A varíola dos macacos é uma doença atualmente tratada como uma emergência de saúde global pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Com mais de 3.788 casos diagnosticados, o Brasil superou o Reino Unido e a Alemanha, e agora é o terceiro país com mais doentes confirmados no mundo. Em Campos, até o fechamento desta reportagem, a secretaria municipal de Saúde (SMS) havia informado a existência de três casos confirmados entre residentes e outros três suspeitos. De acordo com a pasta, não há transmissão local da doença, também chamada de monkeypox, em inglês. Todos os pacientes têm histórico de viagens.
Também de acordo com o órgão municipal, em todos os três casos em investigação, os pacientes permanecem em isolamento domiciliar, após passarem por atendimento ambulatorial. Eles seguem em monitoramento pela Vigilância em Saúde. Também há um caso confirmado importado: um morador da cidade do Rio de Janeiro, que teve seu protocolo iniciado em Campos. O caso está em processo de transferência ao município de residência. Há, ainda, um suspeito importado de São João Barra, que também está em transferência.
Diante do aumento global dos casos da varíola dos macacos, a OMS vem atualizando os números da doença, bem como as formas de transmissão e os sintomas que são apresentados pelos pacientes. A bióloga geneticista Patrícia Damasceno, da XY Diagnose, do Grupo IMNE, explica que a doença é do século passado, mas que ganhou proporção agora e tem todo um contexto histórico. Ela também afirma que existem estudos para o desenvolvimento de uma vacina.
“A varíola dos macacos foi descoberta em animais de laboratório em 1958. Os animais eram utilizados em pesquisas e veio daí esse nome da doença. O primeiro caso aconteceu em humanos em 1970, na República do Congo. Foi quando começaram a se desenvolver vacinas. Nesse período, a população era vacinada em massa. Em 1980, no Brasil, a varíola dos macacos foi considerada erradicada. Pessoas que já haviam sido vacinadas não apresentavam sintomas mais graves. Mas, o vírus vai se modificando ao longo do tempo. A vacinação foi interrompida em 1980. Agora, os esforços estão em produzir um imunizante para essa variante específica”, explicou.
Transmissão
Até então, a varíola dos macacos era uma doença mais restrita ao continente da África. Só que, agora, ela está presente em diversos países, o que preocupa as autoridades de saúde, também pela forma de transmissão.
“Geralmente a transmissão ocorre por conta de gotículas respiratórias. Então, o uso de máscaras é ainda recomendado. Além disso, fluídos que podem ser provenientes das próprias lesões. Durante a relação sexual, o que tem mais é fluídos, pela própria respiração, apesar de não ter nenhum artigo científico publicado mostrando a presença no semén, sabe que a parte de secreção, que além desse contato pele a pele, ele move a transmissão de uma maneira muito rápida”, disse.
Sintomas
A OMS descreve quadros diferentes de sintomas para casos suspeitos, prováveis e confirmados. Passa a ser considerado um caso suspeito qualquer pessoa, de qualquer idade, que apresenta pústulas (bolhas) na pele de forma aguda e inexplicável e esteja em um país onde a varíola dos macacos não é endêmica.
Entre os sintomas da varíola dos macacos estão: erupção cutânea ou lesões de pele, Linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza.
“Os sintomas duram do 1º ao 5º dias. As ulcerações, nós chamamos de mácula ou pápula. Já as vesículas são bolhas, de onde a gente faz a coleta. Ao ser perfurada, a bolha vira uma pústula, que fica com uma cor mais amarelada. E no final, a gente chama de crosta, que é uma casca, como se fosse de ferida mesmo. Essa crosta vai do 9º dia e pode durar até o 21º dia. Esse é o panorama da doença. A pessoa não possui mais sintomas quando essas bolhas não estão mais na pele, mas isso vai depender de organismo para organismo”, falou Patrícia.
Exames
A XY Diagnose faz exames para diagnosticar a varíola dos macacos. De acordo com a geneticista Patrícia Damasceno explica que o método utilizado é bastante conhecido por causa da pandemia da Covid-19: o PCR. No entanto, a coleta difere da que acontece para detectar o novo coronavírus, que usa secreções das narinas e da garganta. Na varíola dos macacos, a avaliação se baseia no material genético presente nas lesões características da doença.
“No XY, a gente faz o padrão para essa detecção, que é uma detecção genética utilizando a técnica de PCR. A gente usa alvos específicos desse vírus. Então a gente vai pegar na amostra do paciente. A amostra que tem que chegar no laboratório varia, porque isso vai depender da fase da infecção. No período febril, a gente colhe soro, que é o sangue. A partir do momento das feridas que são as chamadas vesículas, elas têm que ser colhidas no ambiente hospitalar”, finalizou.