Integrantes do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em Campos estão promovendo uma campanha para que a presidência do partido seja escolhida por meio de eleições diretas. Segundo os participantes do movimento intitulado “Diretas Já”, há mais de 20 anos não ocorre eleição com mais de uma chapa e a atual presidência estaria sido mantida por meio de uma “comissão provisória” nomeada pela Executiva Estadual. O grupo que idealizou o movimento afirma que vem ocorrendo no município uma “incoerência política e moral”, já que o partido tem em seu nome o conceito da democracia, mas não o aplicaria na escolha de seus dirigentes. Com o objetivo de ampliar o debate, esse grupo produziu um vídeo (confira abaixo) “na tentativa de sensibilizar as instâncias superiores do partido para realização das eleições internas” e compartilhou nas redes sociais. Para o atual presidente do partido em Campos, Robson Colla, os argumentos expostos pelo grupo “não são verdadeiros”.
Esse grupo de filiados decidiu montar uma chapa para disputar a eleição e teria cumprido “todos os requisitos expostos no site do PSDB-RJ”, no entanto, a direção municipal não teria respeitado o prazo para a convocação das Convenções Partidárias 2017 em municípios de 500 mil eleitores — caso de Campos dos Goytacazes — que seria até o dia 4 de abril. A partir disso, esse mesmo grupo afirmou que decidiu acionar as instâncias superiores do partido por meio de um requerimento de recurso e solicitação para realização das Convenções Partidárias 2017 em Campos. O documento foi enviado diretamente para o presidente estadual do PSDB, Otávio Leite, alegando a ocorrência do “descumprimento das normativas partidárias”, mas não obtiveram resposta.
Eles então procuraram a equipe de reportagem do Jornal Terceira Via e alegaram que a Executiva Estadual do partido estaria “ignorando o caciquismo” ao manter o mesmo grupo dominante há duas décadas. “Não só a cidade de Campos dos Goytacazes, mas diversas outras no Estado do Rio de Janeiro, também passam pelo mesmo problema. Os feudos locais relutam em passar o bastão e se perpetuam no poder há anos a fio. Basta conferir no site do TSE que a maioria das cidades fluminenses possui Comissão Provisória ‘ad eternum’”, declarou o grupo.
Um dos integrantes desse movimento, Luiz Paulo Gama, disse que a nova chapa “não acredita no modelo adotado pela atual gestão” e que, atualmente, “não existe diálogo entre o diretório municipal e os integrantes do partido”. “Primeiramente, a comissão provisória deveria se manter no poder por apenas 120 dias, mas ela está à frente do PSDB Campos desde 2015. Em segundo lugar, essa chapa atual não parece estar preocupada com o bem comum porque, quando os procuramos para esclarecer dúvidas e acrescentar com sugestões, ninguém nos atendeu. Para se ter uma ideia, precisamos registrar nossa chapa no diretório do Rio de Janeiro, porque em Campos não fomos atendidos. Isso inviabiliza o processo democrático de direito e vai contra às ideias fundamentais do partido”, afirmou Luiz Paulo.
O grupo também comentou as polêmicas envolvendo o PSDB nos últimos anos. Segundo eles, o partido fez “alianças políticas equivocadas” e, por esse motivo, foi citado na Operação Chequinho por meio do vereador Ozéias e do suplente Geraldinho Santa Cruz.
Sempre respeitando o princípio do contraditório, a equipe de reportagem do Terceira Via entrou em contato com o atual presidente do partido em Campos, Robson Colla. Por telefone, ele informou que essas informações à respeito da falta de democracia por parte do PSDB “não são verdadeiras”.
“A escolha dos membros do diretório municipal do PSDB sempre foi feita por meio de eleições. Nas últimas duas convenções, quem ganhou foi Geraldo Coutinho com chapa única porque ninguém mais se interessou em se candidatar. Em 2015, findado o mandato dele, o presidente estadual, Otávio Leite, montou uma executiva provisória porque o PSDB não atingiu o coeficiente necessário de deputados nas eleições, mas é o diretório estadual quem determina quando a executiva provisória deve sair. A próxima convenção já está marcada para março do ano que vem, mesma data das eleições estaduais e nacionais e, em nome do diretório municipal, afirmo que a participação de outras chapas faz parte do princípio democrático que, por sua vez, sempre foi respeitado pelo PSDB. Só espero que essas pessoas que se colocam como candidatos participem efetivamente do dia-a-dia do partido, porque atualmente isso não ocorre. Eu vou passar o bastão, estou me aposentando da política, mas eu torço para que o PSDB esteja nas mãos de quem está, de fato, comprometido”, concluiu.
Veja o vídeo criado pelo movimento “Diretas Já”:
https://www.youtube.com/watch?v=oxa9Idr-gVw