A obrigatoriedade de refazer o imóvel exatamente do jeito que ele era, é um complicador a mais, já que tem encarecido a obra, que começou ainda em 2012. O maestro regente e presidente da Lira de Apolo, Ricardo de Azevedo, conta que os recursos para a reconstrução do prédio vêm somente de dois aluguéis que a entidade possui no Centro Histórico de Campos. Por isso, a obra não tem previsão de terminar.
Só a reconstrução do assoalho ficou por R$ 30 mil. “Este é um prédio histórico, tombado, e, por isso, não podemos empregar qualquer tipo de material em sua reconstrução. Temos que seguir fielmente o modelo original. O telhado, por exemplo, era de telha francesa. Tivemos que mandar fabricá-las, pois não a encontramos mais no mercado. As construções atuais são feitas de telha colonial. Compramos mais de três mil telhas francesas”, esclareceu.
O imóvel tem duas torres e uma acabou de ser concluída. No entanto, ainda falta uma lira de metal que ficava em seu topo. “Precisaremos trazer um profissional de Belo Horizonte para fazer o orçamento, pois não encontramos quem fizesse esse trabalho tão específico aqui na região”, comentou. O próximo passo será refazer a escadaria, cuja madeira veio da cidade de Santarém, no estado do Pará. “Demorou, mas o material já está conosco. Se Deus quiser, depois do dia 30 começaremos a reconstrução da escada”, comemorou o maestro.
A Sociedade já conseguiu concluir o telhado, a estrutura metálica do prédio, a laje, o assoalho e uma das torres. No entanto, segundo Ricardo ainda há muito que colocar no lugar. “Como sobrevivemos de dois alugueis, nós juntamos o dinheiro e contratamos parte da obra. De pouco a pouco vamos reconstruir esse patrimônio de nossa cidade”, garantiu.
O projeto de restauração tem à frente o arquiteto Humberto das Chagas Neto e conta com a parceria do curso de Arquitetura do Instituto Federal Fluminense. “Eles têm sido nossos parceiros”, disse o maestro.
Doações
Contribuições podem ser feitas em nome da Sociedade Musical Lira de Apolo pelas seguintes contas correntes: Banco Itaú – agência 0463, conta 20.944-5; e Caixa Econômica Federal – agência 3239, conta 940-0.
História da Lira de Apolo
A Sociedade Musical Lira de Apolo foi fundada em 19 de maio de 1870. Mas o prédio histórico começou a ser construído em 1912, com a contribuição de seus associados e da população campista. De características ecléticas, o imóvel revela em seus adornos o amor e a paixão de seus associados pela música. Os trilhos de trem usados como ferragens nas construções foram trazidos da Estrada de Ferro Leopoldina.
As pedras para o alicerce foram carregadas do Rio Paraíba do Sul às escondidas da polícia. A inauguração festiva aconteceu em 1914, quando a Lira de Apolo entregou à cidade a construção que hoje faz parte de seu patrimônio. Para manter o quadro de músicos, a Sociedade oferece aulas gratuitas de instrumentos de sopro e percussão. “As aulas são abertas a qualquer um com vontade de aprender e paixão por música e acontecem no próprio prédio, de segunda a sexta, das 16h às 19h, e nas quartas, sextas e sábados, das 9h às 12h”, finalizou Ricardo de Azevedo.