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Crise reduz as zonas eleitorais

Mudanças já chegaram ao interior do estado do Rio e causarão impacto na eleição em 2018

Política
Por Marcos Curvello
11 de setembro de 2017 - 9h32
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(Foto: Silvana Rust)

O remanejamento de Zonas Eleitorais que vem sendo promovido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro (TRE-RJ) desde maio chegou ao interior no último dia 31. Em Volta Redonda, no Sul Fluminense, a 202ª e 47ª Zes serão incorporadas à 90ª e à 131ª, respectivamente. Já em Nova Friburgo, na Região Serrana, a 81ª ZE será absorvida pela 222ª. O calendário de rezoneamento divulgado pelo órgão ainda não prevê mudan- ças em Campos, que tem sete ZEs, mas elas deverão acontecer, já que a ideia é fazer com que cada ZE tenha entre 100 e 200 mil eleitores — hoje, a média no país é de 80 mil.

Somente no município do Rio de Janeiro, foram extintas 48 das 97 ZEs. De acordo com o TRE-RJ, foram levados em consideração “o agrupamento de zonas eleitorais limítrofes, a priorização de agrupamento de zonas eleitorais localizadas no mesmo imóvel e o agrupamento de zonas eleitorais com manutenção das atuais circunscrições”.

(Foto: Silvana Rust)

(Foto: Silvana Rust)

Alterações começaram a acontecer, ainda, em Petrópolis, na Região Serrana, no último dia 6, e em Nova Iguaçu, na Região Metropolitana, no dia 8. São Gonçalo, também na Região Metropolitana começa a fechar parte de suas ZEs no próximo dia 15. A equipe de reportagem de O Jornal Terceira Via tentou contato com a assessoria de imprensa do TRE-RJ para saber se há planos para a extinção de ZEs em Campos, mas não obteve sucesso até o fechamento da presente edição.

Chancela do TSE

A mudança foi aprovada em março pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e resultará na extin- ção de 72 ZEs em 16 capitais. O objetivo é gerar uma economia estimada em mais de R$ 1 milhão por mês e cerca de R$ 13 milhões ao ano, já que funções comissionadas e gratificações de ZEs extintas não poderão compor o quadro de pessoal do TRE-RJ, podendo ser redesignadas apenas se uma nova ZE for criada. Além de “otimizar recursos”, as alterações deverão “aprimorar o trabalho”, segundo a Corte.

De acordo com a diretora-geral do TRE-RJ, Adriana Brandão, as alterações não vão comprometer o trabalho das equipes nem prejudicar os eleitores.

“O eleitor não precisa se preocupar. Esse remanejamento de zonas eleitorais não vai criar qualquer impacto em alteração de local de votação, os locais de votação continuarão os mesmos. E não há necessidade também de procurar o cartório eleitoral para realizar qualquer alteração”, afirmou, em entrevista concedida ao G1 no último mês de maio.

Porém, eleitores que estejam em situação irregular, deverão consultar o site do TRE-RJ para saber em que cartórios devem fazer as atualizações.

“Como nós estimulamos o agendamento prévio para evitar filas e aguardo no cartório do atendimento, basta que ele consulte o site do TRE-RJ ou entre em contato com a nossa central de atendimento ao eleitor, faça o agendamento e verifique para qual endereço ele tem que comparecer”, explicou Adriana.

Divisão

A mudança dividiu os eleitores ouvidos pela equipe de reportagem de O Jornal Terceira Via. Para a parte deles, avaliação é de que a extinção de ZEs poderá causar “dor de cabe- ça”. Já outros falam em “necessidade”.

Para o funcionário público Diogo Monteiro, de 26 anos, votar em condições normais “já é um problema”. Ele é de Itaperuna, no Noroeste Fluminense, e precisa retornar à cidade natal sempre que há eleições.

“Se houver necessidade de realizar qualquer mudança em meu título de eleitor e precisar, por algum motivo, em Itaperuna para isso, vai ser complicado. Meu horário de trabalho não é compatível com viagens e eu poderia ter dificuldades”, conta.

Já o técnico em informática Samuel Pereira, de 32 anos, afirma que “sente desânimo”. “Diante da situação política em que o município, o estado e o país estão já é tão difícil sair de casa para votar. Uma medida que possa tornar isso mais burocrático só vai acabar de tirar o pouco de ânimo que me sobrou. É triste, mas é isso que a nossa democracia virou”, opina.

Partidário da mudança, o autônomo Samuel Alves, de 31 anos, afirma que economizar dinheiro público em tempos de crise é “vital”. “A hora é de enxugar a máquina e o exemplo do TSE deveria ser seguido por outros órgãos do Judiciário, mas também do Executivo e do Legislativo”, diz. Para ele, a mudança mais importante é a proibição de se remanejar fun- ções comissionadas. “A hora é de cortar tudo o que puder, inclusive pessoal”.

Também favorável à redução do número de ZEs, a professora aposentada Sônia Coutinho, de 70 anos, garante que “o esforço valerá a pena”. “O Estado lida diretamente com o nosso dinheiro e, em uma situação ideal, tudo o que for economizado retorna para a gente em benefício, seja na Saúde, na Educação ou na Segurança. Então, vamos acreditar que se busca o melhor e que esse dinheiro poupado será bem usado.”, finaliza.

Na ponta do dedo

Enquanto isso, São João da Barra se prepara para ter uma eleição na ponta do dedo, em 2018, quando serão escolhidos deputados estaduais e federais, senadores, governadores e o presidente da república. Isso por que o TRE-RJ concluiu no último mês de agosto o cadastramento biométrico obrigatório dos 37.569 eleitores do município. A medida incluiu aqueles para os quais o voto é facultativo, como os menores de 18 anos, os maiores de 70 anos e os analfabetos.

Biometria em SJB

O sistema com leitor biométrico identifica as impressões digitais e impede que alguém vote no lugar de outro eleitor, ou mesmo que utilize um documento falso de identidade para tirar o título, já que cada pessoa possui impressões digitais únicas. Em Campos, o cadastramento também acontece, mas não é obrigatório.