O momento atual é de luta e a agricultura familiar tem tido papel determinante para enfrentar o coronavírus.
Os dias começam cedo, o trabalho é árduo, muitas vezes os finais de semana e as férias são feitos em escala de trabalho. A dedicação em preparar a terra para o plantio e colheita, faz com que a rotina seja exaustiva, além disso, há ainda a preocupação com o tempo de baixo, de sol e chuva, e com as terríveis pragas. A vida do agricultor familiar não é fácil e ele busca resolver os problemas com trabalho duro e dedicação. A pandemia do novo coronavírus transformou a rotina da população mundial. Contudo, durante esse período, muitas famílias precisam de auxílio para viver. O fechamento de escolas, bares e restaurantes, além de menor circulação de pessoas nas ruas, obrigou esses produtores locais a se reinventarem para superar os novos desafios.
Realidade dos produtores locais
Alguns agricultores estão tendo a garantia da venda do seu produto dentro de grandes redes que foram mantidas abertas, apesar das importantes restrições determinadas. É o caso dos produtores rurais, Roberto Carlos e Taylor Vicente, que há mais de 20 anos comercializam suas mercadorias do hortifrutigranjeiro para a rede SuperBom Supermercados e outras da cidade. Segundo eles, desde o início da quarentena, as vendas tiveram um aumento de 60 a 70% nos primeiros quinze dias.
Com mais de 50 itens variados entre eles, alface, agrião, couve-flor, espinafre, salsa, cebolinha, manjericão e muitos outros tipos, a produção da região atende a uma porcentagem de 40% do consumo local, porém não é o suficiente e por isso precisam buscar parceiros com mix de produtos de outras regiões. Devido ao clima, a nossa região tem um período melhor para a colheita, o que procuramos explorar é sempre a partir do mês de abril, nossa melhor época.
No verão, temos mais dificuldades porque é mais quente, por isso a necessidade de buscarmos esses produtos em regiões vizinhas. O diferencial no nosso atendimento é ter a terra próxima as nossas comercializações, já que o tempo de plantio a colheita é de 60 dias, e da semente até a colheita dura 90 dias, logo podemos atender a demanda de pronta entrega e de forma emergencial. Os outros produtores que comercializam conosco são também de extrema importância para agregar e contribuir com nossa produção”, declara Roberto Carlos Gomes.
O produtor rural ressalta que neste momento de pandemia, novos hábitos estão sendo tomados. “Estamos enfrentando vários desafios, uma realidade preocupante, estamos passando por uma situação atípica, mas com uma perspectiva boa, e darmos seguimento ao nosso trabalho. No momento, estamos tomando as devidas precauções, um novo desafio, mas que estamos enfrentando de forma tranquila, pois o alimento não pode deixar de existir na casa dos brasileiros. Temos que ser responsáveis tanto conosco, quanto com aqueles que atendemos”, relata.
Diferente deles, a produtora rural, Josélia Cavalar, vende seus produtos na feira da roça em Campos há 20 anos. Ela conta que não percebeu a mudança no seu trabalho diário desde o preparo do solo, até a colheita, porém é mais vantajoso vender no varejo, pois sua propriedade oferece o necessário para a sobrevivência da sua família.
“Durante seis dias da semana, o trabalho é intenso. Fazemos a manutenção do solo e o preparo das hortaliças para que assim no dia anterior das vendas, possamos colher e estar com elas fresquinhas para serem comercializadas. O trabalho continua o mesmo, temos que manter o distanciamento e pensar ainda mais na higienização e no manuseio de cada alimento”, informou Josélia.
Auxílio do Governo do Estado
A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento determinou ações para enfrentamento ao coronavírus. Uma delas é a iniciativa para ajudar pequenos produtores rurais durante a pandemia em que uma plataforma virtual oferece a possibilidade de venda online de cestas de frutas, verduras e legumes compradas de pequenos agricultores e entregues direto ao consumir final. A tecnologia é mais uma ferramenta que ajuda a escoar a produção do campo e incentiva a agricultura familiar no Rio de Janeiro.