Profissionais da Educação divulgaram nesta quinta-feira (25) parte do conteúdo de uma carta que será encaminhada ao futuro governador do Rio de Janeiro. No dia anterior, uma plenária foi realizada na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro com a participação de professores da Uenf, IFF, UFF, além de estudantes universitários e representações sindicais. Entre outros temas, a carta pede ao futuro governante do estado que respeite a autonomia das universidades, a aprovação do orçamento na Alerj, a realização de concursos públicos e dos planos de carreiras.
A iniciativa da plenária aberta realizada na Uenf na quarta-feira (24) foi da Associação dos Docentes da universidade (Aduenf). Durante quase duas horas, diversas pessoas puderam se manifestar sobre os desafios que enfrentam na área da educação. O evento foi chamado de “Um dia de luta pela educação pública”. As representantes do Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe), Odisseia Carvalho e Graciete Santana, além da professora Juliana Tavares do IFF destacaram algumas situações enfrentadas nos setores em que atuam. Para a presidente da Aduenf, Luciane Silva, apesar das tensões eleitorais, as instituições e toda a sociedade devem se posicionar sobre os problemas do país. O microfone foi aberto para que os estudantes também se manifestassem.
“Este é um momento importante, particularmente para a cidade de Campos pelos casos recentes de ações do TRE nas universidades. Portanto, estamos aqui exercendo o nosso direito legítimo e democrático de fazer uma discussão que nos interessa intensamente: o futuro das universidades e do serviço público, segurança pública e condições de trabalho que estarão na pauta a partir dos resultados das eleições no estado e no país”, disse Luciane.
A carta direcionada ao futuro governador do Rio de Janeiro foi escrita e assinada pela Aduenf, Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Rio de Janeiro /sessão Campos (Sintuperj) e pelo Diretório Central dos Estudantes da Uenf. Segue, abaixo, parte do conteúdo:
“Um compromisso com a autonomia universitária e o desenvolvimento da região norte-fluminense.
A Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), criada após forte mobilização da sociedade civil, acaba de completar 25 anos. A UENF está sediada na cidade de Campos dos Goytacazes com atividades que se estendem por todo o Estado do Rio de Janeiro. A Universidade do Terceiro Milênio, fundada por Darcy Ribeiro, representa um vetor central no desenvolvimento da região norte- fluminense, do Rio de Janeiro e do país.
Entre as vocações da Universidade criada por Leonel Brizola e concretizada a partir das diretrizes do antropólogo Darcy Ribeiro destacamos a transformação regional. Ao sediar a UENF em uma região marcada pelo cultivo de cana e posteriormente pela atividade petrolífera, não nos dedicamos apenas a produção científica. Trabalhando em regime de dedicação exclusiva, produzimos ciência aliada a percepção da necessidade de uma educação crítica e emancipadora.
A falta de verbas incide diretamente em uma área que deveria atuar próxima da saúde pública no combate a doenças transmissíveis que voltam a assolar nossa população, como a tuberculose, dengue, toxoplasmose entre outras. Um quadro que é antes de tudo reflexo de uma crise sentida principalmente pela população mais pobre.
Esta tarefa nem sempre tem sido realizada com toda sua potência. A cada ano lutamos por recursos e desde 2016, enfrentamos junto com as demais Universidades Estaduais do Rio de Janeiro (UERJ e UEZO) e Fundação Carlos Chagas de Amparo a Pesquisa (FAPERJ) uma crise sem precedentes. Uma crise que tem comprometido a excelência de nosso trabalho. Sem concursos para reposição de vagas de professores e técnicos, sem custeio (comprometendo os serviços de segurança e limpeza) e com o orçamento diminuído, atravessamos o ano de 2017 entre atrasos de salários e bolsas (chegando a meses sem pagamento).
Cobramos do próximo governador do Estado do Rio de Janeiro que respeite a autonomia universitária e o modelo de criação da UENF, com dedicação exclusiva bem como respeite o orçamento aprovado pela Alerj para o custeio das atividades fins de nossa Universidade. Para que este modelo seja viável, para que possamos exercer nossas atividades de ensino, pesquisa e extensão é essencial que possamos realizar concursos para docentes e técnicos administrativos e que nossos planos de carreira sejam respeitados.
Uma vez que as Universidades Estaduais do Rio de Janeiro conquistaram a sonhada autonomia em 2017, nos parece urgente o cumprimento da PEC dos Duodécimos e a reposição de nossas perdas salariais.
Igualmente urgente é a ampliação de assistência estudantil, não só garantindo as bolsas para estudantes cotistas e de iniciação científica, mas também a moradia estudantil, tão necessária em uma cidade de aluguéis caros como Campos dos Goytacazes.
Importa que tenhamos condições de realizar concursos para os setores de segurança e limpeza, minando o avanço da terceirização dentro de nossas Universidades.
Por último, o futuro governador terá o desafio de renegociar o pacote de recuperação fiscal ao qual o Rio foi submetido. Para isto as Universidades serão essenciais como espaços de livre pensar, de defesa dos movimentos democráticos da sociedade civil e de relação contínua com a rede de ensino estadual fluminense para produção de conhecimento.
Associação de Docentes da UENF (ADUENF)
Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Rio de Janeiro /sessão Campos (SINTUPERJ)
Diretório Central dos Estudantes da UENF (DCE UENF)” .