarem seus negócios e fornecerem para grandes empresas?

O mercado empresarial é de muitas oportunidades, mas também de muitos desafios. O empresário que não buscar se planejar e se adequar, ter uma oferta de valor com muita qualidade e diferenciação no mercado de atuação, o concorrente vai tomar o espaço daquele. Esse concorrente pode estar na região ou fora dela. Com a tecnologia e o avanço da comunicação há um avanço também de termos uma eficiência de contratações fora.

A gente tem o entendimento e o alinhamento de que as empresas do Açu, principalmente, estão focadas em contratar empresários locais. Essa é tônica do programa Capacita GNA-Sebrae.  A GNA está querendo investir na qualificação de empresas locais que sejam fornecedoras. O empresário deve se preparar e aproveitar este momento para criar parcerias e contatos. Vai tirar proveito aquele que for mais rápido na interlocução com os parceiros locais.