José do Patrocínio (Foto: Reprodução)
Além de conquistarem seus lugares no Pantheon dos Heróis de Campos, os campistas José do Patrocínio e Carlos de Lacerda deixaram seus nomes escritos na História do Brasil, como expoentes da luta pela Abolição da Escravatura, que comemora 130 anos neste domingo (13). Em mais de 300 anos de regime de escravidão no país, estima-se que 5 milhões de negros tenham sido capturados na África e trazidas ao Brasil para trabalhos forçados. Muitos não conseguiram resistir às viagens que podiam durar até dois meses e ficaram no meio do caminho.
No Brasil os escravizados foram destinados ao trabalho nos latifúndios de cana de açúcar, nas minas de ouro e diamantes, nas fazendas de café ou mesmo no trabalho doméstico ao longo dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. O comércio de homens e mulheres africanos ocasionou na morte e no sofrimento de milhões de pessoas. Havia distinção entre os cativos domésticos e os do campo.
José Carlos do Patrocínio nasceu no dia 9 de outubro de 1853. Era filho do vigário João Carlos Monteiro e da sua escrava Justina Maria do Espírito Santo. Cresceu na fazenda do pai, em Lagoa de Cima, mas não teve o reconhecimento de paternidade. Aos 14 anos, foi para o Rio de Janeiro, onde exerceu várias atividades, como jornalista. Fez o curso de Farmácia, formando-se em 1864. Mas para sobreviver, ministra aulas particulares. Patrocínio adoeceu e, em 29 de janeiro de 1905, aos 51 anos de idade, pobre e morando em Inhaúma, subúrbio do Rio de Janeiro, o Tigre a Abolição morreu.
Luiz Carlos de Lacerda (Foto: Reprodução)
Já Luis Carlos de Lacerda, mais conhecido como Carlos de Lacerda, nasceu em 25 de maio de 1853 e morreu no dia 19 de maio de 1897, dias antes de completar 44 anos de idade. Era filho do médico João Batista de Lacerda e teve como irmãos os médicos João Batista de Lacerda e Álvaro de Lacerda, o advogado Cândido de Lacerda e o jornalista Antônio de Lacerda. Jornalista, orador e delegado de polícia, Luis Carlos de Lacerda recebeu do Imperador Pedro II a comenda Imperial Ordem da Rosa, criada em 1829 pelo seu antecessor, Pedro I.
Na cidade, em homenagem ao herói campista, José do Patrocínio virou nome de rua na área central, de escola estadual, além de estátua situada na Praça do Canhão e um busto no Memorial da Câmara Municipal de Campos, onde também há um busto de Carlos de Lacerda. Ele também dá nome a uma rua na área central, assim como a própria data 13 de Maio.
No Pantheon – No local estão abrigados os restos mortais do “Tigre da Abolição” José do Patrocínio e sua esposa Maria Henriqueta do Patrocínio; do jornalista e abolicionista Luis Carlos de Lacerda e do ex-prefeito João Barcelos Martins.
Lei Áurea
Na última década do período imperial brasileiro o contexto era de instabilidade e tensão social. A questão da escravidão era um ponto importante a ser resolvido e vinha, desde meados do século XIX, causando preocupação e a promoção de leis que tentavam adiar uma solução definitiva, como a Lei Eusébio de Queirós, a Lei do Ventre Livre e especialmente a Lei dos Sexagenários, aprovada apenas três anos antes da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel.
Foi votada e aprovada em poucos dias e em 13 de maio de 1888 a escravidão era extinta do país. Com um texto curto, simples e direto, a lei libertava cerca de 700 mil escravos, num país com então 15 milhões de habitantes. O número de escravizados na data não é tão expressivo tendo em vista um grande contingente de libertos já existentes no país.