Algo inusitado vem acontecendo dentro do Conjunto Habitacional Morar Feliz do Parque Santa Clara, em Guarus. Há pouco mais de um mês, o terreno onde estava sendo construída a creche-escola modelo está servindo de moradia para pelo menos 10 famílias. Para se ter uma ideia, os invasores fizeram uma ligação clandestina de energia elétrica no local (o popular “gato”), na última terça-feira (21) um caminhão com móveis e utensílios domésticos foi descarregado no local e nesta quarta (22) instalaram uma antena parabólica. A população lamenta o ocorrido porque, se antes a creche estava com 80% da obra concluída, agora encontra-se depredada pelos “novos residentes” e outros saqueadores.
A creche-escola estava sendo construída na Rua Profeta Jeremias, antiga Rua 15, no interior do condomínio popular. A obra, orçada em R$ 552.984,28 e executada em parceria entre a Prefeitura de Campos e o Governo Federal, vinha se arrastando há cerca de cinco anos, mas faltava pouco para ser entregue à população. Nos últimos meses, restavam apenas os retoques finais; no entanto, os moradores da área não contavam com o que viria a seguir: revoltados devido à falta de pagamento, que deveria ter sido quitado pela antiga gestão municipal, operários contratados por meio de Recibo de Pagamento Autônomo (RPA) destruíram a cerca de proteção instalada ao redor da obra. A partir disso, pouco foi o que restou da tão sonhada creche.
Saqueadores aproveitaram a abertura da cerca e a carência de vigias na área, e arrancaram os pisos e roubaram tijolos, fechaduras e outras ferramentas utilizadas na obra. Como se a situação já não estivesse caótica o bastante, famílias, na esperança de serem contempladas com uma casa popular, decidiram invadir a obra e fazer dela seus lares: todas as salas da creche servem hoje de quartos para esses invasores. E pior: já estão construindo “puxadinhos” para abrigar ainda mais famílias. Além disso, a área externa da creche tornou-se ponto de tráfico de drogas e prostituição, o que gera pavor e indignação naqueles que residem perto dali.
As informações e as fotografias utilizadas nesta reportagem foram divulgadas por um morador do Parque Santa Clara que preferiu não se identificar, mas que confessa estar temeroso do que pode vir a ocorrer devido à falta de segurança no local. “Além de perder a creche, que seria útil para muita gente, nós moradores ainda nos sentimos inseguros porque não conhecemos as pessoas que invadiram a obra. Algo precisa ser feito com urgência, antes que a situação se torne irreversível”, declarou.
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Na ocasião em que as obras estavam sendo executadas, a antiga gestão do Governo Municipal garantiu que a creche-escola do Morar Feliz do Parque Santa Clara iria contar com laboratório de informática, salas de leitura, de repouso e administrativas, cozinha, lactário, vestiários, fraldário, brinquedoteca, biblioteca, refeitório, consultório médico, banheiros feminino e masculino adaptados, além de área de serviço e playground.
Após a denúncia, a equipe de reportagem do Jornal Terceira Via entrou em contato com a Superintendência de Comunicação Social da Prefeitura de Campos a fim de inteirar o governo da atual situação e, dessa forma, buscar uma solução para o problema. Por e-mail, a Secretaria de Educação, órgão responsável pela obra da creche-escola modelo do Parque Santa Clara informou que “está sendo programada uma ação da Prefeitura em conjunto com os órgãos de segurança nos próximos dias para resolução das questões no local”. Quanto à conclusão das obras da creche, a secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana informou que “se encontra em período de auditoria, em cumprimento ao decreto 02/2017” e, por esse motivo, “está na fase de análise da viabilidade das intervenções do município”.