O governo do prefeito Wladimir Garotinho teve início e ele começou tomando medidas fortes e corajosas, como suspender a programação de verão e anunciar o corte da maior parte da folha de pagamento feita pelo sistema de RPAs.
Montou uma equipe de perfil técnico. O jovem prefeito que era deputado federal já tinha mostrado competência no legislativo, conseguindo emendas para, por exemplo, liberar recursos destinados à conclusão das obras da Universidade Federal Fluminense – UFF- que se encontram abandonadas.
Com uma rápida e notada passagem pele Câmara Federal, Wladimir quer ser notado também no Executivo, mas adianta que não será tão rápido assim, embora as prioridades sejam, obviamente, seus alvos neste primeiro momento.
Normalmente existe uma trégua entre um prefeito que assume e a análise crítica dos seus primeiros 100 dias, embora este ano que tende a ser atípico com a triste expectativa de uma nova onda de Covid-19, além de questões como recuperar o tempo perdido na rede de ensino, é natural que Wladimir precise de mais tempo. A oposição responsável e as críticas, mesmo construtivas, deverão ter mais tolerância porque não há como fazer mágica. ( Leia Editorial “Wladimir e os próximos 100 dias”, página 04).
Confia na equipe, a começar pelo seu vice, o engenheiro Frederico Paes, que se notabilizou como um dos mais jovens e influentes empresários de Campos por trabalho de gestão. Confiou a seu vice, missões importantes como a recuperação da Saúde, expansão do agronegócio, entre outras.
Nesta entrevista exclusiva ao jornal Terceira Via, Wladimir pontuou alguns de seus desafios a partir de tópicos apresentados pelo Terceira Via, mas frisou que tudo será prioridade e acrescentou que tudo será um desafio.
Saúde
Nós tivemos muitas dificuldades para iniciar a transição, foram menos de 20 dias. Isso é inédito, tivemos pouco tempo para ter as informações. É preciso ter os números da prefeitura para fazer o planejamento. Muita coisa a gente só vai ter acesso e conhecer os dados de verdade a partir de 1º de janeiro. Durante toda a campanha eu disse que a gente iria enfrentar uma realidade dura, com muitos desafios, mas estou otimista e motivado. Montamos uma equipe com pessoas capacitadas, experientes e comprometidas com a cidade. A saúde é a nossa maior prioridade, porque envolve a vida das pessoas. O meu vice-prefeito Frederico Paes já está me ajudando muito nesse desafio. Frederico tem experiência de gestão na saúde, reabriu o Hospital Plantadores de Cana, que estava com energia cortada, salários atrasados e transformou ele na maior maternidade do interior do estado. Na saúde, o mais emergente é recuperar os nossos hospitais HGG e Ferreira Machado que foram abandonados, estão caindo aos pedaços e reabrir os postos de saúde. A maioria dos problemas da saúde se resolve na ponta, onde residem as pessoas. Vou implantar de verdade as equipes do Estratégia da Saúde da Família, buscar “dinheiro novo” para equipes com convênios com o Ministério da Saúde. Campos vai ter uma nova central de regulação para tirar os pacientes dos corredores e abrir vagas nos hospitais contratualizados. Queremos já neste primeiro ano criar a Clínica da Criança no PU de Guarus, com atendimento pediátrico para oferecer tranquilidade aos pais que buscam atendimento para os seus filhos. Eu fui deputado federal até dezembro e deixei muitas portas abertas em Brasília. Há verbas para investimento e custeio, convênios com a União e Estado, que dependem de projetos que já estamos fazendo para atrair e captar “dinheiro novo”.
Educação
A gente vai valorizar os professores, com qualificação, com o retorno do calendário de pagamento em dia. É preciso recuperar as creches e escolas, que em sua maioria ficou sem manutenção neste governo. É preciso lembrar que em 2020 Campos ficou com nota zero do Ideb, porque a prefeitura não informou o resultado da avaliação ao Ministério da Educação. Tivemos que ir ao Fundo Nacional da Educação propor uma solução. Para Campos não ficar sem verbas do Fundeb em 2021 vamos informar as notas que não foram apresentadas. Campos perdeu muito por se isolar, não apresentar projetos, não buscar soluções e parcerias. Isso já mudou com a gente na transição: conseguimos com o Governo do Estado a liberação para 2021 de R$ 30 milhões para as obras em escolas e creches. O nosso secretário de Educação, Ciência e Tecnologia, o professor Marcelo Feres, é um quadro técnico muito capacitado, foi Secretário Nacional de Educação e atuou no Ministério da Educação entre 2008 e 2016, foi o responsável por implantar o Pronatec em todo o país. Vamos atuar com parcerias em todos os níveis e, com o professor Marcelo, vamos ter mais uma porta aberta em Brasília, para nos ajudar a Educação de nossa cidade a se tornar uma referência, capacitando os nossos professores para esse novo mundo de ferramentas digitais e eletrônicas, levando tecnologia para as nossas escolas e garantir aos nossos alunos acesso às aulas em um ambiente de aprendizado mais dinâmico e produtivo.
Transportes
O modelo implantado no governo que acabou não atendeu à população, nem às empresas de ônibus, nem aos permissionários legalizados das vans. É um modelo que não serviu, que não gerou benefícios para quem é usuário do transporte público e que precisa que ele funcione de verdade, para trabalhar, para estudar, para o lazer. Desde a campanha e durante toda a transição procurei me reunir com técnicos, com rodoviários, com representantes de empresas de ônibus e permissionários de vans para discutir um modelo emergencial. Vamos adotar um sistema para essa fase inicial, até a construção do modelo definitivo, que funcione de verdade com linhas novas, com respeito a horários e número maior de coletivos e vans disponíveis integrando o município. Campos é a maior cidade em território do Estado do Rio e por isso a questão do transporte público é vital e muito complexa. A cidade tem um trânsito que é caótico, e vamos buscar parcerias, apresentar projetos, atrair investimentos em mobilidade urbana com conceitos mais modernos, com maior agilidade e integração.
Covid-19
Estamos nos reunindo diariamente com equipes da Saúde e de várias áreas para traçar as estratégias de enfrentamento do Covid-19. Nós começamos a trabalhar ainda como deputado federal, trazendo recursos para os hospitais, credenciando novos leitos dos hospitais no Ministério da Saúde. Eu me reuni com minha equipe, me adiantei, tomei providências antes de assumir a prefeitura, conseguindo 20 respiradores para novos leitos de UTI para a Covid. Antecipamos protocolo de intenções para aquisição de vacinas com o Instituto Butantan. Vou buscar mais apoio em Brasília e no Governo do Estado, para trazer recursos, equipamentos, insumos, e vacinas quando elas estiverem disponíveis. Estamos discutindo um plano municipal de vacinação, seguindo as orientações técnicas. A prefeitura vai propor uma campanha de conscientização sobre a Covid, envolvendo toda a cidade, a população, sociedade civil, instituições, veículos de comunicação, criando uma rede para orientar e combater a pandemia.
São muitos desafios e durante a campanha eu falei que não existe milagres e nem salvadores da pátria. Nunca disse que seria fácil, pelo contrário, mas nós vamos encarar os problemas de frente, vamos buscar as soluções, e não ficar apenas apontando pelo retrovisor o que foi feito de errado. Eu sou uma pessoa que acredita no diálogo e é assim, com a construção de parcerias, que a gente vai conseguir administrar Campos. A gente construiu no mandato de deputado federal entrada boa em Brasília e no Governo do Estado e estamos recebendo apoio, tendo retorno dessa interlocução. Na área de infraestrutura, tinha feito um pedido inicial de R$ 5 milhões de emendas para verbas federais, para melhorar a infraestrutura urbana e realizar recapeamento asfáltico, para tapar os buracos das ruas da cidade. E o senador Carlos Portinho destinou R$ 8,5 milhões, acrescentando outros R$ 3,5 milhões. Nós vamos formatar projetos, em busca de mais recursos e de convênios, em áreas como a de melhoria da infraestrutura urbana, para mais saneamento, para novos equipamentos públicos, trazendo melhorias para a população. E reaquecendo a construção civil, um setor que gera empregos, impacta de forma positiva o comércio, serviços, a indústria e a economia de um modo em geral.
Programas sociais
Precisamos saber qual é a real situação da administração, entrar na prefeitura, entender os números reais. E começar a organizar a casa, para planejar nossas ações, cumprir o que prometemos. Mas tem coisas que não dependem de recursos, mas de vontade política e de empatia com o próximo, de cuidado com as pessoas. Fechar o Restaurante Popular, por exemplo, é uma decisão do governo que acabou que não tem sentido, porque custava R$ 200 mil por mês e oferecia um ganho social imenso ao município. Eu vou reabrir o Restaurante esse ano, com apoio do estado, da iniciativa privada ou com recursos municipais. Só a redução de cargos comissionados com o novo organograma que estamos montando vai representar uma economia de cerca de R$ 7 milhões ao ano, o que daria para bancar três Restaurantes Populares, se fosse o caso. Então, é preciso procurar soluções, criar oportunidades na crise com diálogo direto com a população e com parcerias. As pessoas que menos têm recursos são as que mais precisam que os serviços públicos funcionem com qualidade e de verdade. Vamos fazer parcerias com a iniciativa privada, com as instituições, lançando o programa “Campos Solidário”, para gerar alternativas de atendimento. Vamos fazer a busca ativa de pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social, que se encaixem em critérios de elegibilidade para os programas do Governo Federal.