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Nunca foi tão urgente cuidar da saúde mental

O Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde

Cuide-se Bem
Por Cíntia Barreto
9 de janeiro de 2022 - 0h01
Isolamento | Pandemia trouxe à tona problemas emocionais que afetaram a saúde mental dos brasileiros

Desde 2014, acontece em todo início de ano a campanha Janeiro Branco, que visa trazer à luz a necessidade dos cuidados com a saúde mental. Ela foi criada por um grupo de psicólogos de Uberlândia (MG) e acontece neste período por as pessoas entenderem que um novo ciclo se abre.

“No início de ano, a gente tende a criar metas, refletir, analisar a nossa vida, então a campanha é feita nessa época porque as pessoas normalmente sentem uma sensação de novidade, de esperança. O nome é justamente Janeiro Branco por considerar que o primeiro mês do ano é como uma ‘página em branco’, onde a pessoa pode recomeçar, recriar, escrever uma nova história”, explicou o psicólogo João Luís Bóvio.

Segundo a  Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), desde o início da pandemia do novo coronavírus, grande parte da população vem sofrendo várias questões que afetaram e ainda atingem a saúde da mente. E hoje, mesmo a vida voltando ao normal, ainda é preciso aprender a lidar com tais questões.

Psicólogo | João Luís Bóvio diz que terapia é importante para equilíbrio

“A pandemia fez eclodir tudo aquilo que estava escondido. E, como passamos a conviver mais com os nossos familiares e, principalmente, com nós mesmos, lidar com tudo isso se tornou ainda mais difícil. Com isso, alguns conflitos surgiram, casais se separaram, e muitas pessoas precisaram procurar apoio de um profissional. Percebi que a partir disso aumentou significativamente a procura por ajuda psicológica”, avaliou o psicólogo.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmam que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas. Além disso, o país possui ainda maior prevalência de ansiedade no mundo.
“Eu percebo no consultório que um dos principais problemas que atingem as pessoas é a dificuldade em lidar com o erro. E parece que estão sempre em busca por uma perfeição que não existe. Em geral, querem ser perfeitos na escola, no trabalho, na vida amorosa, na vida profissional, enfim, na prática é humanamente impossível. Por isso é tão importante um acompanhamento com um profissional, para que o indivíduo possa se escutar, se conhecer e se entender”, afirmou João Bóvio.


Outro fator que preocupa, segundo o especialista, e que pode estar contribuindo para o adoecimento emocional de muitas pessoas, é o mundo paralelo das redes sociais, onde a vida do outro parece ser perfeita. Nesse universo superficial parece que não há problemas, nem dificuldades no dia a dia e que todos estão sempre felizes.  
“Eu não vou demonizar as redes sociais, mas existe, sim, uma comparação com o outro a partir delas. As pessoas olham a vida do colega ou de algum artista e se comparam. A vida na Internet é aparentemente perfeita. Nas fotos, os corpos são sarados, as pessoas estão viajando, o relacionamento delas parece feliz e, enfim, a partir disso surgem vários questionamentos do tipo: por que minha vida está assim? A vida do outro é melhor!”, reflete o psicólogo.


Para especialistas no assunto, nunca foi tão urgente cuidar da saúde mental por esses fatores citados acima e entre outros. Mas eles destacam que ter uma mente saudável também está ligado ao bem-estar físico, emocional, psicológico e social de um indivíduo. E esse equilíbrio pode ser adquirido principalmente através do autocuidado: fazendo terapia, praticando atividade física, mantendo hábitos saudáveis.