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Reflexos da Covid-19 no paciente analisados por especialista

Médica infectologista considera que pessoas infectadas pelo novo coronavírus têm experiências muito diferentes umas das outras

Saúde
Por Taysa Assis
7 de agosto de 2020 - 15h13

Médica infectologista, Renata Artiles observa a defesa imunológica diante da Covid-19

Após receber o diagnóstico positivo para Covid-19, tendo ou não sintomas e fazendo a quarentena, pacientes ainda tem sentido sensações no corpo que os deixam sem saber o que realmente está acontecendo. Diante desses fatos e novas mudanças de vida, depois de passar por vários dias em isolamento, as pessoas infectadas pelo novo coronavírus podem ter experiências muito diferentes umas das outras. Enquanto algumas apresentam sintomas de resfriado e se recuperam sozinhas, outras evoluem para quadros graves, que podem chegar até a morte. Complicações motoras, cardíacas, respiratórias e mentais podem se manifestar mesmo após um paciente se recuperar da doença causada pelo vírus.

Para conseguir entender o motivo pelo qual isso pode acontecer, a infectologista, Dra. Renata Artiles, explica que, nesse primeiro momento de manifestações sentidas, o corpo lança uma defesa imunológica padrão. Essa defesa atua no combate ao vírus em alguns organismos, mas em algumas pessoas a doença pode evoluir. “É importante saber que o vírus entra no corpo e os nossos sistemas digestivo, cardiocirculatório e pulmonar estão cheios deles, por isso os sintomas e complicações principais da doença envolvem esses órgãos. O vírus entra danificando as células de suporte e afetando os neurônios sensoriais, além de lesionar as papilas gustativas causando uma perda de olfato e paladar. Já a tremedeira e a dor de cabeça estão relacionadas à inflamação dos vasos sanguíneos, pela entrada do vírus nesses lugares. Sabemos que quase 70% das pessoas infectadas pelo vírus apresentam perda de olfato ou de paladar, mesmo quando a infecção é leve”, explica.

Empresário Leonardo Henriques

O empresário Leonardo Henriques, de 45 anos, é um exemplo. Ele passou 14 dias em tratamento após contrair a Covid-19. Foram tempos difíceis e mesmo após a alta, em determinadas situações, é possível observar um certo tremor nas mãos.

“Comecei a perceber algo diferente quando apresentei febre somente durante a noite. No segundo dia de sintoma já procurei um médico. Fiz exames e a tomografia mostrou que 25% dos meus pulmões estavam comprometidos. Depois de dez dias havia subido para 50%. Fiquei cinco dias internado, totalmente isolado. E após o tratamento e a cura, fiquei com tremores nas mãos quando estou nervoso ou faço algum tipo de esforço. Agradeço por estar curado, pois a sensação é horrível”, relata.

Tratamento

A médica ainda detalha como ocorre o tratamento em alguns desses casos, principalmente nas mudanças de perda de olfato e paladar. A especialista reforça ainda que essas sequelas são transitórias e tendem a passar com o tempo após a melhora da doença. Porém, pacientes que apresentam comorbidades estão predispostos a manifestações no corpo mais duradouras que precisarão de acompanhamento médico.

“A perda do olfato e do paladar é transitória, mas no caso de demora para recuperação devemos treinar diariamente para readaptação das funções. O olfato deve ser praticado pelo menos duas vezes por dia, de preferência de manhã e à noite. Relaxe e inspire naturalmente e não cheire com muita força ou por muito tempo. Dez segundos para cada cheiro são suficientes, podemos usar coisas que temos em casa, como: xampu, temperos leves, suco de limão, café. Assim ajudamos o cérebro a se concentrar nessa função. Em relação às repercussões cardiovasculares, a hidratação é fundamental. O retorno das atividades também tende a melhorar a disposição cardíaca do paciente”, orienta Renata.

Comportamento

A infectologista alerta ainda a população em relação a doença, mas principalmente sobre o comportamento prezando o bom senso. “Após meio ano de pandemia imagino que a população já saiba sobre os principais cuidados e deveres que devemos ter. Com a flexibilização e a reabertura das atividades econômicas e sociais tenho percebido uma perda da importância e da preocupação com essas medidas. Ainda temos muitos casos, muitas pessoas expostas e hospitais cheios, por isso é de extrema importância que tenhamos responsabilidade com nossa saúde e com a saúde das pessoas que nos cercam. Isso é amor ao próximo, é ser cidadão. Temos um “novo normal”, e para viver nesses novos tempos precisamos de responsabilidade ética e moral”, declara Renata Artiles.